Com as Olimpíadas de Paris, a segurança dos atletas, o bom funcionamento dos jogos e a preservação do meio ambiente estão no centro das preocupações. A limpeza de áreas aquáticas como praias, mares e rios, incluindo o emblemático Rio Sena, é crucial para garantir um ambiente seguro e saudável para competições de esportes aquáticos como vela, surf, triatlo, canoagem e remo.
Um dos tipos de poluição mais perigosos, mas poucos falados, é a poluição causada por redes de pesca abandonadas, conhecida como pesca fantasma. Essa prática resulta na presença de redes de pesca descartadas nos oceanos, que continuam a capturar e matar a vida marinha, danificar o ambiente aquático e representar riscos significativos para os seres humanos. A remoção dessas redes é fundamental para evitar ferimentos graves aos atletas e garantir a segurança das competições aquáticas.
A pesca fantasma resulta em impactos devastadores. No Brasil, estima-se que quase 69 mil animais marinhos sejam afetados diariamente, totalizando aproximadamente 25 milhões ao longo de um ano. Além disso, cerca de 580 kg de redes de pesca são deixadas no mar diariamente, causando sérios danos ao ecossistema marinho e representando riscos para a segurança dos atletas nas competições aquáticas.
A poluição marinha causada pela pesca fantasma pode levar a ferimentos graves nos atletas, problemas respiratórios devido à degradação do material plástico e até a interrupções nas competições devido ao acúmulo de detritos. Esse cenário adverso exige ações imediatas e coordenadas para a remoção e reciclagem dessas redes, garantindo um ambiente seguro para as competições.
As Olimpíadas de Paris representam uma oportunidade única para aumentar a visibilidade sobre a questão da pesca fantasma e mobilizar ações globais para combater essa forma de poluição. Paris está investindo fortemente em infraestrutura para melhorar a qualidade das águas do Rio Sena, com um orçamento de 1,4 bilhão de euros (cerca de R$ 7,6 bilhões) destinados à captação de água da chuva e à mitigação da entrada de esgoto no rio. A cidade tem o objetivo ambicioso de reduzir pela metade a pegada de carbono dos Jogos Olímpicos em comparação com edições anteriores, e a limpeza das áreas aquáticas desempenha um papel crucial nesse compromisso.
Organizações e iniciativas ao redor do mundo, como a Marulho no Brasil, estão se destacando na luta contra a pesca fantasma. A Marulho, uma organização brasileira com sede em Ilha Grande (RJ), dedica-se à reciclagem de redes de pesca para produzir produtos sustentáveis. A iniciativa transforma desafios ambientais em oportunidades econômicas, contribuindo para a preservação dos ecossistemas marinhos e promovendo a segurança em esportes aquáticos.
“A reciclagem de redes de pesca é fundamental não apenas para a preservação dos ecossistemas marinhos e a segurança dos esportistas, mas também para a proteção da vida marinha em geral. A pesca fantasma representa uma ameaça significativa, e seu impacto é visível em eventos de grande escala como as Olimpíadas, onde a segurança e a qualidade das competições podem ser comprometidas. Na Marulho, estamos empenhados em transformar resíduos em recursos, promovendo a sustentabilidade e a conscientização sobre a poluição marinha para garantir um ambiente mais seguro e saudável para todos”, afirma Beatriz Mattiuzzo, oceanógrafa e fundadora da Marulho.