O espetáculo A Aforista*, do dramaturgo e diretor curitibano Marcos Damaceno (Prêmio Shell de dramaturgia por Homem ao Vento), que estreia na noite de 13 de abril de 2023, no Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo, traz à cena uma mulher (Rosana Stavis), caminhando sem parar em direção ao enterro de um antigo amigo da faculdade de música. Enquanto caminha, lhe vêm pensamentos acerca de sua própria vida e os caminhos escolhidos por ela e seus antigos amigos, todos “promessas da música”. Caminhos que vão da plenitude da realização ao fracasso fatal.
A peça abre ao público a mente dessa mulher, a aforista, na qual se sobressaem a confusão como linguagem, o ritmo vertiginoso, o excesso de informações, as digressões, além de boas doses de ansiedade e perturbação. Trata-se de uma obra teatral por vezes angustiante, frequentemente hilariante.
A narradora verbaliza em um estado próximo ao devaneio – ou, melhor, da loucura – onde seus pensamentos, lembranças e imaginação fluem líricos em certos momentos, pesarosos em outros, tornam-se pouco imaginativos e medianos em certos trechos, para logo em seguida flertarem com a filosofia e o sublime, tornando-se expansivos, contraditórios e, principalmente, com confusões e associações próprias da mente humana em nossos dias.
É uma arquitetura mental em espiral, de pensamentos entrecortados por outros pensamentos que se interrompem e são retomados em um looping sem fim. São narrativas densas e sôfregas que ficam risonhas. Pensamentos sublimes e elevados que escorregam para o grotesco, assim como é a vida da gente.
– É uma peça sobre as decisões que tomamos. Sobre as nossas escolhas. Os caminhos que seguimos. E onde eles nos levam. É também uma peça sobre nossos sonhos. Sobre nossos desejos, principalmente de quando jovens. E de como lidamos com eles. Como lidamos com nossas frustrações, com nossas insatisfações: “ser artista é saber lidar com as frustrações” – diz a aforista. Enfim, como toda peça de teatro, de como lidamos com os nossos sentimentos. E de como lidamos com os nossos pensamentos, comenta o diretor Marcos Damaceno.
2 pianos de cauda tocados ao vivo, duelam no palco e dão o tom da narrativa
A peça apresenta como um dos personagens centrais o famoso pianista John Marcos Martins. Outro pianista, Polacoviski, tem um destino trágico. A narrativa desenvolve-se a partir das lembranças, pensamentos e imaginação da terceira personagem, a narradora, amiga de John Marcos Martins e de Polacoviski, e por eles apelidada de aforista. A narradora, que está sempre andando e enquanto anda, pensa em como se deu tudo. Sua relação com seus antigos amigos de faculdade, o caminho que cada um seguiu, onde esses caminhos os levaram e o quanto esses caminhos tomados influenciaram, inclusive, na vida uns dos outros.
– O pensamento é o lugar onde se passa a peça: “andando vamos resolvendo as perturbações do pensamento”, diz a aforista enquanto anda e pensa, conclui Damaceno.
A música cumpre papel de destaque no espetáculo, sendo a atriz Rosana Stavis acompanhada por 2 pianos tocados ao vivo por Sérgio Justen e Rodrigo Henrique, que duelam no palco e dão o tom da narrativa com a trilha original criada pelo compositor Gilson Fukushima.
A Aforista é o segundo espetáculo de uma trilogia iniciada com Árvores Abatidas ou Para Luis Melo, influenciada por Thomas Bernhard**. Segundo o diretor Marcos Damaceno, o texto da peça é uma conversa com argumentações postas por Bernhard respondendo e contrapondo questões colocadas pelo autor austríaco em sua extensa obra, permitindo-se desviar para outros assuntos, outras situações, outros lugares. Um mergulho na memória e nas possibilidades que cabem numa vida.
A mente como protagonista ou lugar de ação e o impacto quase que exclusivamente pela força do elenco e das palavras são marcas das encenações da Cia.Stavis-Damaceno.
A estreia nacional de A Aforista aconteceu no CCBB Rio de Janeiro, seguiu para o CCBB Brasília. Após a temporada no CCBB em São Paulo, o espetáculo será apresentado no CCBB Belo Horizonte. Com patrocínio da BB Asset, gestora de fundos de investimento do Banco do Brasil. Este projeto foi realizado com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.
* Aforista: Que ou aquele que cria, estuda ou cita aforismos com frequência; Aforismo: Máxima ou sentença que em poucas palavras contém uma regra ou um princípio de alcance moral: “A vida sem música seria um erro” – Nietzsche.
** Thomas Bernhard nasceu em Heerlen, na Holanda, em 1931, e morreu em Gmunden, na Alta Áustria, em fevereiro de 1989. Escreveu poemas, novelas, romances e peças de teatro, e é considerado um dos nomes mais importantes da literatura de língua alemã do século XX. Dele, a Companhia das Letras publicou O náufrago (1996), Extinção (2000), Origem (2006), O imitador de vozes (2009) e Meus prêmios (2011).
Minibios
Reconhecida por ser uma atriz de imensos recursos e versatilidade, capaz de transitar com igual profundidade entre os mais variados papéis e gêneros dramáticos, Rosana Stavis é frequentemente apontada pela crítica especializada e por profissionais diversos como umas das melhores atrizes do teatro brasileiro na atualidade. Formou-se pela PUC-PR em 1989, ano em que ganhou o Troféu Gralha Azul de Atriz Revelação por A Vida de Galileu, de Brecht, com direção de Celso Nunes e protagonizada por Paulo Autran. Protagonizou espetáculos que marcaram a história do teatro curitibano, como Lulu, de Frank Wedekind, A Ópera dos Três Vinténs, de Brecht e New York de Will Eisner, todas produções do Centro Cultural Teatro Guaíra. Dentre seus trabalhos mais recentes, destacam-se Árvores Abatidas ou Para Luis Melo, indicada aos prêmios Shell, o da Associação Paulista de Críticos de Arte e o Aplauso Brasil; Psicose 4h48, com mais de 300 apresentações por todo país; Antes da Coisa Toda Começar, com a Armazém Companhia de Teatro; Estado de Sítio e Hoje é Dia de Rock, ambas dirigidas por Gabriel Villela. É atriz cofundadora da Cia.Stavis-Damaceno e cantora cofundadora, ao lado de Alexandre Nero e outros amigos, da badalada banda curitibana Denorex 80. Possui 6 Prêmios Governador do Estado do Paraná (Troféu Gralha Azul) de Melhor Atriz, entre diversas outras indicações.
Diretor e dramaturgo, Marcos Damaceno é um dos principais nomes do teatro de Curitiba, formado pela Faculdade de Artes do Paraná. Idealizou e coordenou o Núcleo de Dramaturgia do SESI-PR, em Curitiba, responsável pela formação e aperfeiçoamento de dramaturgos, em uma série de oficinas regulares, workshops intensivos e palestras com importantes nomes do teatro nacional e internacional. Criou, junto com a atriz Rosana Stavis, a Cia.Stavis-Damaceno. Ganhou o Prêmio Shell-SP de Melhor Dramaturgia pela peça Homem ao Vento, também indicada ao APCA e ao Aplauso Brasil. Ganhou o Prêmio Governador do Estado do Paraná (Troféu Gralha Azul) de Melhor Diretor e de Melhor Cenógrafo pela peça Antes do Fim e o prêmio de Melhor Texto pela peça Pedro, Pedrinho, Pedreco, entre diversas outras indicações. Foi destacado pela revista Bravo! como um dos principais jovens dramaturgos do país. Recentemente também vem se dedicando a oficinas para atores com foco na palavra, na fala, no trabalho do ator em dramaturgias contemporâneas.
Em 2023 a Cia.Stavis-Damaceno completa 20 anos de atividades ininterruptas que incluem a criação de espetáculos de extensa trajetória e repercussão. A Companhia foi criada em 2003, em Curitiba, pelo diretor e dramaturgo Marcos Damaceno e pela atriz Rosana Stavis, com o objetivo de se dedicarem a um processo de trabalho contínuo e consistente. De lá para cá firmou-se como uma das mais sólidas e representativas companhias teatrais da região sul do país, com destaque no cenário nacional, sendo Rosana Stavis frequentemente apontada pela crítica especializada e por profissionais diversos como uma das melhores atrizes do teatro brasileiro. Dentre as principais produções da Companhia estão os espetáculos: PSICOSE 4h48, com mais de 300 apresentações por todas as regiões do país; ÁRVORES ABATIDAS, apresentado em aproximadamente 100 cidades de todas as regiões do país e indicado aos principais prêmios do teatro brasileiro, na categoria melhor atriz (Shell, APCA, Aplauso Brasil) e o espetáculo mais recente, HOMEM AO VENTO, ganhador do Prêmio Shell de dramaturgia, e também indicado ao APCA e ao Aplauso Brasil, além de ser apontado pela Folha de São Paulo como um dos melhores espetáculos do ano (2018).
São características comuns dos espetáculos da Cia.Stavis-Damaceno, a encenação de peças que se passam mais na mente dos personagens, do que propriamente no mundo externo, ou real; o apreço pela dramaturgia contemporânea, que trazem ao público novos olhares sobre o ser humano em nossos dias; a excelência do trabalho do elenco, trazendo ao público espetáculos que impactam quase que exclusivamente pela força dos atores e da palavra.
Seus espetáculos são realizados com patrocínio ou em parceria com as principais instituições fomentadoras da cultura brasileira, entre elas Caixa Cultural, SESC, SESI, Funarte, Ministério da Cultura, Centro Cultural Teatro Guaíra, Secretaria da Cultura do Paraná, Fundação Cultural de Curitiba, Banco do Brasil e Centro Cultural Banco do Brasil.
Sobre a BB Asset
A BB Asset Management é líder da indústria de fundos de investimento, com patrimônio líquido sob gestão de R$ 1,47 trilhão em recursos e 20,22% de participação de mercado, conforme ranking de Gestores de Fundos de Investimento da Anbima (novembro/2022). Sua excelência em gestão é atestada por duas renomadas agências de rating – Fitch Rating e Moody ́s.
Sobre o CCBB em São Paulo
O Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo, iniciou suas atividades há mais de 20 anos e foi criado com o objetivo de formar novas plateias, democratizar o acesso e contribuir para a promoção, divulgação e incentivo da cultura. A instalação e manutenção de nosso espaço em um prédio, em pleno centro da capital paulista, reflete também a preocupação com a revitalização da área, que abriga um inestimável patrimônio histórico e arquitetônico, fundamental para a preservação da memória da cidade. Temos como premissa ampliar a conexão dos brasileiros com a cultura, em suas diferentes formas. Essa conexão se estabelece mais genuinamente quando há desejo de conhecer, compreender, pertencer, interagir e compartilhar. Temos consciência de que o apoio à cultura contribui para consolidar sua relevância para a sociedade e seu poder de transformação das pessoas. Acreditamos que a arte dialoga com a sustentabilidade, uma vez que toca o indivíduo e impacta o coletivo, olha para o passado e faz pensar o futuro. Com uma programação regular e acessível a todos os públicos, que contempla as mais diversas manifestações artísticas e um prédio, que por si só, já é uma viagem na história e arquitetura, o CCBB SP é uma referência cultural para os paulistanos e turistas da maior cidade do Brasil.
Ficha técnica
A AFORISTA
Realização MINISTÉRIO DA CULTURA e
CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL
Patrocínio BB ASSET
Texto de MARCOS DAMACENO
Com ROSANA STAVIS
Composição e Direção Musical GILSON FUKUSHIMA
Pianistas SÉRGIO JUSTEN e RODRIGO HENRIQUE
Iluminação BETO BRUEL
Figurinos KAREN BRUSTTOLIN
Cenário MARCOS DAMACENO
Direção Geral MARCOS DAMACENO
Produção Executiva BIA REINER
Assistente de Produção / Administração MARIANNA HOLTZ
Produção de Cenário CARLA BERRI
Cenotécnico MARCO SOUZA – TB MIRABOLANTE
Pintor de Arte ITAMAR CORDEIRO
Operador de Luz RODRIGO LOPES
Montadores WILLIAM DOCINHO e JOÃO GASPARI
Costureiras VERA COSTA e ROSE MATIAS
Foto da Identidade Visual MARINGAS MACIEL
Com intervenção de BRUNO MARQUETTO
Design Gráfico PABLITO KUCARZ
Mídias Sociais TIP – PERFORMANCE DE MÍDIA
Assessoria de Imprensa (RJ e SP) NEY MOTTA
Produção Local (SP) AUGUSTO VIEIRA
Um espetáculo da CIA.STAVIS-DAMACENO
Serviço
Espetáculo: A Aforista
Texto e direção: Marcos Damaceno
Atuação: Rosana Stavis, Sérgio Justen e Rodrigo Henrique
Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Endereço: Rua Álvares Penteado, 112, Centro Histórico, São Paulo
Informações: (11) 4297-0600
Temporada: 13 de abril a 21 de maio de 2023.
Horário: Quintas e sextas, às 19h, sábados e domingos, às 17h
Ingressos: R$30 (inteira) e R$15 (meia) em bb.com.br/cultura e bilheteria do CCBB
Duração: 70 min
Classificação: 16 anos
Funcionamento: Aberto todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças
Entrada acessível: Pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e outras pessoas que necessitem da rampa de acesso podem utilizar a porta lateral localizada à esquerda da entrada principal.
Estacionamento: O CCBB possui estacionamento conveniado na Rua da Consolação, 228 (R$ 14 pelo período de 6 horas – necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB). O traslado é gratuito para o trajeto de ida e volta ao estacionamento e funciona das 12h às 21h.
Transporte público: O Centro Cultural Banco do Brasil fica a 5 minutos da estação São Bento do Metrô. Pesquise linhas de ônibus com embarque e desembarque nas Ruas Líbero Badaró e Boa Vista.
Táxi ou Aplicativo: Desembarque na Praça do Patriarca e siga a pé pela Rua da Quitanda até o CCBB (200 m).
Van: Ida e volta gratuita, saindo da Rua da Consolação, 228. No trajeto de volta, há também uma parada no metrô República. Das 12h às 21h.