O Dia Mundial do Veganismo é celebrado em 1º de novembro, data instituída em 1994 com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre o estilo de vida vegano, desde a alimentação sem origem animal até o bem que a filosofia gera para o planeta e para o meio ambiente. Todavia, para a personal trainer Adriane Catelan, o conhecimento sobre o veganismo surgiu por um motivo ainda mais pessoal: uma de suas filhas gêmeas é alérgica a alimentos como ovo, leite e glúten, o que a levou a repensar a alimentação da casa – e ir além.
“Com todas essas restrições, eu não conseguia encontrar nada pronto para comprar, então tinha que fazer basicamente tudo do zero”, comenta Adriane. No entanto, ela não queria que a filha comesse refeições separadas da família, pois, para ela, as memórias afetivas criadas na cozinha são únicas, que a relembravam de sua infância, quando cozinhava com a mãe e a avó. Diante dessa motivação, a personal decidiu mudar de carreira e apostar na gastronomia, optando por trabalhar com produtos veganos, sem glúten e sem lactose.
“O meu trabalho é focado em memórias afetivas com relação à comida e isso se dá pela minha experiência enquanto criança e ao fato de que eu queria que minhas filhas tivessem a mesma vivência, ou seja, se lembrassem daquele bolo, que me ajudassem a fazer aquela massa… eu não me conformava com o diagnóstico de que uma delas poderia perder as sensações que cozinhar em família proporciona, desde cheiros, momentos, sabores. Para que ela não perdesse tudo isso, decidi me especializar em gastronomia plant-based”, explica Adriane.
Uma das ponderações da profissional é que não havia muitas referências sobre esse tipo de gastronomia de forma conectada, sendo que esse seria o seu diferencial. “Eu tive que aprender a não trabalhar com farinha de trigo, por exemplo, que é vegana, porque é uma das principais fontes de glúten. Então foquei na panificação inclusiva. Essa denominação, para mim, é sinônimo de que todos podem comer juntos ao redor da mesa. Quem tem alergia, quem não tem, quem come proteína animal, quem não come. Eu não faço alimento para alérgicos, mas para intolerantes, veganos ou simplesmente quem gosta de pão. Um pão para todos”, afirma.
Formada em panificação artesanal pelo San Francisco Baking Institute Brazil (SFBI), que utiliza farinha de trigo como ingrediente base nas aulas, Adriane diz que as técnicas que aprendeu na escola são de extrema importância para reproduzir com outras farinhas. “Eu aprendi tudo lá, desde métodos às principais características do produto, o que foi fundamental para eu adaptar para as minhas receitas. Com isso, eu abri um leque para ingredientes além da cozinha tradicional, como aquafaba, plantas alimentícias, carne de jaca, além de farinhas como arroz integral e feijão branco”, ressalta a padeira. Atualmente, ela atua no ramo de dark kitchen, isto é, um espaço que atende encomendas e fornecimento para parceiros.
Mercado da alimentação vegana
Um estudo realizado pela HappyCow e pela Veganuary, divulgado em 2023, mostra que o Brasil é o país com maior oferta vegana da América Latina, com quase três mil locais com opções veganas para o público. Isso representa 32,4% do total da América Latina. Mundialmente falando, outro estudo, dessa vez da Allied Market Research, aponta que o mercado vegano tem expectativa de crescimento para mais de US$36,3 bilhões até 2030.
Alinhada à essa percepção, Adriane diz que o veganismo não é só uma tendência passageira, mas algo que deve ganhar cada vez mais mercado. “Fica óbvio o crescimento desse segmento quando vemos grandes indústrias fazendo linhas inteiras de produtos veganos. Além desses, também existem os vegetarianos e os flexitarianos, que são pessoas que eventualmente consomem algum tipo de proteína animal. Então há muita gente para ser atingida e solidificar cada vez mais a alimentação vegana”, pondera a profissional.
Eduardo Freire Feliz, padeiro, professor e sócio do SFBI, tem a mesma visão e ressalta que a panificação pode ganhar muito com essa guinada do veganismo. “Atualmente, existem inúmeras formas de produzir pão e outros produtos desse setor, inclusive não utilizando ovos ou leite. Essa variedade é muito benéfica para estabelecimentos como padarias e confeitarias, que conseguem adaptar seus produtos, fidelizar antigos clientes e ainda atrair novos leads. São mais ajustes do que, necessariamente, uma mudança radical”, conclui Feliz.
Sobre o San Francisco Baking Institute
O SFBI foi fundado em 1996 por Michel Suas. Nascido na França, Michel Suas é reconhecido internacionalmente como um especialista da indústria e líder de pensamento, e é um forte defensor do uso da educação para promover a apreciação e a arte da panificação artesanal.
O instituto oferece uma experiência de aprendizagem única, com instrutores que são especialistas em suas áreas e dando aos alunos a oportunidade de experiência prática no “mundo real” com os mais recentes equipamentos e tecnologia de panificação, mantendo a ênfase nas técnicas e valores da panificação artesanal. Saiba mais em: https://sfbi.com.br/.