Comungar, partilhar e se unir nas ancestralidades: esses são alguns dos pilares de E(s/x)tirpe – Encontro Para Celebração e Rito, um festejo teatral, popular e ritualístico na forma de um festival bienal criado pelo grupo de teatro Contadores de Mentira, que há 25 anos cria e desenvolve arte. O evento, que está na 4ª edição, começou em 2014 e não foi realizado em 2020 devido à pandemia do coronavírus. Toda a programação será gratuita e exibida no canal do Youtube Contadores de Mentira, com algumas ações previstas também no instagram @contadoresdementira. E(s/x)tirpe ocorre de 13 a 29 de agosto e tem a programação detalhada no site www.festivalesxtirpe2021.com.
“É um encontro que se apresenta como um festival, mas que em seu desenrolar se mostra um grande e único ato performático de poesia e explosão”, contam Daniele Santana e K-iqui Calisto, integrantes do grupo Contadores de Mentira. Segundo eles, o alinhamento do festival se dá por uma dramaturgia cuja base é a memória, ruptura e assentamento de resistência cultural. “É um rito onde se reúnem apresentações que possuem identidade nas margens onde são produzidos. Grupos que criam contágios em seus territórios”, definem. A ideia é convidar artistas que dialogam, em suas obras, com a antropologia teatral – um ato provocativo no contexto político e social que enfrentamos.
A cada realização, o festival se torna mais latente e maior, com participação de artistas e coletivos de diversas cidades do Estado e do país, além de participações internacionais. Neste ano, o tema do E(s/x)tirpe será Ode aos Profanos, uma espécie de rito para celebrar a resistência de milhares de pessoas que, em seus contextos, defendem suas crenças de igualdade, pluralidade e liberdade. “O grupo quer dançar para os encantados, brindar a gargalhada, os corpos, a utopia. Criar um espaço de acolhida e respeito a todas as pessoas que se foram e aquelas que neste momento sentem a dor do corte”, dizem Daniele e K-iqui.
O festival está dividido em três atos: Corpo Ausente, Preservação dos Sentidos e Ode Aos Profanos. Cada ato é composto por obras que, em seu cerne de pesquisa, linguagem e ou estética, são atravessados por estes temas. Além das apresentações, os atos também trazem espaços de aprendizado por meio de oficinas e palestras de artistas que se relacionam também com estes aspectos temáticos.
Os atos são compostos por apresentações artísticas e ações formativas, como oficinas e palestras. Essas ações também estão divididas em três frentes: Micro performances, Inserções poéticas e Ritos, criados pelos Contadores de Mentira.
Micro performances – reúne artistas e fazedores culturais de variadas linhas da arte num desafio de criar uma proposição artística em vídeo com o tema do festival em apenas 59 segundos. Trata-se de um suspiro poético em meio ao grande mar de ações. Esta ação recebeu o nome de ARRISCA e vai ser exibida pelo Instagram.
Inserções Poéticas – artistas de outras partes do mundo em um desafio de criar um “rito” em formato audiovisual. Em todas as edições do festival, o grupo cria grandes banquetes artísticos onde artistas, grupos e público são envoltos numa atmosfera ancestral de cantos, danças, declamações, comida, bebida, teatro e vida emaranhados num único espaço e tempo. Como a edição atual será realizada de forma digital, os grupos foram convidados a criarem, em seus territórios, as possibilidades de ações que possam revelar um pouco desta mesma atmosfera antes criada presencialmente.
Ritos cria demarcações, contestações, vitalidade e transcendência. Respeitando o contexto atual de pandemia, a ideia é marchar desde Suzano até a nascente do rio Tietê, somando assim mais de 550 mil passos, número equivalente à quantidade de brasileiros mortos até agora em decorrência do coronavírus. O percurso será realizado em três dias e, na trajetória, o grupo deixará pequenos atos poéticos pelas ruas, casas e mata.
Destaques do Festival
A programação completa de E(s/x)tirpe está disponível por meio do site www.festivalesxtirpe2021.com, onde é possível conhecer as 50 atividades previstas. Alguns dos destaques são o espetáculo teatral Desmontagem Meierhold, do grupo Ói Nóis Aqui Traveiz, de Porto Alegre, no dia 18/8, quarta-feira, 20h; Baile Baião, de Helder Vasconcelos, de Recife, no dia 22/8, domingo, 21h; e a apresentação Manifesto, da cantora, compositora e percussionista pernambucana Alessandra Leão no dia 29/8, sábado, 20h.
Entre os destaques internacionais estão Adiós Ayacucho, do grupo Yuyachkani, do Peru, no dia 15/8, domingo, às 20h; Ñaque Historias de Piojos Y Actores, do Ensamblaje Teatro, da Colômbia, dia 19/8, quinta-feira, às 20h; e A Vida Crônica, do grupo dinamarquês Odin Teatret, no dia 28/8, sábado, às 20h. Entre as oficinas, destaca-se Que vantagem tem o teatro, em contextos de desvantagem?, do diretor e escritor colombiano Jorge Romero Mora no dia 20/8, sexta-feira, às 11h.
Entre as palestras, destacam-se Sobre o Corpo Ausente, do diretor, pesquisador e membro fundador do Grupo Cultural Yuyachkani Miguel Rubio (Peru) no dia 14/8, sábado, às 19h; e A Preservação dos Sentidos, de Tiche Viana (Campinas/SP) no dia 23/8, segunda-feira, às 20h.
SERVIÇO
E(s/x)tirpe – Encontro Para Celebração e Rito
De 13 a 29 de agosto, no Youtube Contadores de Mentira
A programação fica disponível para acesso apenas nos horários indicados pelo site www.festivalesxtirpe2021.com.
Redes sociais
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Instagram: https://www.instagram.com/contadoresdementira/