A MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo realiza sua nona edição entre os dias 1º e 10 de março de 2024. A programação conta com nove montagens internacionais, uma estreia nacional, dez espetáculos na MITbr – Plataforma Brasil e uma diversa grade de oficinas, debates e conversas ao longo dos dez dias de evento. A abertura acontece no Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, com o espetáculo Broken Chord [Acorde Rompido], com concepção dos artistas sul-africanos Gregory Maqoma e Thuthuka Sibisi.
Em 2024, a MITsp tem apresentação da Redecard, Sabesp e Prefeitura Municipal de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. A mostra tem correalização do Sesi, Consulado Francês, Instituto Francês e o Centro Cultural Coreano no Brasil; e copatrocínio do IBT – Instituto Brasileiro de Teatro. A realização do evento é da Olhares Cultural, ECUM Central de Produção, Itaú Cultural, Sesc SP e Ministério da Cultura – Governo Federal.
Antonio Araujo, diretor artístico, e Guilherme Marques, diretor geral, idealizadores da Mostra, mantém a ideia inicial de apresentar em todos os eixos (Mostra de Espetáculos, Ações Pedagógicas, Olhares Críticos e MITbr – Plataforma Brasil) uma seleção de trabalhos e atividades cujas pesquisas cênicas e/ou temas abordados trazem provocações sobre nosso tempo. A direção institucional é realizada pelo ator e gestor cultural Rafael Steinhauser.
Nesta edição, a MITsp privilegia artistas, grupos e pesquisadores/as da África, Ásia, Oriente Médio e América Latina. “A Mostra sempre contou com artistas desses locais, que trazem novas teatralidades e formas de imaginar a cena, como o uso da música e a representação de rituais no palco. Porém, em 2024, quisemos expandir tais presenças. Neste sentido, a curadoria intensificou a perspectiva decolonial já presente nas edições anteriores”, afirma Araujo.
Para os diretores, as discussões que atravessam os trabalhos apresentam novos olhares para questões como memória, racismo, transfobia, identidade, conhecimento, colonialismo, entre outros. Pela primeira vez, a dança e a performance ocupam lugar de destaque nos trabalhos selecionados, combinadas ao teatro e à música.
Desde a primeira edição, em 2014, a MITsp já apresentou 158 espetáculos entre nacionais e internacionais, de 46 países, em mais de 400 sessões, a um público aproximado de 170 mil pessoas. As Ações Pedagógicas e os Olhares Críticos reuniram ao longo dos anos mais de 200 convidados em oficinas, seminários, debates, entre outras atividades.
Programação
O Artista em Foco deste ano será o diretor e compositor sul-coreano Jaha Koo, jovem artista e um expoente das artes cênicas, com apresentação de sua Trilogia Hamartia: Lolling and Rolling, Cuckoo e A História do Teatro Ocidental Coreano. “Hamartia”, palavra de origem grega, pode ser traduzida por “falha ou defeito trágico”, conceito que costura de forma distinta os trabalhos, com temas que discutem o choque entre as culturas oriental e a ocidental e seu impacto na vida das pessoas.
Contado pela Minha Mãe, de Ali Chahrour, do Líbano, mistura dança, teatro e música para contar a história de uma mãe que se nega a acreditar na morte do filho e cria uma série de poemas e canções para ele ouvir quando retornar.
Da África do Sul, Broken Chord [Acorde Rompido], de Gregory Maqoma e Thuthuka Sibisi, faz a abertura da Mostra e a coreografia une dança e música tradicionais africanas à dança contemporânea e música clássica europeia. Lado a lado, essas diferentes formas de linguagem tratam de forma poética sobre colonialismo, apartheid e conhecimento. Do mesmo país, o solo O Circo Preto da República Bantu, de Albert Ibokwe Khoza, aborda o racismo e a violência contra os corpos negros ao contar a história dos zoológicos humanos, que ocorreram na Europa entre 1870 e 1960.
Em tom ácido e alegre, Profético (nós já nascemos), de Nadia Beugré, artista da Costa do Marfim, fala das relações dos corpos negros, da transsexualidade e o preconceito em diferentes formas.
Dois espetáculos da Argentina estreiam na MITsp: PERROS – Diálogos Caninos, de Monina Monelli em parceria com os brasileiros Celso Curi e Renata Melo, cuja proposta apresenta os conflitos e os afetos da relação humana com os cachorros; e Wayqeycuna [Meus Irmãos], de Tiziano Cruz, promove um reencontro com suas origens, tendo como ponto de partida os quipus (colar feito de algodão ou lã de lhama e alpaca e nós), tecidos pelas mulheres andinas como memoriais.
Assim como em anos anteriores, em que fez estreias nacionais de artistas brasileiros como Janaina Leite, Renata Carvalho, Wagner Schwartz, Gabriela Carneiro da Cunha, Eduardo Okamoto e Alexandre Dal Farra, a MITsp faz, em 2024, a estreia de um novo trabalho do Ultralíricos, Agora tudo era tão velho – Fantasmagoria IV, com direção de Felipe Hirsch.
MITbr – Plataforma Brasil
A MITbr – Plataforma Brasil foi criada em 2018 como um dos eixos da MITsp, um programa de internacionalização das artes cênicas brasileiras. Desde então, a cada edição, diferentes curadores independentes selecionam projetos com um recorte do teatro, dança e performance, em um esforço para abarcar diferentes regiões do Brasil e temas urgentes de nosso tempo.
Anualmente, são convidados curadores para selecionar entre 10 e 12 trabalhos a partir de um corpo de inscritos que, desde a primeira edição, ultrapassou a marca de 400 obras de teatro, dança e performance. Almeja-se assim mostrar um recorte da diversidade e excelência da cena brasileira.
Este ano, a curadoria de Marise Maués, Cecilia Kuska e Marcelo Evelin analisou 446 inscrições, de 19 estados brasileiros, Distrito Federal e países da América Latina. Foram escolhidos dez trabalhos que terão a oportunidade de se apresentar para curadores nacionais e internacionais, um passo importante para a expansão do reconhecimento das artes cênicas brasileiras, fomentando sua circulação e visibilidade. Este ano, estão confirmados cerca de 80 programadores internacionais e nacionais.
A MITbr – Plataforma Brasil selecionou para esta nona edição da MITsp os seguintes trabalhos: Ané das Pedras, da Coletiva Flecha Lançada Arte (CE/AL), EU NÃO SOU SÓ EU EM MIM – Estado de Natureza – Procedimento 01, Grupo Cena 11 (SC), Gente de Lá, de Wellington Gadelha (CE); O que mancha, de Beatriz Sano e Eduardo Fukushima (SP), Meu Corpo Está Aqui, de Fábrica de Eventos (RJ); Preta Rainha, de Cia. Dita (CE); Dança Monstro, de Companhia dos Pés (AL); Lança Cabocla, Plataforma Lança Cabocla (MA/CE/BA/SP); 7 Samurais, de Laura Samy (RJ) e Eunucos, de Irmãs Brasil (SP/RJ).
Artista em Foco da MITbr, Wilemara Barros, no espetáculo Preta Rainha – Foto: Luciano Gomes
A bailarina e professora Wilemara Barros, também integrante da Cia. Dita, de Fortaleza, é a Artista em Foco desta edição. Aos 60 anos, ela revisita em seu solo Preta Rainha memórias afetivas, sua trajetória, sua formação no balé clássico e experiência como artista contemporânea, e toma para si o legado cultural e ancestral vindo de sua família.
Internacionalização das artes cênicas brasileiras
Desde a criação da MITbr – Plataforma Brasil, em 2018, os diretores Antonio Araujo e Guilherme Marques também reuniram em torno do projeto de internacionalização uma série de ações pedagógicas e reflexivas como o Seminário de Internacionalização das Artes Cênicas Brasileiras e workshop de capacitação e produção com artistas e produtores locais, para garantir uma estrutura capaz de levar adiante os artistas brasileiros.
“Desde o princípio, sabíamos que apenas produzir um showcase com artistas brasileiros não seria o suficiente para manter a circulação. O mercado internacional é muito bem estruturado e demanda do profissional, para além de ter um bom trabalho a oferecer, um domínio das formas de negociação e interlocução para que os trabalhos certos possam chegar aos programadores certos. A figura do agente-difusor é uma função central no mercado internacional, mas praticamente inexistente no Brasil”, afirma Guilherme Marques.
Olhares Críticos e Ações Pedagógicas
Convidado pela MITsp nesta edição, o filósofo e historiador Achille Mbembe
O eixo Olhares Críticos terá entre seus destaques a presença de Achille Mbembe, filósofo, teórico político, historiador, intelectual e professor universitário camaronês em uma Aula Magna. Considerado um dos mais importantes teóricos sobre estudos pós-coloniais, sua visão afrocêntrica reflete sobre os efeitos do colonialismo na África e no mundo. Mbembe cunhou o termo necropolítica.
Em 2024, o eixo conta com curadoria da ensaísta, dramaturga e professora Leda Maria Martins e propõe discussões sobre as artes cênicas e a contemporaneidade a partir da realização de conversas com pensadores e pesquisadores de diferentes áreas, além da publicação de críticas, artigos e entrevistas. A programação conta com as Reflexões Estético-Políticas, Pensamento-em-Processo, Diálogos Transversais, Prática da Crítica, entre outros.
Nas Ações Pedagógicas, a curadoria de Dodi Leal, performer, professora e pesquisadora, aproxima o público do fazer artístico de convidados/as/es da MITsp, com conversas, workshop, shows e performances. Entre os destaques, a Encontra de Pedagogias da Teatra, com uma série de atividades para revitalizar as metodologias de criação teatral a partir das experiências das pedagogias baseadas nos saberes trans; e o Laboratório de Pedagogias da Performance, que reúne artistas e pesquisadores do Brasil e outros países em diferentes ações para abordar o estudo e a experimentação da arte da performance.
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Cartografias – Para além dos dois eixos, a MITsp traz mais uma edição de Cartografias, catálogo-livro que reúne ensaios, entrevistas e artigos de pesquisadores/as e artistas brasileiros. Essa publicação é realizada em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da ECA-USP e conta com a edição do professor e pesquisador de artes cênicas Ferdinando Martins.
Eixo Mostra de Espetáculos
Broken Chord [Acorde Rompido]
Gregory Maqoma e Thuthuka Sibisi
África do Sul, 2023 | 60 min | Classificação indicativa 12 anos
Local: Teatro Paulo Autran – Sesc Pinheiros
Dias 1/3*, sexta, às 21h e 2/3, sábado, às 21h
* A sessão da sexta (1º/3) conta com audiodescrição
Ingressos: R$ 50 (inteira)/ R$ 25 (credencial plena e meia entrada)
Broken Chord [Acorde Rompido] – Foto de Thomas Muller
Sinopse: Entre 1891 e 1893, um grupo de jovens cantores africanos chamado de The African (Native) Choir viajou de barco rumo à Grã-Bretanha, ao Canadá e à América. Formado pela elite negra educada por missionários, ele tinha o objetivo de arrecadar fundos para uma escola técnica em Kimberley, na África do Sul. O espetáculo de Gregory Maqoma e Thuthuka Sibisi parte de gravações do conjunto, revelando um drama de dimensão global e analisando o corpo negro como um local político. Utilizando elementos da dança tradicional Xhosa [grupo étnico sul-africano] e da dança contemporânea entrelaçados a paisagens sonoras, a obra não apenas reflete sobre um arquivo, mas aborda questões urgentes sobre migração, desapropriação e fronteiras, questionando a relação entre o colonizado e o colonizador – e a cumplicidade de ambos em moldar e mudar a narrativa sul-africana, no passado e no presente.
A História do Teatro Ocidental Coreano
Jaha Koo / CAMPO
Bélgica/Coreia do Sul, 2020 | 60 min | Classificação indicativa 12 anos
Local: Teatro do Sesi-SP
Dias 3/3, domingo, às 20h e 4/3, segunda, às 16h
Ingressos grátis – reserva no site do Sesi a partir de 26/02
A História do Teatro Ocidental Coreano – Foto de Leontien Allemeersch
Sinopse: Investigando de forma crítica a influência do cânone Ocidental na história do teatro coreano, Jaha Koo aponta para o futuro de novas gerações. O solo costura fatos históricos a relatos pessoais do artista sul-coreano para levantar questões sobre tradição e autenticidade, expondo de forma meticulosa o trágico impacto do passado na contemporaneidade. Ao questionar o real espaço da tradição teatral coreana, o espetáculo busca romper com uma lógica repleta de autocensura e de manutenção das aparências para criar uma versão legítima da história.
Contado pela Minha Mãe
Ali Chahrour
Líbano, 2021 | 75 min | Classificação indicativa 12 anos
Local: Teatro Antunes Filho – Sesc Vila Mariana
Dias 7/3, quinta, às 21h, 8/3*, sexta, às 21h e 9/3, sábado, às 21h
* A sessão da sexta (8) conta com audiodescrição.
Ingressos: R$ 50 (inteira)/ R$ 25 (credencial plena e meia entrada)
Contado pela Minha Mãe – Foto de Christophe Raynaud de Lage
Sinopse: No espetáculo, o coreógrafo e dançarino libanês Ali Chahrour se ancora em dramas genuínos, íntimos e até pessoais – como o da própria tia, que vai murchando de tristeza enquanto busca pelo filho que desapareceu. Acompanhado por parentes e artistas da cena, ele traz histórias de mães icônicas e das suas famílias, algumas espalhadas por aí ou desaparecidas, narradas para que a memória sobreviva e celebre o que resta. A performance incorpora dificuldades e tragédias familiares vividas pelas mães: corpos, vozes e pequenas batalhas ocultas nas residências de Beirute e seus subúrbios. A abordagem musical do espetáculo faz referência às canções dessas mesmas famílias em momentos de luto e alegria.
Cuckoo*
Jaha Koo / CAMPO
Bélgica/Coreia do Sul, 2017 | 55 min | Classificação indicativa 16 anos
Local: Teatro do Sesi-SP
Dias 2/3, sábado, às 19h e 3/3, domingo, às 16h
Ingressos grátis – reserva no site do Sesi a partir de 26/02
Cuckoo – Foto de Radovan Dranga
Sinopse: Um dia, quando sua panela elétrica de arroz, uma popular Cuckoo, informou que sua comida estava pronta, Jaha Koo experienciou o golibmuwon, termo coreano intraduzível que expressa o sentimento de isolamento que caracteriza a vida de muitos jovens de seu país – fruto, principalmente, de uma crise econômica que assola a Coreia do Sul desde meados dos anos 2000. Em cena, acompanhado por três dessas panelas, o intérprete apresenta uma palestra-performance que mergulha pela história da Coreia. Ao combinar imagens documentais, música e diálogos bem-humorados, o artista investiga questões como taxas crescentes de suicídio e o retraimento social, que impactam sua geração, e constrói uma narrativa a partir de sua experiência pessoal e de reflexões sobre eventos políticos, felicidade e morte.
*Marca de panela de arroz popular na Coreia do Sul
Lolling and Rolling*
Jaha Koo / CAMPO
Bélgica/Coreia do Sul, 2015 | 45 min | Classificação indicativa 14 anos
Local: Teatro do Sesi-SP
Dia 4/3, segunda, às 20h
Ingressos Grátis – reserva no site do Sesi a partir de 26/02
Lolling and Rolling – Foto de Marie Clauzade
Sinopse: O artista sul-coreano Jaha Koo se debruça sobre o imperialismo linguístico, mostrando como a linguagem pode ser utilizada como arma política e fonte de poder. O espetáculo aborda o impacto da chamada “cirurgia da língua presa”, que, por anos, foi um fenômeno na Coreia do Sul. O procedimento era utilizado para tornar o músculo supostamente mais capaz de pronunciar corretamente o som do “r” em inglês. Ao esmiuçar essa prática, os absurdos e os significados que a envolvem, a obra revela como a negação e a desvalorização de um idioma também instiga a perda de uma identidade.
*O título faz um trocadilho em inglês para pontuar que não existe o som de “r” na língua coreana.
O Circo Preto da República Bantu
Albert Ibokwe Khoza
África do Sul, 2022| 55 min | Classificação indicativa 14 anos
Local: Cúpula do Theatro Municipal de São Paulo
Dias 8/3, sexta, às 21h, 9/3, sábado, às 19h e 10/3, domingo, às 19h
Ingressos: R$ 50 (inteira)/ R$ 25 (meia entrada) no site do Theatro Municipal
O Circo Preto da República Bantu – Foto de Teresa Castracane
Sinopse: O espetáculo evidencia a violenta e vergonhosa história dos zoológicos humanos, exposições etnológicas que ocorreram na Europa entre 1870 e 1960 nas quais pessoas eram exibidas como animais exóticos. Nesta performance, o artista sul-africano Albert Ibokwe Khoza investiga o impacto do olhar imperial e colonial sobre os corpos negros, tanto no passado como no presente. O trabalho testemunha a dor contínua causada pelo racismo histórico e persistente, ao mesmo tempo em que abre espaço para a cura coletiva e a reivindicação da dignidade.
PERROS – Diálogos Caninos
Monina Bonelli, Celso Curi e Renata Melo
Argentina, Brasil, ESTREIA | 120 min | Classificação indicativa Livre
Local: Parque Augusta e Praça Roosevelt/ Minhocão
Dias 5/3, terça, às 18h no Parque Augusta e 20h15 na Praça Roosevelt/ Minhocão e 6/3, quarta, às 18h no Parque Augusta
Gratuito
PERROS – Diálogos Caninos – Foto de Rodrigo Chueri
Sinopse: O cachorro sempre foi um co-construtor da comunidade. Desde os primeiros tempos do homo sapiens, o “melhor amigo do homem” colabora com a sobrevivência mútua, proporcionando proteção e afetividade. O cachorro é um espelho da espécie. Ou apenas um reflexo de uma sociedade interespécies. A relação entre humanos e cães no contexto urbano é investigada nesta obra criada pela argentina Monina Bonelli e os brasileiros Celso Curi e Renata Melo. Em sua estreia na MITsp, a intervenção propõe um diálogo entre arte e comunidade, construído junto a artistas, pensadores, vizinhos e cães de estimação. Através de um deslocamento pelo centro de São Paulo, que passa pelo parque Augusta, pela praça Roosevelt e pelo Minhocão, tutores e seus cachorros são convidados a dialogar com o entorno e a se relacionar com os territórios de forma artística, descobrindo e celebrando a performance do cotidiano.
Profético (nós já nascemos)
Nadia Beugré / Libr’Arts
França/Costa do Marfim, 2023 | 75 min | Classificação indicativa 14 anos
Local: Sala Jardel Filho – CCSP – Centro Cultural São Paulo
Dias 6/3, quarta, às 21h, 7/3, quinta, às 21h e 8/3, sexta, às 19h
Ingressos: R$ 50 (inteira)/ R$ 25 (meia entrada) no site do Sympla
Profético (nós já nascemos) – Foto de Dajana Lothert
Sinopse: Há alguns anos, a coreógrafa Nadia Beugré vem se aproximando da comunidade transgênero de Abidjan, a maior cidade da Costa do Marfim. São pessoas que, designadas como meninos ao nascer, navegam entre os gêneros com grande liberdade, mesmo inseridas numa sociedade muito patriarcal que, na melhor das hipóteses, finge não as ver. Cabeleireiras de dia, divas das pistas de dança à noite, essas personagens vivem expostas e subterrâneas, fluindo entre circuitos paralelos e redes de solidariedade, inventando danças próprias que, misturando voguing e coupé-décalé [estilo musical da Costa do Marfim], fazem as noites de Abidjan. No espetáculo, Beugré dá continuidade à investigação sobre gênero e identidade, mas também sobre aqueles que ela chama de “perdidos”, os desajustados, os que estão à margem, na periferia, aqueles que são rejeitados ou ignorados. A artista questiona as atribuições e os papéis na família, na sociedade e na história — tanto os que são atribuídos às pessoas como aqueles que elas assumem.
Wayqeycuna [Meus irmãos]
Tiziano Cruz
Argentina, ESTREIA | 80 min | Classificação indicativa Livre
Local: Itaú Cultural
Dias 2/3, sábado, às 17h e 3/3, domingo, às 14h e 18h
Todas as sessões contam com interpretação em Libras.
Ingressos grátis no site do Itaú Cultural a partir de 21/02
Wayqeycuna [Meus irmãos] – Foto de Jujuy
Sinopse: Assim como as mulheres andinas tecem seus quipus [artefato têxtil feito de cordas e nós] como memoriais, o artista argentino Tiziano Cruz retoma o caminho de volta à sua própria infância para se reencontrar com sua comunidade. A obra, que faz sua estreia internacional na MITsp, propõe uma reflexão sobre como as hierarquias raciais e as estruturas de dominação operam em um mundo no qual o neoliberalismo varre violentamente os traços culturais, vitais e coletivos. O espetáculo é a parte final da trilogia Tres maneras de cantarle a una montaña [Três maneiras de cantar para uma montanha], na qual o artista articula, por meio de uma série de gestos poéticos, suas primeiras memórias no interior do norte da Argentina com manifestos políticos sobre o mercado de arte e o privilégio de classe.
Estreia nacional
Agora tudo era tão velho – Fantasmagoria IV
Ultralíricos, com direção de Felipe Hirsch
Brasil, ESTREIA | 120 min | Classificação indicativa 14 anos
Local: Teatro Anchieta – Sesc Consolação
Dias 7/3, quinta, às 20h, 8/3, sexta, às 20h, 9/3, sábado, às 20h e 10/3, domingo, às 18h
Ingressos: R$ 50 (inteira)/ R$ 25 (meia entrada)/ R$ 15 (credencial plena)
Imagem ilustrativa
Sinopse: A partir de um excerto curto de sua peça FIM, os Ultralíricos reencontram o dramaturgo Rafael Spregelburd para desenvolverem um trabalho inédito, sobre o labor teatral que atravessa o tempo e resiste às pestes, às guerras. Suas imagens desvanecem como uma tempestade e, no entanto, a história prova, é a coisa mais eterna que existe. A fantasmagoria revela um ensaio do que parece uma peça clássica feita em um lugar que já foi um teatro.
Eixo MITbr – Plataforma Brasil
Link de fotos dos espetáculos da MITbr – Plataforma Brasil AQUI
7 Samurais
Laura Samy
Rio de Janeiro (RJ), 2022 | 70 min | Classificação indicativa Livre
Local: Teatro Cacilda Becker
Dias 7/3, quinta, às 17h e 8/3, sexta, às 17h30
Ingressos: R$ 20 (inteira)/ R$ 10 (meia entrada) no site do Sympla
Sinopse: O filme “Os Sete Samurais”, do diretor japonês Akira Kurosawa (1910-1998), foi tomado como inspiração para a criação do espetáculo. Por meio das linguagens da dança, do teatro e do cinema, quatro intérpretes traçam paralelos entre os guerreiros japoneses e os artistas de hoje, aproximando e investigando suas condições para a luta em tempos que parecem refutar suas existências. Em uma composição dramatúrgica repleta de imagens que remetem às batalhas, mas também a afetos e instintos diversos, emerge a dificuldade da sustentação dos corpos, simbolizando o processo lento e frágil da constituição de algo novo.
Ané das Pedras
Coletiva Flecha Lançada Arte
Crato (CE) e aldeia Kariri-Xocó (AL), 2020 | 50 min | Classificação indicativa Livre
Local: Biblioteca Mário de Andrade
Dias 5/3, terça, às 16h e 6/3, quarta, às 16h
Ingressos grátis – No dia do espetáculo, a bilheteria será aberta com uma hora de antecedência para retirada de ingressos.
Sinopse: Na língua do povo kariri, “ané” significa sonho vivo. Para eles, as pedras são seres vivos que sentem e falam: em tempos difíceis, vão até o terreiro, colhem uma pedra, conversam com ela e a devolvem à natureza. Esta obra é um ritual de plantação de pedra, como quem conta um sonho. A performance integra a trilogia da Coletiva Flecha Lançada Arte, que adentra à terra e dispara seu olhar indígena sobre ela. Entendendo a cena como uma roça, na qual as sementes são preservadas, a terra tratada e o plantio realizado coletivamente, a artista indígena Barbara Matias e a liderança espiritual Idiane Crudzá se reúnem com público em volta de uma fogueira. Ali, tal qual um oráculo indesvendável, convidam a um ato contracolonial, um momento de encontro e de cura.
Dança Monstro
Cia. dos Pés
Maceió (AL), 2019 | 55 min | Classificação indicativa 16 anos
Local: Tendal da Lapa
Dias 7/3, quinta, às 19h e 8/3, sexta, às 19h
Ingressos: R$ 20 (inteira)/ R$ 10 (meia entrada) no site do Sympla
Sinopse: Último espetáculo da trilogia da Cia. dos Pés, que investiga as relações entre dança, ambiente e cultura, a obra toma a nudez como ponto de partida para buscar uma conexão com o que há de mais essencial em nós enquanto seres da natureza. Com os pés fincados ao chão e a cabeça conectada ao céu, os performers se lançam numa espiral umbilical e universal, propondo uma perspectiva circular da existência e horizontalizando o olhar para as possibilidades de conhecimentos abarcadas pelo corpo. A dramaturgia, estruturada na imbricação entre som e movimento, encontra nas danças tradicionais brasileiras um lugar de identidade, dialogando com as manifestações populares do tambor de crioula e o toré indígena, além de princípios do tai chi chuan.
EU NÃO SOU SÓ EU EM MIM – Estado de natureza – procedimento 01
Grupo Cena 11
Florianópolis/SC | 60 min | Classificação indicativa 16 anos
Local: Teatro Paulo Autran – Sesc Pinheiros
Dias 5/3, terça, às 20h30, 6/3, quarta, às 20h30 e 7/3, quinta, às 20h30
Ingressos: R$ 50 (inteira)/ R$ 25 (credencial plena e meia entrada)
Sinopse: O espetáculo propõe um contraponto anarco-coreográfico sobre o conceito de “povo brasileiro”, presente na obra do antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997), com o objetivo de horizontalizar hierarquias entre linguagem e comportamento. No corpo do grupo Cena 11, dançar é um campo de conhecimento composto pela articulação entre a força da gravidade e os músculos, os ossos e as emoções. Uma dança proposta como um ecossistema algorítmico, modulando as relações entre alteridade, identidade, comportamento e linguagem, para a transdução em coreografia. Com concepção e direção de Alejandro Ahmed, a obra é o primeiro procedimento de aplicação teórico-prática do novo projeto do grupo, que utiliza dispositivos estruturados em inteligência artificial para construir um ecossistema coreográfico.
Eunucos
Irmãs Brasil
São Paulo e Rio de Janeiro (SP/RJ), 2019 | 40 min | Classificação indicativa 18 anos
Local: Biblioteca Mário de Andrade
Dias 5/3, terça, às 17h e 6/3, quarta, às 17h
Ingressos grátis – No dia do espetáculo, a bilheteria será aberta com uma hora de antecedência para retirada de ingressos.
Sinopse: Criado durante a residência artística da primeira turma da Escola Livre de Artes da Maré, no Rio de Janeiro, o trabalho propõe uma reflexão sobre processos históricos de castração, tecnologias de transição e performances de gênero. Utilizando elementos performativos da dança e do teatro, as Irmãs Brasil negociam a vida e o desejo em cena: a criação da obra também marca o início do processo de transição das artistas. Operando imagens e signos corporais de maneira crua, suas existências assumem formas de cavalos selvagens, de sereias e de Liliths que atravessam o tempo e o espaço, ativando um ritual de morte e de ressurreição.
Gente de Lá
Wellington Gadelha
Fortaleza (CE), 2018 | 50 min | Classificação indicativa 14 anos
Local: Sala Ademar Guerra – CCSP – Centro Cultural São Paulo
Dias 8/3, sexta, às 18h e 9/3, sábado, às 18h
Ingressos: R$ 20 (inteira)/ R$ 10 (meia entrada) no site do Inti
Sinopse: Um instante poético de denúncia e de afronta é proposto por Wellington Gadelha nesta ação cênica preta, favelada, urbana e transversal. O artista cearense parte da investigação de um corpo roleta-russa para refletir questões urgentes que vão das chacinas cotidianas na cidade de Fortaleza, no Ceará, ao massacre estrutural da população negra no país. Atravessada pelas artes visuais, a obra cria e recria as formas e os sentidos dos objetos com os quais o performer se relaciona em cena. Entre matrizes de movimentos e improvisação, cujo som encontrou no funk 150 bpm seu termômetro, o solo traz a emergência como dispositivo dramatúrgico e constrói uma corporalidade capaz de perfurar as fronteiras pré-estabelecidas para o negro na dança, repensando territórios, violências e circuitos subjetivos da segregação étnico-racial e espacial no contexto urbano. Numa encruzilhada onde vida e arte se esbarram, a performance é um exercício para um disparo e um convite à reflexão.
Lança Cabocla
Plataforma Lança Cabocla
São Luís, Fortaleza, Salvador e São Paulo (MA, CE, BA e SP), 2021 | 60 min | Classificação indicativa 14 anos
Local: Sala Ademar Guerra – CCSP – Centro Cultural São Paulo
Dias 6/3, quarta, às 18h e 7/3, quinta, às 17h
Ingressos: R$ 20 (inteira)/ R$ 10 (meia entrada) no site do Inti
Sinopse: O espetáculo multimídia nasce de estudos da performatividade em danças populares e afrodiaspóricas, transitando entre o pensar e o dançar contemporâneo e as cosmologias ancestrais. Investiga um dançar-aparição, aliado às plantas de proteção e às danças de caboclo. Os performers propõem uma experiência multissensorial na qual o público é convidado a construir conjuntamente o espaço. A ação ocorre simultaneamente entre a criação sonora desenvolvida em tempo real por Runa Francisc e a dança-travessia realizada por Tieta Macau, Abeju Rizzo e Inaê Moreira. Neste percurso, entre o escuro e o invisível, surgem macumbarias dançantes e sonoras.
Meu Corpo Está Aqui
Fábrica de Eventos
Rio de Janeiro (RJ), 2023 | 60 min | Classificação indicativa 16 anos
Local: Sala Olido – Centro Cultural Olido
Dias 7/3, quinta, às 18h e 8/3, sexta, às 16h
Ingressos: R$ 20 (inteira)/ R$ 10 (meia entrada) no site do Sympla
Sinopse: Partindo das experiências pessoais de atrizes e atores PCDs (pessoas com deficiência), a peça traz um jogo entre as pulsões e os obstáculos encontrados por eles em suas descobertas afetivas e sexuais. Em cena, o elenco fala abertamente sobre relacionamentos, corpos e desejos por meio de depoimentos ficcionalizados pelas artistas cariocas Julia Spadaccini, idealizadora do projeto e também pessoa com deficiência, e Clara Kutner. Questionando com ironia e lirismo concepções culturais e históricas a respeito do que é considerado “normal”, o espetáculo celebra estes corpos invisibilizados socialmente e aprofunda as reflexões sobre suas subjetividades.
O que mancha
Beatriz Sano e Eduardo Fukushima
São Paulo (SP), 2021 | 35 min | Classificação indicativa Livre
Local: Sala Adoniran Barbosa – CCSP – Centro Cultural São Paulo
Dias 6/3, quarta, às 19h30 e 7/3, quinta, às 19h
Ingressos: R$ 20 (inteira)/ R$ 10 (meia entrada) no site do Inti
Sinopse: Neste primeiro espetáculo dirigido e dançado por Beatriz Sano e Eduardo Fukushima, os dois borram os limites dentro e fora do palco. No trânsito entre os papéis de coreógrafos, diretores e dançarinos, a dupla constrói a obra a partir da vibração imbricada entre voz e movimento. A ação de produzir som e gesto ao mesmo tempo faz com que noções de dualidades, como a de humano e animal, mulher e homem e matéria viva e morta sejam desestabilizadas. Misturados um no outro, os dois mancham as fronteiras corporais e trafegam por sonoridades captadas e retrabalhadas ao vivo numa mesa de edição. Neste fluxo, investigam outras formas possíveis de comunicação e dão espaço para que duas existências possam alargar os imaginários de suas relações.
Preta Rainha
Cia. Dita
Fortaleza/CE, 2023| 45 min | Classificação indicativa 10 anos
Local: Sala Olido – Centro Cultural Olido
Dias 4/3, segunda, às 16h e 5/3, terça, às 19h
Ingressos: R$ 20 (inteira)/ R$ 10 (meia entrada) no site do Sympla
Sinopse: O solo autobiográfico de Wilemara Barros, uma das mais importantes bailarinas brasileiras de sua geração, gira em torno de sua trajetória de 50 anos no universo da dança. A artista revisita suas memórias afetivas, tomando para si o legado cultural e ancestral vindo da família: dança, canto, percussão e crença tomam a cena. Com direção de Fauller, coreógrafo e fundador da Cia. Dita, o solo também dá continuidade aos diálogos e pensamentos da artista acerca do corpo negro e suas possibilidades na dança. Mergulhando no passado para caminhar no presente, Wilemara atravessa o tempo e o espaço tornando seu corpo um lugar político e poético.
Serviço
MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo
1º a 10 de março de 2024
Informações e ingressos em www.mitsp.org
Locais:
Biblioteca Mário de Andrade (R. da Consolação, 94 – República, São Paulo-SP)
Centro Cultural Olido (Av. São João, 473 – Centro Histórico de São Paulo, São Paulo-SP)
CCSP – Centro Cultural São Paulo (R. Vergueiro, 1000 – Vergueiro, São Paulo-SP)
Theatro Municipal de São Paulo – Cúpula (Praça Ramos, s/n – Centro, São Paulo-SP)
Itaú Cultural (Av. Paulista, 149 – Bela Vista, São Paulo-SP)
Teatro Cacilda Becker (R. Tito, 295 – Lapa, São Paulo-SP)
Teatro Paulo Autran – Sesc Pinheiros (Rua Paes Leme, 195 – Pinheiros, São Paulo-SP)
Teatro Antunes Filho – Sesc Vila Mariana (R. Pelotas, 141 – Vila Mariana, São Paulo-SP)
Teatro Anchieta – Sesc Consolação (Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, São Paulo-SP)
Teatro Arthur Azevedo (Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca, São Paulo-SP)
Teatro do Sesi-SP (Av. Paulista, 1313, São Paulo-SP)
Tendal da Lapa (R. Guaicurus, 1100 – Água Branca, São Paulo-SP)
Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona (Rua Jaceguai, 520 – Bela Vista, São Paulo-SP)
Programação completa no site www.mitsp.org