A CAIXA Cultural São Paulo estreia em 23 de novembro a primeira exposição retrospectiva póstuma do artista Nelson Leirner (1932 – 2020). Com curadoria de Agnaldo Farias, a mostra Nelson Leirner – Parque de Diversões reúne 74 obras – algumas delas, realizadas em seus últimos anos de vida -, incluindo esculturas, pinturas, colagens, fotografias e objetos, oferecendo um panorama abrangente da produção multifacetada do artista ao longo de sua carreira.
Nelson Leirner foi um artista provocador, cuja obra buscava desafiar convenções e questionar o sistema da arte e da cultura de massa. Transitando por diversos suportes e linguagens, Leirner trouxe uma abordagem irônica e reflexiva à arte, mesclando elementos do popular e do erudito, e abordando questões políticas e sociais com um senso crítico. Sua obra explora temas como a banalização do consumo, a iconografia religiosa, e a própria sacralização do objeto artístico.
Leirner ganhou destaque a partir da década de 1960, sendo uma das figuras centrais no movimento de arte conceitual no Brasil. Sua obra, marcada pela crítica institucional e pela exploração das fronteiras entre arte e vida, permanece relevante e atual, destacando-se pela capacidade de dialogar com diferentes contextos e gerações.
Em trecho do texto curatorial presente no catálogo, Agnaldo Farias explica que “como se verá nesta exposição, Nelson Leirner fez sua carreira transgredindo desde o princípio, como artista e como professor, responsável pela formação de toda uma geração de artistas, produzindo arte, apesar dela mesmo, quer dizer, apesar da seriedade com que muitos a encaram, uma seriedade hipócrita, fingida, pois faz de conta que não percebe as incongruências do mundo em que ela está metida”.
O público terá a oportunidade de ver um panorama das últimas duas décadas da produção artística de Leirner, com trabalhos como Quadro a quadro – cem Monas (2012), no qual o artista multiplica e reorganiza a famosa imagem da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, em cem reproduções alinhadas em série, e lança mão de uma crítica bem-humorada e irônica à banalização dos símbolos artísticos pela cultura de massa; e Missa Móvel Dupla (2007), composta por duas plataformas móveis que carregam figuras religiosas de diferentes culturas e contextos – de santos católicos a ícones populares e símbolos do consumismo, como personagens de desenhos animados.
Há outras séries emblemáticas de Nelson Leirner na exposição, como a Sotheby’s (2010), uma das expressões mais diretas e irônicas da crítica que o artista sempre fez ao mercado de arte e aos mecanismos de consagração institucional.
Ao longo do período expositivo, a CAIXA Cultural São Paulo irá promover uma conversa aberta com o curador Agnaldo Farias. Mais detalhes serão divulgados em breve no site e redes sociais da instituição, bem como na rede social da exposição (www.instagram.com/nelsonleirnerparquedediversoes ).
Nelson Leirner – Parque de Diversões é uma exposição apresentada pela CAIXA Cultural, com patrocínio da CAIXA e Governo Federal Brasil – União e Reconstrução, apoio da Silvia Cintra + Box04 e realização da Phi + Cinnamon.
Sobre Nelson Leirner (São Paulo, 1932 – Rio de Janeiro, 2020)
Nelson Leirner foi um artista intermídia e um dos precursores da arte conceitual no Brasil. Viveu nos Estados Unidos, entre 1947 e 1952. De volta ao Brasil, estudou pintura com Joan Ponç em 1956. Entre 1960 e 1965, começou a trabalhar com “apropriações”, culminando com uma exposição com Geraldo de Barros na Atrium Galeria, que depois itinerou para o Museu de Arte Moderna de Buenos Aires. Participou da Nova Objetividade Brasileira no MAM Rio e Opinião em São Paulo, exposições que deram início ao movimento de vanguarda no Brasil. Em 1966, fundou o Grupo Rex, com Wesley Duke Lee e Geraldo de Barros. No mesmo ano, recebeu prêmio na Bienal de Tóquio, com os trabalhos Homenagem à Fontana, que deram início à realização de múltiplos no Brasil.
Ao longo de sua trajetória, Leirner participou de importantes exposições, como a Bienal de São Paulo (1967, 1989, 1994) e a Bienal de Veneza (1999) e foi reconhecido com premiações como o de Melhor Escultor pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) em 1981 e o Prêmio Mário Pedrosa do Conselho Brasileiro de Artes Visuais (2014). Entre suas exposições mais marcantes, estão a retrospectiva Através (1997), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e Nelson Leirner 2010-1961=50 anos (2011) no Museu Oscar Niemeyer.
Sobre Agnaldo Farias (Itajubá, 1955)
Agnaldo Farias é professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Atuou como curador geral no Museu Oscar Niemeyer (2017/2018), Instituto Tomie Ohtake (2000/2012) e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1998/2000). Também foi curador da 29ª Bienal de São Paulo (2010) da representação brasileira na 54ª Bienal de Veneza (2011), e da 3ª Bienal de Coimbra. Recebeu prêmios da APCA e da ABCA, incluindo o Prêmio Maria Eugênia Franco por melhor curadoria em 2011, pela exposição Nelson Leirner – 2011-1961=50 anos (SESI SP).
Serviço
Nelson Leirner – Parque de Diversões
Curadoria: Agnaldo Farias
Local: CAIXA Cultural São Paulo – Praça da Sé, 111, Centro
Abertura: 23 de novembro (sábado), às 11h
Período expositivo: de 23 de novembro de 2023 a 23 de fevereiro de 2024
Horário de visitação: de terça a domingo, das 9h às 18h
Classificação: Livre
Entrada Franca
Acesso a pessoas com deficiência
Informações: Site CAIXA Cultural / Instagram @ caixaculturalsp
Realização: Phi + Cinnamon
Patrocínio: CAIXA e Governo Federal