Com a proximidade do mês de julho, o setor hoteleiro já se prepara para receber um grande volume de hóspedes no período de férias escolares. Nesta época, dependendo do destino, há um aumento de 30% ou mais na taxa de ocupação e a maior procura é por hotéis de lazer, como pousadas, resorts e fazendas.
Para atrair os turistas nesta que também é considerada alta temporada, tanto as redes quanto os hotéis independentes têm oferecido atividades que ampliam o interesse dos hóspedes, como gastronomia, ações esportivas, shows, minicursos, além de brincadeiras monitoradas para as crianças e adolescentes. Nos hotéis fazenda também há a integração em sua estrutura de atividades exclusivas para as crianças, como ordenha, visita na fazendinha, passeio a charrete, pôneis entre outros.
“Já nos resorts, o hotel é o destino e os hóspedes normalmente não têm a intenção de sair para conhecer a região. A sua estrutura já conta com atividades de lazer, restaurantes, piscinas, quadras, massagens, academia, entre outros, contemplados na diária ou no valor dos pacotes. Os resorts tem como diferencial conseguir oferecer uma oportunidade de imersão no destino, ofertando experiências mais ricas, design arrojado e propostas diferenciadas de gastronomia”, explica Marcelo Boeger, consultor na Hospitallidade Consultoria e coordenador do Grupo de Excelência em Administração Hoteleira – GEAH, do Conselho Regional de Administração de São Paulo – CRA-SP.
Além dos hotéis de lazer, aqueles voltados aos negócios também são impactados com uma maior demanda no mês de julho. Com o aumento do trabalho remoto, eles recebem os efeitos do chamado bleisure (junção das palavras business/negócios e leisure/lazer) em que executivos estendem a viagem a trabalho para aproveitar o tempo livre visitando pontos turísticos do local onde estão. “Existe também muita procura para realização de congressos e eventos em hotéis destas regiões, quando há o aproveitamento de toda estrutura de lazer existente, juntando o útil ao agradável”, esclarece Boeger.
Destinos em alta
Os destinos mais procurados neste período atendem a todos os gostos e bolsos. Para quem curte o frio e quer aproveitar o recesso escolar para esquiar ou simplesmente ver a neve, Boeger sugere roteiros internacionais clássicos e próximos ao Brasil, como Bariloche (Argentina), Vale Nevado (Chile) e Patagônia Argentina, incluindo os destinos de Ushuaia e El Calafate.
Para aqueles que preferem lugares mais quentes, mas sem sair do país, o consultor comenta que os estados de Pernambuco, Ceará e Bahia, no Nordeste, costumam liderar o ranking de ocupação hoteleira. Já para quem busca o clima de serra, lugares como Gramado e Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, são os mais procurados nesta época. No Centro-Oeste, a tradicional cidade de Caldas Novas, em Goiás, também recebe um grande número de turistas.
Boeger menciona, ainda, que os hotéis de lazer do estado de Santa Catarina recebem altas demandas de hóspedes do Paraná, São Paulo e do Sul do país, bem como do próprio estado, e oferecem excelentes opções de hospedagem.
“Já em locais como o Rio de Janeiro, que tem uma enorme demanda turística durante todo o ano, há um enorme incremento na busca por regiões mais frias, como Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, Itatiaia, entre outras. O mesmo ocorre em São Paulo, com os hotéis das regiões de Campos do Jordão, Serra Negra e a tradicional Monte Verde (no sul de Minas Gerais)”, revela Boeger.
Dicas para economizar
Viajar na alta temporada nem sempre é um bom negócio, porque os valores de hospedagens e traslados são bem mais elevados. No entanto, para muitas famílias esta é a única época do ano em que todos podem viajar juntos. Para quem não quer abrir mão do momento de descanso, mas não pode gastar muito, o coordenador do GEAH orienta a fazer as reservas e planejar a viagem com antecedência. “Isso permite encontrar valores de pacotes mais interessantes do que nas compras de última hora. Quando existem poucas unidades disponíveis, o preço de véspera regulado pela oferta e demanda aumenta à medida que as unidades habitacionais vão sendo ocupadas”, explica Boeger.
As viagens regionais feitas de carro também podem ser uma boa opção. Segundo Boeger, a escolha por esses destinos possibilita a economia com os gastos extras, como o aéreo e a locomoção na região de destino. “Existem boas opções de hotéis de turismo e de resorts em todo país e uma rápida busca nas plataformas de viagens poderá surpreender positivamente quanto às possibilidades existentes. Com a economia destes gastos extras é possível usar os recursos para uma melhor hospedagem”, sugere o consultor.
Outra alternativa, que nos últimos anos tem favorecido o turismo em tempos de férias escolares, é a multipropriedade imobiliária, também conhecida como time sharing. Nesse modelo, cada proprietário possui o direito a uma fração do imóvel de veraneio e poderá utilizá-lo por um período de tempo ao longo do ano, que pode variar de semanas ou datas rotativas, de acordo com o contrato estabelecido.
“O consultor de negócios Alexandre Mota, que atua especificamente com Estudos de Viabilidade para Hotelaria, explica que esse tipo de investimento compartilhado já atingiu 200 empreendimentos no Brasil, a maior parte deles já em operação. Normalmente estes apartamentos têm capacidade para quatro a seis pessoas, estão presentes em praticamente todos os estados brasileiros e contam com grande estrutura de lazer. A multipropriedade possui o programa de uso dos proprietários, o que é importante para o turismo familiar e, claro, para os períodos de férias. A gestão deste tipo de empreendimento faz com que o pool hoteleiro abra oportunidade para todos se hospedarem e, assim, as viagens em família tornam-se mais econômicas”, finaliza Boeger.