Mais de 15 milhões de refeições à base de vegetais preparadas por instituições parceiras, que geraram uma redução da oferta de pelo menos 20% de ingredientes de origem animal e treinamento de mais de 1000 profissionais que atuam nas cozinhas de redes municipais e federais de educação e iniciativas de assistência social. Esses são os principais resultados do programa Alimentação Consciente Brasil (ACB) que acaba de completar cinco anos de implantação no Brasil.
O programa Alimentação Consciente Brasil foi criado pela Mercy For Animals, uma das principais organizações dedicadas a combater a exploração de animais para consumo. Seu objetivo é fornecer auxílio para a substituição de pelo menos 20% de ingredientes de origem animal por opções vegetais nos cardápios das instituições públicas que servem refeições em larga escala, como escolas, universidades e restaurantes populares em todo o país. O programa já realizou parcerias com os municípios de Cuiabá (MT), Sinop (MT), São Gonçalo (RJ), Niterói (RJ), Campos dos Goytacazes (RJ) e com o Instituto Federal do Sul de Minas (MG).
“A estratégia é levar o programa ao maior número possível de pessoas, e uma das formas de fazer isso é atendendo instituições encarregadas de planejar e fornecer refeições em larga escala, como Secretarias Municipais de Educação, responsáveis pela rede pública de ensino”, diz Alice Martins, Gerente de Políticas Alimentares da MFA.
Atualmente, o programa está negociando com instituições em diversas regiões do Brasil e desenvolvendo um guia para que aquelas de menor porte possam implantar o programa de forma semi-autônoma. Pretende ainda lançar uma plataforma digital que concentrará os principais conteúdos dos treinamentos em educação nutricional, meio ambiente e culinária vegetal.
Criado para atender às demandas e necessidades dessas instituições, o Alimentação Consciente Brasil promove treinamentos teóricos e práticos para nutricionistas e profissionais de cozinha, incentiva o preparo de receitas adequadas aos insumos licitados e infraestrutura das cozinhas das escolas ou restaurantes populares e auxilia na adequação do cardápio às resoluções que as instituições devem seguir, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) ou o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). Todas as outras pessoas envolvidas no processo de implantação do programa, como diretores e professores, no caso de escolas, também recebem treinamento e materiais de suporte impressos e online para apoiar uma implementação de sucesso a longo prazo com estudantes. Tudo isso sem qualquer custo à instituição parceira.
Com esses treinamentos, a ideia do programa é possibilitar a substituição de pelo menos 20% de ingredientes de origem animal por vegetais, o que equivale ao cardápio de um dia da semana, mas que também pode ser referente a refeições alternadas ao longo da semana. Por depender da variedade de itens licitados e oferecidos em cada instituição pública, os alimentos e receitas variam e são adaptados conforme a cultura alimentar de cada região.
As instituições participantes são incentivadas a preparar as refeições apenas com ingredientes in-natura e provenientes de formas mais justas de produção, como a agricultura familiar. As receitas do ACB são, na sua maioria, baseadas em leguminosas, grupo alimentar do reino vegetal mais rico em proteínas. Entre as diversas receitas, estão: feijoada de legumes, macarrão com molho bolonhesa de lentilha, estrogonofe de grão-de-bico, tutu de feijão, cassoulet de feijão-branco, entre outras.
O programa brasileiro serviu de modelo para a implantação em outros países em que a MFA atua, como México, Índia e Canadá, com adaptações de acordo com cada realidade cultural. Atualmente, está ativo apenas no Brasil.
Impactos
Nesses primeiros 5 anos, o impacto ambiental promovido pelas instituições parceiras do ACB nos cardápios de escolas municipais, universidades e restaurantes populares brasileiros foi de cerca de 150 milhões de litros de água doce economizados, quase 10 mil hectares de terra poupados e mais de 30 mil toneladas de CO₂ não emitidas. Além disso, as parcerias pouparam cerca de 300 mil animais no período, impacto equivalente a quase 10 mil pessoas se tornarem veganas.
Em 2020, com o impedimento do trabalho presencial e as escolas fechadas, o projeto foi desenvolvido de forma remota, dando suporte às instituições parceiras. Além disso, a MFA se mobilizou para ajudar a levar comida às pessoas em situação de vulnerabilidade e insegurança alimentar, criando o projeto Comida Que Faz Bem, que possibilitou a oferta de cerca de 3 mil refeições à base de vegetais no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro.
Sobre a MFA – Fundada há mais de 20 anos nos Estados Unidos e presente no Brasil desde 2015, a Mercy For Animals (MFA) é uma das principais organizações sem fins lucrativos do mundo dedicada a combater a exploração de animais para consumo, especialmente em fazendas industriais e na indústria da pesca. A MFA trabalha para transformar o atual sistema alimentar e substituí-lo por um modelo que seja mais compassivo com os animais e garanta um futuro melhor para o planeta e todos que o habitam. Atualmente, a Mercy For Animals também opera em outros países da América Latina, no Canadá e na Índia.
Para mais informações sobre a organização, acesse www.mercyforanimals.org.br