Quatro das cinco rodovias federais brasileiras com maior número de sinistros de trânsito passam por Minas Gerais. Segundo ranking da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a campeã de acidentes é a BR-101, com 8.536 ocorrências registradas entre janeiro e setembro deste ano. Na segunda posição aparece a BR-116, com 7.979 ocorrências, seguida pelas BR-381 (2.414); BR-040 (2.316) e BR-153 (1.869).
O ranking das rodovias mais letais é liderado pela BR-116, com 559 mortes registradas entre janeiro e setembro de 2023. Na segunda posição aparece a BR-101, com 487 óbitos, seguida pela BR-163, que registrou 204 mortes.
Nova alta
De janeiro a outubro de 2023, 4.633 pessoas morreram em 55.464 sinistros nas rodovias federais. No mesmo período do ano passado foram registradas 4.552 mortes em 53.503 sinistros. “O número de mortes e sinistros em 2023 vai superar o de 2022 e isso é inaceitável, estamos caminhando na direção contrária à meta estipulada pela ONU de redução de, pelo menos, 50% de lesões e mortes no trânsito, até 2030. A segurança viária precisa ser encarada como uma política pública que salva vidas, reduz o uso dos já escassos recursos do SUS e que diminui os custos do governo com a previdência. Cada vida perdida no trânsito impacta diretamente a economia do país”, comenta o diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), Alysson Coimbra.
Vias sucateadas
Sinistros de trânsito são causados, majoritariamente, por fatores humanos como a desatenção e a imprudência, mas as condições estruturais da malha viária potencializam essas ocorrências. A mais recente pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) revelou que a conservação de 67,5% da malha viária é classificada como regular, ruim ou péssima. “O sucateamento das rodovias vai muito além dos buracos e da péssima qualidade do asfalto. Falta sinalização adequada, um controle sequencial de velocidade nos pontos com maior número de sinistros e uma normatização para o tráfego de veículos pesados, que são os que causam os sinistros mais letais. 65% da carga do país é transportada pelas rodovias, é preciso considerar esse número na elaboração de ações para garantir a segurança nas rodovias, como a construção de áreas de escape em trechos críticos, a criação de corredores exclusivos e a limitação de horário para o tráfego de cargas especiais”, avalia o especialista.
Tragédias constantes
Minas Gerais tem a maior malha rodoviária do Brasil e tem sido palco, nos últimos meses, de graves sinistros de trânsito, como o que deixou 6 mortos na BR-381, em 27 de novembro, e o que matou 7 torcedores do Corinthians, em agosto, no mesmo trecho da rodovia. No último dia 5, o cantor Zé Neto, ficou ferido em um sinistro ocorrido na BR-153, em Minas.
A série de sinistros revela a urgência em adotar medidas para garantir a segurança dos usuários das vias. “No caso de Minas, a BR-040 tem um problema grave que é tráfego intenso de veículos pesados que transportam minério. Na Fernão Dias há uma falha da concessionária em adotar medidas para mitigar esses acidentes relacionados também a falhas mecânicas em veículos de grande porte”, pontua Coimbra.
Rodovias que perdoam
O especialista destaca que a gestão pública do trânsito precisa contar com a previsibilidade do erro. “Já sabemos que o fator humano está relacionado a 90% dos sinistros, então temos que adotar medidas para que as rodovias perdoem essas falhas humanas. Esse conceito de rodovia que perdoa engloba ações como a sinalização adequada, tanto horizontal quanto vertical; qualidade do asfalto; instalação de defensas metálicas adequadas; modificações no traçado da via e outras ações que possam minimizar a gravidade dos ferimentos e o risco de mortes, como áreas de escape”, completa.
Ranking das rodovias com o maior número de acidentes em 2023
1. BR-101: 8.536
2. BR-116: 7.979
3. BR-381: 2.414
4. BR-040: 2.316
5. BR-153: 1.869
Fonte: Polícia Rodoviária Federal (PRF)
Ranking das rodovias com o maior número de mortes em 2023
1. BR-116: 559
2. BR-101: 487
3. BR-163: 204
4. BR-153: 177
5. BR-040: 151
Fonte: Polícia Rodoviária Federal (PRF)