Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) indica que 67,5% das famílias brasileiras estão endividadas. O recorde histórico, registrado em agosto deste ano, é o maior desde 2010. Falta de planejamento financeiro e hábitos pouco saudáveis do consumidor estão entre os fatores que contribuem para o descontrole do orçamento familiar e, consequentemente, para que a conta bancária feche no vermelho no fim do mês.
“A ausência de organização financeira tem um peso significativo nas dívidas acumuladas pelas famílias brasileiras”, destaca Marco Tejeda, gerente da agência da Sicredi Iguaçu PR/SC/SP, em Campinas. A falta de planejamento, ressalta o especialista, vem acompanhada de gastos desnecessários no dia a dia. Tejeda cita como exemplos a falta de atenção com datas de vencimento discriminadas nos boletos, que podem levar a cobranças de multas e juros, e o pagamento de outras taxas, além das compras desnecessárias.
O especialista aconselha que qualquer decisão de gasto venha acompanhada de uma reflexão. “Devemos saber identificar o que precisamos realmente comprar, e o que não necessitamos e consumimos sem precisar. Pode parecer óbvio, mas esse é um dos principais motivos do descontrole financeiro”, afirma.
No levantamento realizado pela CNC, o cartão de crédito é apontado como a principal modalidade de endividamento (77,8%), seguida dos carnês (17,3%) e do financiamento de veículos (10,6%).
Um erro bastante comum do consumidor quanto ao uso do cartão de crédito, exemplifica Tejeda, é o lançamento de várias compras a serem parceladas em um mesmo período. “Embora represente uma facilidade para adquirir produtos ou pagar por um serviço, o cartão de crédito precisa ser utilizado com planejamento”, reforça o especialista da Sicredi.
Tejeda lista cinco situações nas quais as famílias mais se endividam. Veja quais são:
1 – Uso excessivo do cartão de crédito, com muitos parcelamentos simultâneos.
2 – Uso do cheque especial, como se o limite fizesse parte do orçamento mensal.
3 – Compra de produtos em promoção, sem que haja necessidade.
4 – Idas frequentes ao mercado. Recomenda-se a ida uma vez por semana, com a lista de compras em mãos, evitando supérfluos.
5 – Gastos excessivos em lazer, como baladas, festas e eventos.
Marco Tejeda recomenda que o consumidor analise os custos fixos, como TV a cabo, internet e celular, e tente negociar com as operadoras. Caso consiga um desconto, destine esse valor e parte da renda para uma reserva financeira, investindo em poupança, por exemplo. Outra dica é diferenciar a necessidade da vontade de comprar. “A família deve entender que existem muitos gastos desnecessários e que um valor pequeno por mês pode representar muito no longo prazo. Além disso, é preciso tornar mais comum o ato de poupar, que é um princípio de uma educação financeira que traz várias vantagens ao consumidor. Um dos benefícios é justamente evitar que se entre na preocupante estatística de endividamento no Brasil e que passe por momentos difíceis, como uma demissão, por exemplo, com mais tranquilidade”, finaliza.