Com o objetivo de apoiar a potência de uma nova geração de empreendedores das periferias do Sudeste e Sul do Brasil, a Articuladora de Negócios de Impacto da Periferia (ANIP) anuncia a segunda edição do Lab NIP, um programa de aceleração de curta duração gratuito. Resultado da coalizão de A Banca, Artemisia e FGVcenn, a proposta é selecionar até 30 negócios para sete semanas de aceleração; os aprovados receberão uma bolsa-auxílio no valor de mil duzentos e cinquenta reais. Ao final do processo, as seis empresas com melhor desempenho vão receber um capital-semente de R$ 15 mil e uma aceleração de seis meses a ser conduzida pelo Emperifa – pioneiro e especialista em gestão da criatividade, que possui foco em negócios periféricos da indústria criativa. O Lab conta com o apoio da Fundação Arymax, Fundação Tide Setúbal, Fundação Casas Bahia, do Instituto Humanize e AZ Quest. Inscrições até 31 de março de 2021 pelo site https://impactosocial.artemisia.org.br/lab-nip.
Segundo DJ Bola, presidente-fundador da A Banca e um dos idealizadores da Articuladora de Negócios de Impacto da Periferia, o segundo ano do Lab NIP será norteado, como em 2020, por compartilhar inspiração, capacitação, articulação de investimentos e de apoios distintos aos negócios periféricos – sempre dentro da perspectiva de uma atuação mais abrangente da ANIP. “Nosso tom de voz é de abundância, algo novo quando se fala em empreendedorismo periférico e na vivência nas quebradas. Queremos trazer luz ao crescimento das iniciativas, pontuando uma narrativa de coalizão que está a serviço do empreendedor. Essa é uma conversa nova dentro das periferias, porque por longos anos estivemos imersos em discursos de escassez”, afirma Bola.
Maure Pessanha, diretora-executiva da Artemisia, destaca que a segunda edição do Lab NIP tem por objetivo auxiliar os empreendedores das periferias do Sudeste e Sul do Brasil, por meio do fortalecimento do capital humano e social e do acesso a ferramentas e conhecimentos do universo de empreendedorismo de impacto. “Tudo é pensado para criar pontes dentro e fora das periferias”, afirma a executiva, acrescentando que a iniciativa dialoga com a estratégia de inclusão produtiva, conceito que se refere à inserção qualificada de pessoas – em situação de vulnerabilidade econômica – no mundo do trabalho, ou seja, iniciativas e políticas públicas voltadas à diminuição da exclusão social e ao aumento da produtividade do país.
“Presente no âmbito internacional e nas ações governamentais e de fundações filantrópicas, essa reflexão emergiu da compreensão do quanto o aumento do nível de renda é fundamental para a redução da pobreza e para a inclusão social”, afirma, acrescentando que a meta da edição 2021 é incluir – respeitando a seleção territorial do programa – iniciativas de quilombolas e ribeirinhos. “É importante ressaltar que o Lab NIP busca endereçar diferentes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.
Edgard Barki, coordenador do FGVcenn, ressalta que esse movimento tem o objetivo de aprofundar o olhar para a periferia e aumentar o protagonismo local. “Queremos identificar e apoiar as inovações sociais que emergem das periferias e podem contribuir com um olhar mais inclusivo para os negócios”, afirma, reforçando que é preciso ampliar a rede de apoio aos negócios para fortalecer essas inovações.
LAB NIP | Para além de uma aceleração do negócio
Participante da primeira edição, Fábio Silva – empreendedor da Reciclo Beleza Sustentável – aponta que a experiência foi fantástica, sobretudo porque a aceleração aconteceu no momento de avanços do negócio em meio ao contexto da pandemia. “A aceleração nos deu tranquilidade e nos ajudou a corrigir nossas ações de marketing digital e melhorar a pesquisa e o trabalho”, pontua Silva. Na visão de João Guedes, do Emperifa, a aceleração foi muito significativa. “Aconteceu quando estávamos redefinindo o nosso planejamento; os conteúdos aplicados e as mentorias nos auxiliaram muito nesse processo”, salienta.
Na percepção dos empreendedores Diogo Bezerra da Silva e Diego Luiz dos Santos, da PLT4WAY, o Lab NIP trouxe coragem e esperança para o negócio, principalmente, pela construção dos últimos anos – e a necessidade de desconstrução. “Foram semanas desafiadoras, pois queríamos nos desenvolver, de fato, aproveitando ao máximo o conhecimento a que estávamos tendo acesso. Colhemos resultados e já conseguimos atingir uma visão necessária para continuar”, enfatiza. Leonardo Pereira dos Santos, empreendedor da Escola de Notícias, ressalta que a participação trouxe o negócio para um lugar mais sistemático, prático e metodológico. “Há alguns anos, tenho focado mais no impacto e deixado aspectos do negócio em segundo plano. Na aceleração, enxerguei a importância gigantesca de me reconhecer como empreendedor, ou seja, se antes me via como gestor de projeto, passei por uma mudança comportamental que me trouxe um leque de possibilidades pessoais para contribuir; posso trazer criatividade, por exemplo, para áreas que não tenho tanta intimidade, como logística”, afirma.
A empreendedora Camila Andrade Vaz – que também lidera a Escola de Notícias – aponta que a escolha de entrar no programa era, inicialmente, norteada pela ideia de participar de um processo com pessoas com contextos periféricos e capazes de trazer provocações a partir de uma vivência similar. “Foi tudo isso e um pouco mais. O que mais forte ficou é o fato de nos reconhecermos como uma rede potente e habilidosa; pessoas e projetos que vivenciaram coisas parecidas, anseios, conquistas e dúvidas dentro de uma periferia. Eu me senti muito acolhida do começo ao fim, sabendo que havia um olhar extremamente cuidadoso para tudo, seja quando traziam referências de igual para igual, seja na troca com a rede de empreendedores”, finaliza.
Inscrições e critérios de seleção
Estão credenciados a participar do processo de seleção do Lab NIP empreendedores das periferias do Sudeste e Sul do Brasil, que tenham produtos ou serviços com potencial de gerar impacto social ou ambiental positivo. Com encontros on-line, o programa trará conteúdos diversos sobre o universo do empreendedorismo, além de conexões com especialistas. O objetivo é fortalecer quem está criando negócios inovadores nas periferias para que possam avançar mais rapidamente. O programa é gratuito e conta com a metodologia de aceleração de curto prazo desenvolvida pela Artemisia – organização pioneira no apoio a negócios de impacto social no Brasil. Serão selecionados até 30 negócios de impacto, que receberão uma bolsa-auxílio de R$ 1.250,00 ao final do programa. As seis empresas que tiverem maior engajamento e desempenho ao longo do processo poderão receber um capital-semente de R$ 15 mil, além do apoio individualizado de seis meses conduzido pelo Emperifa.
Entre os critérios de seleção, empreendedores que estejam em busca de apoio para desenvolver o negócio e ampliar o impacto socioambiental de sua solução. É preciso já ter um produto ou serviço desenvolvido; só a ideia não conta. Toda a metodologia do Lab NIP foi planejada para apoiar quem já está nessa jornada empreendedora e tem intenção de gerar transformações positivas.
As inscrições podem ser feitas até 31 de março de 2021 pelo site impactosocial.artemisia.org.br/lab-nip, e os selecionados serão comunicados até 15 de abril. O programa será conduzido de maio a junho de 2021 e o apoio individual concedido aos destaques acontece de julho a dezembro.
A BANCA | A Banca nasceu como um movimento juvenil no final da década de 1990, quando o Jardim Ângela era o lugar mais violento do mundo. Em 2007, passou pelo processo de aceleração da Artemisia; em 2008, estruturou-se juridicamente, tornando-se uma associação. Desde o início de suas atividades, A Banca já realizou mais de 130 eventos gratuitos em espaços públicos da cidade de São Paulo, nos quais se apresentaram 120 grupos musicais, beneficiando diretamente 45 mil pessoas. Atuou com mais de 25 escolas públicas e privadas, oferecendo intervenções educacionais através da cultura Hip-hop e da Educação Popular. Foi a pioneira em fazer conexões de impacto, em busca de romper as barreiras invisíveis culturais, sociais e econômicas com pessoas de diferentes realidades na cidade de São Paulo.
FGVcenn | O Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios (FGVcenn) foi criado em junho de 2004 com a missão de ser um gerador de conhecimento em empreendedorismo no Brasil, construindo uma cultura empreendedora na Fundação Getulio Vargas e contribuindo para impulsionar o ecossistema de empreendedorismo no Brasil. Para isso, o Centro reúne pesquisadores de formações diversas para estudar e propagar conhecimento sobre empreendedorismo de forma multidisciplinar, independente e de acesso público. O FGVcenn é reconhecido como um centro de excelência sobre empreendedorismo e realiza uma série de eventos, workshops, congressos e pesquisas, a maioria deles oferecida gratuitamente a um público interno e externo à FGV.
ARTEMISIA | A Artemisia é uma organização sem fins lucrativos, pioneira na disseminação e no fomento de negócios de impacto social no Brasil. A organização apoia negócios voltados à população em situação de vulnerabilidade econômica, que criam soluções para problemas socioambientais e provocam impacto social positivo por meio de sua atividade principal. A missão da organização é identificar e potencializar empreendedores(as) e negócios de impacto social que sejam referência na construção de um Brasil mais ético e justo. A organização já apoiou mais de 500 iniciativas de todo o Brasil em seus diferentes programas, tendo acelerado intensamente mais de 180 negócios de impacto social. Fundada em 2005, a organização possui atuação nacional e escritório em São Paulo. www.artemisia.org.br