O Museu da Língua Portuguesa, localizado na estação da Luz, em São Paulo, reabre no dia 31 de julho suas portas ao público após 5 anos. Desde que sofreu um incêndio em dezembro de 2015, o local passou por uma grande reconstrução e reforçou suas medidas de proteção.
A fim de manter o local o mais seguro possível para os colaboradores e visitantes após a reabertura, o Museu elaborou um projeto detalhado de medidas de segurança contra incêndio. Com atuação da Associação Brasileira de Sprinklers (ABSpk), uma das principais providências tomadas foi a adoção de sprinklers, conhecidos como ‘chuveiros automáticos’, um dos mais eficientes no controle de incêndios, pois combate as chamas ainda no início, evitando que o fogo se alastre no estabelecimento.
A inclusão deste sistema foi recomendada pelo próprio Corpo de Bombeiros como um sistema complementar, já que, pela legislação vigente, este sistema não era obrigatório devido à tipologia da edificação.
Desde o início da reforma, a ABSpk ofereceu apoio e atuou no processo de revisão do projeto, desenvolvido por projetista especializado, bem como na fiscalização da obra durante a execução do sistema de sprinklers. Para tanto, foi firmada uma parceria entre a ABSpk e a Fundação Roberto Marinho, responsável pela reconstrução do Museu em parceria com o Governo do Estado de São Paulo.
“A ABSpk supervisionou, voluntariamente, o projeto e instalação dos sprinklers por entender a importância do sistema de proteção em qualquer edificação, reafirmando o comprometimento com a preservação de vidas e patrimônio”, afirma Marcelo Lima, associado da Instituição pela FM Global.
Custando o total de R$ 81,4 milhões, as obras de recuperação foram entregues em dezembro de 2019. Em março do ano passado, pouco antes de o estado de São Paulo entrar em quarentena, o museu chegou a reabrir para visitas educativas. Agora, reabre com todos os cuidados necessários a fim de combater a disseminação do novo coronavírus.
“Realizamos um trabalho minucioso de auxiliar o Museu no que se refere ao projeto de instalação e verificação dos sprinklers. Após receber o projeto inicial, nós montamos um time de especialistas da ABSpk altamente qualificados, que avaliaram todos os detalhes e alternativas para que as instalações fossem executadas da forma adequada. Desde o início da obra, uma vez por mês, nossa equipe compareceu ao local para verificar o andamento da execução do projeto e, assim, indicar possíveis revisões e adequações em campo”, explica Felipe Melo, presidente da ABSpk.
“A parceria com a ABSpk é essencial para garantir que teremos um sistema de combate a incêndio por chuveiros automáticos instalado totalmente em consonância com as normas e as melhores práticas. Nossa preocupação com a segurança do projeto está acima das obrigações legais exigidas pela legislação, destaca Larissa Graça, gerente do projeto pela FRM.
Segundo Marcelo Lima, engenheiro e associado da ABSpk que esteve a frente da execução do projeto no Museu, há uma ideia errônea de que os sprinklers possam danificar o acervo de obras-de-arte, no entanto incêndios causam danos ainda maiores e muitas vezes irreversíveis.
“Temos no Brasil um triste histórico de incêndios em patrimônios históricos. Como exemplo temos os casos de fogo no Museu Nacional, no Liceu de Artes e Ofícios, no Memorial da América Latina e o próprio Museu da Língua Portuguesa, todos estes locais foram grandemente afetados destruídos. Podemos até reconstruir o prédio, mas ainda assim continua sendo uma perda para a humanidade”, completa Marcelo.
Incêndio ocorrido em 2015
Em 21 de dezembro de 2015 um incêndio de grandes proporções atingiu o Museu da Língua Portuguesa acometendo grande parte do local, que tem três pavimentos e uma área de 4,3 mil m².
Segundo o laudo do Instituto de Criminalística (IC), o fogo foi causado por defeito em um dos holofotes do prédio na região central da capital e ocasionou a morte do bombeiro civil Ronaldo Pereira da Cruz após sofrer uma parada cardiorrespiratória. Ele atuava como bombeiro do museu.
Após o incêndio do Museu da Língua Portuguesa, outros locais com patrimônio histórico também implantaram ou estão implementando o uso do sistema de proteção por reconhecerem que é o modo mais eficaz no combate a incêndio, tais como Museu do Ipiranga, em sua atual reforma, Museu de Imagem e Som e Museu na Nacional, ambos no Rio de Janeiro.
Além do presidente da Associação e de Marcelo Lima, participaram da equipe os especialistas Aline Correa (FM Global), Eduardo Freitas (Tecnofire), Raquel Aline Rizzatte (Ipê Consultoria) e Ricardo Shirakawa (CTK Projetos).
Sobre a ABSpk
A Associação Brasileira de Sprinklers, fundada no início de 2011, nasceu com o objetivo básico de fomentar o uso de sprinklers no mercado nacional. Sua função é promover a discussão, bem como implementar ações, no intuito de que todo sistema de sprinkler, projetado, instalado e mantido, no Brasil, seja tratado de maneira técnica, profissional e ética, uma vez que riscos à vida e ao patrimônio estão diretamente relacionados à correta implementação de equipamentos nos diversos tipos de empreendimentos e finalidades/uso da área protegida.