Se perguntarmos a um adulto sobre algumas de suas memórias de infância, certamente a lembrança dos brinquedos, das cores e da decoração do quarto estará no topo da lista. Isso não se trata apenas de uma suposição, pois a importância que esses temas possuem na formação de um indivíduo e sua personalidade é comprovada até mesmo sob o viés científico. Nesse sentido, o método de ensino montessoriano, criado pela médica italiana Maria Montessori, defende que os ambientes frequentados pela criança (durante as primeiras etapas da vida) interferem diretamente no seu desenvolvimento cognitivo e motor. Por isso mesmo, é preciso que os pais se atentem às cores favoritas, aos personagens e brinquedos, além de questões como altura dos móveis e segurança. Todos os itens, juntos, poderão auxiliar no progresso da criança em diversas habilidades (emocionais e sociais), como na organização, senso de responsabilidade e criatividade.
Pensando em como construir o quarto dos sonhos, Cristina Cardoso, arquiteta dos apartamentos decorados da Yticon, construtora do Grupo A.Yoshii, salienta a relevância da relação entre o espaço e a vida da criança, e pontua como os pais podem criar esses ambientes sem a necessidade de grandes investimentos. “Não podem faltar cor, textura e elementos sensoriais que estimulam a curiosidade e criatividade das crianças, mas, sobretudo, que estejam ao seu alcance, pois isso alimenta a autonomia e o pertencimento de mundo”, explica. Dentre as opções mais rápidas e certeiras, segundo ela, está a aposta nas cores. “Mesmo que a base da decoração seja neutra, é possível trazer muitas referências coloridas ao ambiente, colocando o vibrante em pequenos detalhes, como nos quadros, na roupa de cama e nos tapetes. Experimentar novos formatos em almofadas e na iluminação do quarto também pode deixar o ambiente mais leve e divertido”, comenta Cristina. Um exemplo é o decorado do empreendimento Malibu (Londrina-PR), que utiliza cores neutras e tons pasteis nas paredes, móveis e itens decorativos.
Detalhes que fazem a diferença
De acordo com a arquiteta, nas paredes, além das cores, é possível aplicar uma infinidade de ideias de decoração, que podem ser trocadas conforme a idade da criança. “O papel de parede e os adesivos são elementos muito procurados para quartos infantis porque deixam o ambiente divertido e aconchegante. Hoje, é muito fácil encontrar produtos como painéis decorativos com temas e figuras em formatos maiores, que decoram as paredes sem a necessidade de muitos móveis ou objetos. Já pensando numa textura, vale apostar em painéis de madeira ripados, boiseries e barrados de lambris. Ainda existem materiais alternativos que podem ser soluções para evitar grandes reformas no futuro.” Um dos exemplos é o uso de papel de parede com cores e desenhos neutros, além do uso de fitas de LED, no decorado do empreendimento Solar di Modena (Londrina-PR), que acompanha várias fases da infância e até mesmo o início da adolescência.
Quarto duradouro
Conforme o crescimento da criança, é inevitável que o quarto vá precisando de adaptações para as novas demandas e necessidades, principalmente físicas. Aí, então, é necessário lançar mão do planejamento, sempre que possível. Com isso, mesmo que não seja viável manter 100% do mobiliário da primeira infância no decorrer dos anos, alguns móveis podem ser aproveitados por mais tempo. “O armário, por exemplo, pode ser utilizado por anos se estiver em uma tonalidade neutra que combine com diferentes estilos de decoração. Planejar mudanças a longo prazo ajuda na percepção do que deverá ou não ser trocado conforme o crescimento da criança. Assim, é possível economizar com mobiliários fixos”, comenta a arquiteta. O mesmo pode ser pensado para a cama, que, ao longo do tempo, pode ser trocada apenas a cabeceira ou regulada a altura. No caso do empreendimento Solar das Laranjeiras (Maringá-PR), a ideia do espaço para guardar brinquedos abaixo do beliche pode se transformar em escrivaninhas de estudo, por exemplo.
Segurança e aconchego
Alguns cuidados podem e devem ser tomados quando o projeto do quarto começar a ser elaborado, como colocar tomadas baixas atrás do mobiliário e utilizar tampas, instalar telas de proteção nas janelas, arredondar as quinas dos móveis e adaptar os espaços com objetos acolchoados que possam amortecer possíveis quedas e acidentes. “Um detalhe que acaba passando despercebido é onde ficarão os brinquedos. É preciso deixar os favoritos em locais de fácil acesso, para que a criança não precise subir na cama ou cadeira”, atenta a arquiteta. Ainda sobre a importância da segurança, mas aliada ao aconchego, a temperatura do piso é algo a se investir. “Recomendo o uso de pisos laminados de madeira ou vinílicos, que não são frios como os porcelanatos e as cerâmicas. Caso não seja possível, os tapetes e carpetes são soluções para manter a temperatura ideal, desde que estejam fixos e não causem riscos aos pequenos”, finaliza ela, comentando sobre os móveis do decorado do empreendimento Vibe (Londrina-PR), como as prateleiras com bordas arredondadas e portas com sistema de abertura sem puxadores.