Os espetáculos, Os Desertores e A Causa Secreta do Coletivo de Teatro Alfenim, faz curta temporada no Sesc Belenzinho, Os Desertores e fica em cartaz do dia 16 de maio a 1ª de junho, as sextas e sábados às 20h e domingos às 17h. E A Causa Secreta, com apresentações apenas nos dias 6, 7 e 8 de junho, sexta e sábado às 20h, e domingos às 17h.
O Coletivo paraibano Teatro Alfenim mergulhou na obra e nos estudos do dramaturgo alemão Bertol Brecht (1898-1956) para discutir a atualidade social e política do Brasil em Desertores. Já o espetáculo A Causa Secreta é livremente inspirado no conto homônimo de Machado de Assis. Explora as regiões sombrias do comportamento humano.
O Coletivo de Teatro Alfenim apresenta Desertores, experimento cênico livremente inspirado na peça inacabada O declínio do egoísta Johann Fatzer, de Bertolt Brecht.
Com apoio do Programa Rumos Itaú Cultural (2017/ 2018), o experimento é resultado de um processo de estudos do Complexo Fatzer, reunião de cenas, diálogos, poemas, coros e apontamentos teóricos que o autor alemão produziu durante o período de 1926 a 1930.
Nesta obra monumental, Brecht procura refletir dialeticamente sobre a catástrofe da Primeira Grande Guerra, o impasse dos movimentos sociais e revolucionários e o prenúncio de movimentos totalitários como o Nazismo e o Fascismo.
A dramaturgia do experimento, a cargo de Márcio Marciano, parte da tradução inédita do Complexo Fatzer de Brecht, por Pedro Mantovani, que esteve em João Pessoa no início do processo de estudos para conversar com o grupo sobre a obra de Brecht, juntamente com Sérgio de Carvalho, da Companhia do Latão e José Antonio Pasta Jr.
O processo de estudos também contou com a participação do pesquisador e músico Walter Garcia, que compôs, juntamente com os integrantes do Coletivo Alfenim, a trilha do experimento.
Nota sobre o Complexo Fatzer?
Segundo nos informa Pedro Montovani, o conjunto de fragmentos denominado Complexo Fatzer compreende textos produzidos por Brecht no período de 1926 a 1930. O material é organizado em cinco fazes de trabalho denominadas “Fatzer Documento” acrescidas de um conjunto de notas teóricas a que o autor chama de “Fatzer Comentário” e que constitui uma espécie de programa para um “teatro-político-poético”.
De todo o material produzido, Brecht chegou a publicar em vida o fragmento que corresponde à quinta fase do trabalho, no primeiro caderno dos Versuche (Tentativas). O restante do material somente veio a público a partir das décadas de 1970 e 80. No Brasil, foram publicadas a organização de Heiner Müller em 2002, pela editora Cosac & Naif, com tradução de Christine Röhrig, e o fragmento correspondente à quinta fase, pela editora Paz e Terra em 1995, com tradução de Pedro Montovani, permanece inédito.
Sinopse
Em 1918, durante a Primeira Grande Guerra, após a sangrenta Batalha de Verdun, quatro soldados abandonam seu tanque de guerra e decidem desertar. Tidos como mortos, os quatro homens permanecem em clandestinidade em Mülheim, bairro fabril na Alemanha, sob a constante ameaça de serem presos e fuzilados como desertores. Apesar das dificuldades, os clandestinos lutam para conseguir comida e pactuam nunca se separar. Eles têm a esperança de que uma revolução coletiva possa pôr fim à guerra sem sentido, de modo que sejam perdoados. Os desertores acreditam poder tomar parte na desejada revolução.
Ficha Técnica do experimento Desertores
Elenco: Adriano Cabral, Edson Albuquerque, Emmanuel Vilar, Kevin Melo, Lara Torrezan, Mayra Ferreira, Murilo Franco, Paula Coelho, Vítor Blam
Cenografia: Márcio Marciano
Composição Musical: Kevin Melo, Mayra Ferreira, Márcio Marciano, Paula Coelho, Walter Garcia e Vitor Blam
Iluminação: Ronaldo Costa
Figurinos: Maria Botelho
Projeção: Gabriela Arruda
Animação: Nico Costa
Identidade Visual: Patrícia Brandstatter
Costura: Maria José
Serralheria: Anderson Galdino
Comunicação: Lara Torrezan
Produção: Gabriela Arruda
Dramaturgia e direção: Márcio Marciano
A Causa Secreta
A Causa Secreta é livremente inspirada no conto homônimo de Machado de Assis. A dramaturgia elege uma das mais sombrias narrativas do autor carioca com o interesse de levar à cena uma reflexão sobre o sadismo, afecção que secretamente se infiltra nas relações sociais de modo a transformar o “outro” em objeto de dominação e gozo hedonista. A montagem explora as regiões obscuras e inexplicáveis do comportamento humano para denunciar a opressão de gênero que assola a sociedade brasileira.
A partir de um insólito triângulo amoroso entre um médico, uma mulher em estado terminal e em estado terminal e seu marido – obcecado por experimentos científicos em torno da anatomia dos seres vivos – a peça investiga os limites éticos da ciência e do conhecimento.
Para construir o universo da narrativa machadiana, a montagem se utiliza de elementos do “Teatro de Variedades”, popular em fins do século XIX. Recorrendo a cenas que se constituem como “atrações” de uma fictícia “Companhia São Januário de Extravagâncias”, a peça discute em chave burlesca o desrespeito à ética e à verdade objetiva, bem como a construção de realidades paralelas que pautam as relações de dominação na atualidade brasileira, com ênfase à condição histórica de subalternidade do gênero feminino.
Para fugir à armadilha da reprodução pretensamente fiel ao ambiente da sociedade carioca em fins do século XIX, baseado num naturalismo de corte dramático e ilusionista, que se apresenta como realista, mas que não logra constituir-se como “sugestão do real”, a dramaturgia segue uma indicação do próprio Machado, que dialoga com os contos fantásticos de Hoffmann e Edgar Alan Poe, sem perder de vista as referências ao universo shakespeariano, tão recorrente em sua obra.
No conto, Machado dá notícia de um teatro de reputação duvidosa, localizado nas franjas da cidade, em São Januário. Esta referência pauta a encenação, que cria uma fictícia “Companhia São Januário de Extravagâncias”. É essa trupe de teatro de variedades que encena a história narrada no conto.
O recuo para o interior da maquinaria teatral permite à encenação operar as cenas como números de um roteiro de extravagâncias. Uma solução no campo alegórico para falar das perversões que intoxicam as relações sociais na atualidade. Desta forma, a encenação reproduz o programa de uma noite de variedades, oferecendo ao público números de “escapismo”, de “atirador de facas” e de “desaparição”, entremeados por cenas que narram a história.
Como forma de colocar em primeiro plano a discussão sobre a opressão de gênero numa sociedade patriarcal, a dramaturgia faz referência a poemas de Cecília Meireles e Pagu, duas autoras brasileiras que expressam em sua obra o inconformismo com a desigualdade entre homens e mulheres.
Também se vale de uma cena da tragédia Titus Andronicus, de Shakespeare, que é apresentada como atração principal do teatro de variedades. Para intensificar o caráter burlesco da encenação, a cena é representada no gênero “Grand Guignol”, sendo o sangue dos membros decepados da figura shakespeareana sugerido com veludo e fitas de cetim vermelho.
A cenografia, a iluminação e os figurinos operam pelo método da figuração metonímica, insinuando o todo pela economia dos elementos. Há, deliberadamente, a pista falsa de uma riqueza ostensiva, porém em decomposição. Algo que remete ao projeto de modernidade brasileira que sempre se interrompe no ato da destruição, sem dar o passo adiante. No espetáculo, assim como no conto, o gênero feminino é o epicentro do temor. Essa incompreensão, que parece se alastrar na sociedade contemporânea, é o tema central da encenação.
Como nos demais trabalhos do Alfenim, subvertemos a forma original de nossas fontes de estudo sem trair o seu conteúdo. Assim como no conto de Machado, o triângulo amoroso é mero pretexto para narrar o que está por trás das convenções sociais. Trata-se, em resumo, de refletir sobre a perversão que preside as relações de dominação presentes em nossa sociedade, e que se manifestam não apenas no âmbito das relações públicas, mas também no cotidiano das relações privadas.
A trilha original utiliza bases previamente compostas e momentos de improvisação, sendo que o músico em cena realiza a combinação dessa trilha pré-gravada com execução ao vivo de diversos instrumentos musicais como clarinete, percussão, teclado, berimbau, rabeca etc.
A experiência com a obra de Machado não é inédita no Coletivo Alfenim. Em 2015, o grupo partiu do estudo do romance Quincas Borba para a montagem de Memórias de um cão, espetáculo que circulou por diversas cidades do país em festivais e mostras, realizando temporada em São Paulo, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, entre outras, totalizando quase 100 apresentações.
Sinopse da peça:
A montagem explora as regiões sombrias e inexplicáveis do comportamento humano. A partir de um insólito triângulo amoroso entre um médico, uma mulher em estado terminal e seu marido (obcecado por experimentos científicos em torno da anatomia dos seres vivos), a peça investiga os limites da ciência e do conhecimento. Para construir o universo da narrativa machadiana, a montagem se utiliza de elementos do “Teatro de Variedades”, popular em fins do século XIX. Através de cenas que se constituem como “atrações” de uma fictícia “Companhia São Januário de Extravagâncias”, a peça discute em chave grotesca o desrespeito à ética e à verdade objetiva, bem como a construção de realidades paralelas que pautam as relações de dominação na atualidade brasileira.
Ficha Técnica:
Elenco: Adriano Cabral, Edson Albuquerque, Murilo Franco e Paula Coelho
Trilha Original e Execução ao Vivo: Kevin Melo
Figurinos e Adereços: João Marcelino
Iluminação: Ronaldo Costa
Cenografia: Márcio Marciano
Máscaras: Andrea Oliveira e Paula Coelho
Pintura de Arte do Tapete e Frontispício: Irapuan Júnior
Arte do Cartaz: Cecília Coelho Marciano
Maquiagem: Coletivo Alfenim
Costura: Deuza M&D Ateliê e Maria José M3 ateliê
Comunicação: Lara Torrezan
Produção: Gabriela Arruda
Dramaturgia e direção: Márcio Marciano
Coletivo de Teatro Alfenim
O Alfenim é um coletivo teatral surgido em 2007, com o objetivo de criar uma obra autoral com base em assuntos brasileiros. Trabalha com o conceito de dramaturgia em processo, no qual o texto de suas montagens é criado na sala de ensaios com a participação dos atores e demais artistas colaboradores. Visa à formação de plateias a partir de eventos paralelos às montagens.
Exercícios para uma cena dialética
De 20 a 29/5, das 19h às 21h.
Sala de Espetáculos I
A partir de 16 anos
Entrega de senhas com 30 minutos de antecedência
Através de exercícios de improvisação com base em cenas modelares da obra de Bertolt Brecht, a oficina introduz os fundamentos do método dialético para o desenvolvimento de uma prática dramatúrgica do ator em cena, pautada pelo princípio da contradição.
Serviço
Espetáculo: Os Desertores
De 16 de maio a 1º de junho. Sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 17h.
Ingressos: R$ 50,00 (inteira); R$ 25,00 (meia-entrada); R$ 15,00 (Credencial Plena)
Local: Sala de Espetáculos II (120 lugares). Duração: 90 min. Classificação: A16.
Espetáculo: A Causa Secreta
Dias 6, 7 e 8 de junho. Sexta e sábado, às 20h. Domingos, às 18h30.
Ingressos: R$ 50,00 (inteira); R$ 25,00 (meia-entrada); R$ 15,00 (Credencial Plena)
Local: Sala de Espetáculos II (120 lugares). Duração: 90 min. Classificação: A14.
Vendas no portal sescsp.org.br e nas bilheterias das unidades Sesc.
SESC BELENZINHO
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000.
Belenzinho – São Paulo (SP)
Telefone: (11) 2076-9700
sescsp.org.br/Belenzinho
Estacionamento
De terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h.
Valores: Credenciados plenos do Sesc: R$ 8,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 17,00 a primeira hora e R$ 4,00 por hora adicional.
Transporte Público
Metro Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m)
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