As vidas de Roberto Camargo, Luís Artur Nunes e Caio Fernando Abreu se cruzaram definitivamente em Paris, no início dos anos 90, e os encontros se repetiram até a morte precoce do escritor em 1996, aos 47 anos. A Maldição do Vale Negro, texto de Luíz Artur Nunes, em colaboração com Caio Fernando Abreu, recebeu o Prêmio Molière de melhor autor em 1988.
A ideia do espetáculo CAIO EM REVISTA surgiu em uma homenagem para o escritor, onde Roberto Camargo, um dos fundadores da Terça Insana, em meio aos textos mais densos e conhecidos de Caio trouxe “Bolero”, uma crônica escrita para a revista AZ, editada por Joyce Pascowitch, que comandou uma revolução editorial nos anos 80, trazendo personagens e a efervescente cena cultural de São Paulo para as suas páginas e capas. Ao lado de Caio, trabalhavam para as suas publicações a fotógrafa Vania Toledo, o jornalista Antonio Bivar e o artista Guto Lacaz, que assinava a direção de arte e que agora, em CAIO EM REVISTA irá assinar o cenário e toda a parte gráfica.
Os textos que compõem o roteiro abordam a relação de Caio com a cidade de São Paulo, suas memórias da infância e da juventude, sua visão crítica da sociedade e dos tipos urbanos que a compõem, como o bar Ritz, a novela Vale Tudo, a boite Madame Satã e as músicas de Rita Lee, Madonna e Chet Baker. Tudo isso temperado com a ironia fina e o humor cáustico e requintado que caracterizaram a vida e a obra do escritor, uma pessoa à frente do seu tempo, ligado em questões que só muito mais tarde viriam a ser discutidas.
“Sexo hoje em dia, para mim, é uma palavra envolta em brumas ainda mais densas do que as de Avalon. Um assunto pré-histórico, algo que as pessoas costumavam fazer umas com as outras antes que isso fosse considerado fatal”.
Caio Fernando Abreu
Em cena, Roberto será porta voz de Caio nos textos mais pessoais, falando em primeira pessoa sem qualquer tentativa de reproduzir as características físicas e vocais de Caio. Uma outra voz abarca dois heterônimos criados por Caio: as colunistas Nadja de Lemos e Terezinha O’Connor, figuras femininas (dentro de uma estética “camp”, é claro), que fazem uma crônica dos tipos humanos e comportamentos da fauna urbana da São Paulo (ou de qualquer megalópole) dos anos 80, revelando uma percepção aguda a apontar um dedo (de longa unha vermelho-ciclâmen) para as idiossincrasias da sociedade alternativa da época.
“Naja é aquela pessoa que faz ou diz maldades com classe, elegância, charme, inteligência, sabedoria e humor. Uma najice dói feito ácido porque é verdadeiríssima”.
Caio Fernando Abreu
Em CAIO EM REVISTA teremos um Caio Fernando Abreu um tanto diverso daquele intérprete das angústias e do mal-estar no mundo de sua geração. Roberto Camargo vestirá a roupa de um Caio memorialista e poético, de um Caio humorista e cronista, de um Caio cheio de graça e de luz.
Serviço
CAIO EM REVISTA
Gênero: Comédia
Indicação etária: 14 anos
Duração: 60 min
Temporada: de 5 de novembro a 17 de dezembro,
terças-feiras, às 20h
Ingressos: R$ 80 | R$ 40
Bilheteria abre duas horas antes do espetáculo
Link para compra online: www.sympla.com.br
Local: MI TEATRO | 58 lugares
(Restaurante El Mercado Ibérico)
Endereço: Rua Pamplona, 310 – Bela Vista – São Paulo (estacionamento ao lado do teatro)
Ficha Técnica
Espetáculo: CAIO EM REVISTA
Textos: Caio Fernando Abreu
Roteiro e Atuação: Roberto Camargo
Direção: Luís Artur Nunes
Assistência de direção: Patrícia Vilela
Projeto Gráfico: Guto Lacaz
Iluminação: Rodrigo Cordeiro
Figurino: Mareu Nitschke
Trilha Sonora: Roberto Camargo e Luís Artur Nunes
Edição de Trilha Sonora: André Omote
Direção de Produção: COLAATORES
Sobre ROBERTO CAMARGO
Roberto Camargo é ator e diretor de teatro, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1989. Quando ainda residia em Porto Alegre, integrou o Grupo Tear, de Maria Helena Lopes, atuando nos espetáculos A Piscina e Império da Cobiça. Dirigiu os espetáculos A Mulher Só e Rainhas da Pesada, ambos de sua autoria, e a comédia Lisístrata, de Aristófanes, pela qual ganhou os prêmios Açorianos e Quero-Quero de melhor direção. Também participou como ator nos espetáculos A Fonte, de Érico Veríssimo, com direção de Luís Arthur Nunes, e Parque extremo de Diversões, sob a direção de Élcio Rossini.
No começo dos anos noventa residiu em Paris, onde frequentou a École Nationale du Cirque, de Annie Fratellini, e o Studio Monika Pagneux. De volta ao Brasil foi assistente de direção de Luís Arthur Nunes, no Rio de Janeiro, nos espetáculos A Volta ao Lar, de Harold Pinter, e A Caravana da Ilusão, de Alcione Araújo.
Radicado em São Paulo desde 1996, integrou o Grupo XPTO, dirigido por Osvaldo Gabrieli, atuando nos espetáculos O Pequeno Mago, Buster o Enigma do Minotauro, Além do Abismo e A Tempestade, de Shakespeare. Após deixar o Grupo XPTO atuou no musical É Vinte! As Folias do Século, de José Henrique de Paula. Dirigiu os shows Disco Clubbing, do cantor Edson Cordeiro, e Viva a Diferença, da cantora Laura Finochiaro. Dirigiu também o espetáculo As Filhas de Lear, do grupo Le Plat du Jour.
Foi um dos fundadores da Terça Insana, espetáculo de humor com direção de Grace Gianoukas, onde permaneceu de 2001 a 2009 como ator e autor, atuou como Mestre de Cerimônias e criou mais de trinta personagens. Alguns de seus personagens podem ser vistos nos dois DVDs lançados pelo grupo: Terça Insana e Ventilador de Alegria. Após deixar a Terça Insana atuou nos espetáculos Vilcabamba, de Alexandra Golik, e Cabarecht, de Humberto Vieira e Cida Moreira.
Na TV, atuou no humorístico Sob Nova Direção e na novela Como Uma Onda, ambos na Rede Globo, e no telefilme Segundo Movimento Para Piano & Costura, de Marco Aurelio Del Fiol, para a TV Cultura de São Paulo. No cinema, atuou em Que Horas Ela Volta e Mãe Só Há Uma, ambos de Anna Muylaert. E no documentário Para Sempre Teu Caio F, de Candé Salles.
Sobre CAIO FERNANDO ABREU
Natural de Santiago do Boqueirão, no Rio Grande do Sul, Caio já nasceu escritor: Ainda menino escreveu o primeiro conto e aos dezenove anos produziu o romance Limite Branco. Trabalhou nos principais jornais e revistas do Brasil, como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Veja, Manchete, e as aqui citadas AZ e Around. Sua obra ganhou forma em contos, peças de teatro, romances, poemas e crônicas. Entre suas principais obras na dramaturgia estão O Homem e a Mancha, Pode Ser Que Seja Só o Leiteiro lá Fora e A Maldição do Vale Negro (escrita em parceria com Luís Arthur Nunes) pela qual foi premiado com o Molière de melhor autor. Na década de setenta viveu na Espanha, em Estocolmo, Amsterdã, Londres e Paris. Com seu primeiro livro de contos ganhou o prêmio da União Brasileira de Escritores. Foi duas vezes premiado com o Jabuti da Câmara Brasileira do Livro (em 1984 e 1989). Seus livros e textos foram traduzidos para diversas línguas. Morreu em Porto Alegre, no ano de 1996.
Sobre LUÍS ARTUR NUNES
Formou-se em Direção Teatral pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em cujo Departamento de Arte Dramática (DAD) começou a lecionar logo depois de formado. Obteve título de Mestre em Teatro pela State University of New York e de Ph.D. em Teatro pela City University of New York, com uma tese sobre a obra teatral de Nelson Rodrigues. Em 1990 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde lecionou na Escola de Teatro e no Programa de Pós-Graduação da UNIRIO, vindo a aposentar-se em 2004. Como diretor teatral, sua carreira se estende por mais de 40 anos, havendo dirigido mais de 80 espetáculos, em Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Nova York, Indianápolis e Memphis.
Como encenador, vem explorando diversos caminhos, tais como: a releitura de textos clássicos (A História Trágica do Doutor Fausto, de Christopher Marlowe, Mirandolina e Arlequim, Servidor de Dois Patrões, de Carlo Goldoni, Sonho de uma Noite de Verão e A Tempestade, de W. Shakespeare e farsas de Molière, Cervantes e Tchékhov, entre outros). Peças, contos e romances de Nelson Rodrigues (Vestido de Noiva, A Mulher sem Pecado, A Serpente, Engraçadinha Depois dos Trinta, contos de A Vida como Ela É... e crônicas jornalísticas). Teatralização de obras de ficção literária (contos e romances de autores como Érico Veríssimo, Henry James, Clarice Lispector, Voltaire, Rubem Fonseca, Machado de Assis e João do Rio, entre outros). Autores brasileiros contemporâneos (Alcione Araújo, Wilson Sayão, Caio Fernando Abreu, Samir Yazbek e Antônio Fagundes).
Em Porto Alegre recebeu 5 vezes o Prêmio Açorianos e 2 vezes o Prêmio Quero-Quero (SATED/RS) de melhor diretor. Foi agraciado com o Prêmio do Festival de Teatro de Canela pela contribuição ao teatro gaúcho. No Rio de Janeiro, A Maldição do Vale Negro, texto de sua autoria, em colaboração com Caio Fernando Abreu, recebeu o prêmio MINC/FUNDACEN de melhor espetáculo e o Prêmio Molière de melhor autor. A Vida como Ela É… recebeu os prêmios SATED/RJ de melhor espetáculo e melhor direção. Arlequim, Servidor de Dois Patrões, recebeu os Prêmios Qualidade Brasil de melhor espetáculo e melhor direção de comédia. Foi agraciado com o troféu ANCEC de Referência Artística e Cultural Brasileira pelo trabalho desenvolvido sobre Nelson Rodrigues.
Em São Paulo, Arlequim, Servidor de Dois Patrões também recebeu o Prêmio Qualidade Brasil de Melhor Espetáculo.