Muitas mulheres sonham, ainda hoje, em encontrar o grande amor de sua vida, uma paixão arrebatadora, o príncipe encantado que será responsável pela realização de todos os seus sonhos e nutrirá, com bons sentimentos e atitudes, sua tão desejada felicidade. A partir de crenças adquiridas na infância, em que o mundo dos contos de fadas é um lugar possível, muitos relacionamentos deterioram-se com o passar do tempo (às vezes, rapidamente) e acabam chegando a um patamar nada aceitável: o abuso. Seja de ordem física, psicológica, emocional ou sexual, essa realidade não se parece em nada com aquele sonho infantil, mas como num ciclo vicioso, num piloto automático, o relacionamento abusivo acaba sendo aceito e até normalizado por muitas que vivenciam essa situação.
De acordo com um relatório divulgado no ano passado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), os relacionamentos abusivos constituem um preocupante cenário global, onde uma em cada três mulheres – cerca de 736 milhões de pessoas – já sofreram algum episódio de violência por seus parceiros. Chama ainda mais atenção a faixa etária dessa população, na casa dos vinte anos de idade, e a predominância dos episódios em países e regiões mais pobres e com menor grau de instrução. Uma situação que pode ter impacto prolongado na saúde e bem-estar dessas mulheres, mesmo depois da violência ter acabado.
Considerados fatores determinantes para que os relacionamentos se tornem abusivos, trabalhar a autoestima e o autoconhecimento pode ser um dos caminhos para que cada vez mais mulheres saibam identificar e se despedir desses tipos de relação.
“Todos nós carregamos muito lixo emocional, absorvemos situações e sentimentos desde a infância que podem impactar ao longo de nossas vidas. Muitas vezes, a partir de crenças adquiridas podemos seguir um padrão de comportamento, agindo em piloto automático e nos direcionando a situações que na verdade não eram bem as que queríamos. Sempre que pensamos ‘eu sou um lixo’; ‘eu mereço isso’; ‘não consigo algo melhor’; acumulamos ainda mais lixo e minamos nossa plenitude emocional. Não existe outro caminho para quebrar esse ciclo a não ser reciclando essa carga negativa em estímulos positivos para autoaceitação e amor-próprio, é o começo para verdadeira mudança comportamental”, explica Heloísa Capelas, escritora, especialista em autoconhecimento e desenvolvimento do potencial humano.
Ainda de acordo com Heloísa, o objetivo não é ser simplista, já que muitas vezes, os relacionamentos abusivos têm uma grande carga inerente ao parceiro e seu perfil abusador e violento. “O que quero mostrar é que embora, inconscientemente, muitas mulheres não se sintam ‘autorizadas’ a dizer ‘não’ ou tenham muita dificuldade de iniciar o processo da mudança – o que as leva a baixar a cabeça e conviver com o lixo emocional do parceiro e serem, inclusive, culpadas por uma parte da sociedade, estamos mudando esse paradigma aos poucos. Com autoconhecimento, os medos – do parceiro, da solidão, da infelicidade – são reciclados para se dizer ‘aqui não’; ‘é possível construir a relação de outra forma’; ‘posso viver sem você’; por exemplo. Com amor-próprio e aceitação, as emoções negativas podem ser transformadas em coisas mais úteis e poderosas, capazes até mesmo de mudar nosso status de relacionamento, rumo à libertação”, complementa a especialista.
Recentemente, Heloísa Capelas lançou o livro Inovação Emocional. A obra faz uma profunda viagem de autoconhecimento que permite identificar, com honestidade, a origem dos padrões que sabotam a plenitude, o sucesso e o bem-estar, a partir da ruptura com crenças adquiridas na infância, implementadas no subconsciente e que levam a atitudes de repetição nada saudáveis, inspiradas no que foi absorvido pelo convívio e educação recebidos. Uma leitura essencial para quem busca galgar novos horizontes e estabelecer relações mais saudáveis, sustentáveis e positivas.