Com assinatura do grupo Garagem 21 e atuação de Eric Lenate e Helio Cicero, peça espanhola de Fernando Arrabal discute os caminhos do totalitarismo e o confronto entre civilização e barbárie, em montagem com traços distópicos
Escrita em 1967 pelo dramaturgo espanhol Fernando Arrabal, O Arquiteto e o Imperador da Assíria é uma das peças fundamentais da reflexão sobre o pós-guerra e o totalitarismo que culminou no confronto. Uma montagem do espetáculo criada pelo grupo Garagem 21, após temporada com lotação completa (mas reduzida pela pandemia) no Centro Cultural São Paulo, será exibida ao público entre 28 de outubro e 7 de novembro, de quinta-feira a domingo, às 20h, pelo Vimeo. A direção é de Cesar Ribeiro e no elenco estão os atores Eric Lenate (Arquiteto) e Helio Cicero (Imperador).
Sobre a montagem
Situada em uma ilha deserta, a peça se inicia com um desastre aéreo que leva seu único sobrevivente a entrar em contato com um nativo que jamais teve contato com outro ser humano. A partir dessa interação, o sobrevivente busca impor ao outro suas ideias de cultura e civilização.
O diretor reforça que o ponto central da encenação é abordar como determinados modos da narrativa, que representam uma visão da realidade, servem a um projeto totalitário de poder que se pretende salvador, mas que, para exercer essa ideia de salvação, constrói a destruição do outro, do divergente, seja por meio de crimes diretamente executados por agentes do Estado ou por diversos mecanismos de coerção e perseguição. “Trata-se de uma necropolítica, do constante retorno a modos de tratar o outro como inimigo, seja por aspectos morais, religiosos, econômicos, políticos, raciais, sexuais ou afins. O poder de agentes, intra ou extra Estado, de determinar quem é útil ou inútil a determinada sociedade e dispor sobre sua vida e sua morte. Esse princípio de aniquilação do outro visando a um suposto bem comum, sempre excludente, é característica de toda ditadura e de uma civilização em estado de guerra contra sua própria população, solidificando a barbárie como aspecto do cotidiano”, conclui.
Sobre o grupo Garagem 21
O grupo Garagem 21 surgiu em 2009, na cidade de São Paulo. Desde o princípio, centra suas pesquisas na investigação da ideia de poder e suas extensões no corpo social. Do ponto de vista estético, procura um híbrido do teatro com outras linguagens, como quadrinhos, videogames, desenhos animados e dança contemporânea, em busca de uma forma de fazer teatro relacionada à transformação social propiciada pelas novas tecnologias e capaz de fomentar um público contemporâneo e alheio ao teatro, além da continuidade do público usual.
SINOPSE
Em uma ilha isolada, um desastre aéreo conduz ao relacionamento entre o único sobrevivente do acidente e um nativo que nunca teve contato com outro ser humano, em que o primeiro tenta impor ao outro sua ideia de cultura e civilização.
TRECHOS DE CRÍTICAS
Se impondo como um dos principais espetáculos da temporada, O Arquiteto e o Imperador da Assíria é obra que desafia as convenções do teatro de absurdo convencional, mesclando linguagens e referências sem jamais excluir o público.
Bruno Cavalcanti – Observatório do Teatro Leia AQUI
Eric Lenate e Helio Cicero assumem suas personas com traços expressionistas. Extremamente imersos nos jogos das cenas, tanto da dramaturgia, quanto do
encenador, ambos estão notáveis em cena. Divertem-se, sofrem, lutam e dominam.
Celso Faria – E-Urbanidade Leia AQUI
Tudo é esplendor na encenação de Cesar Ribeiro, desde a portentosa trilha sonora assinada pelo diretor, a cenografia de J.C. Serroni, o desenho de luz de Aline Santini, os figurinos de Telumi Hellen e o visagismo de Louise Helène.
José Cetra – Palco Paulistano Leia AQUI
Nesse “grau zero”, em que ambos instauram um presente absoluto de angústia e desamparo, em que a História assume a dimensão de uma eterna repetição, tudo é ambivalente. E Cesar Ribeiro absorve essa dimensão em uma direção que explora o erótico no que é sacro, o cômico no trágico, o que há de baixo naquilo que é retoricamente elevado – tudo traduzido na atuação virtuosística de Cícero e Lenate, atores em pleno vigor físico que potencializam a confusão de sensações e nos instalam de modo incômodo e vivo diante do absurdo.
Rodrigo Alves do Nascimento – Cena Aberta – Leia AQUI
FICHA TÉCNICA
Projeto contemplado na 10ª edição do Prêmio Zé Renato
Texto: Fernando Arrabal
Direção, tradução e adaptação: Cesar Ribeiro
Elenco: Eric Lenate e Helio Cicero
Direção de produção: Kiko Rieser
Cenário: J. C. Serroni
Desenho de luz: Aline Santini
Figurinos: Telumi Hellen
Preparação de atores: Inês Aranha
Sonoplastia: Raul Teixeira e Mateus Capelo (efeitos sonoros) e Cesar Ribeiro (músicas)
Visagismo: Louise Helène
Assistência de direção: Andre Kirmayr
Assistência de produção: Jaddy Minarelli
Arte gráfica: Patrícia Cividanes
Fotos: Bob Sousa
Registro em vídeo: Nelson Kao
Assessoria de imprensa: Canal Aberto – Marcia Marques
SERVIÇO
Temporada online
28 de outubro a 7 de novembro, quinta-feira a domingo, 20h
Transmissão pelo Vimeo
Grátis
Duração: 120 minutos
Classificação: 16 anos
Gênero: tragicomédia
Este projeto tem apoio do Prêmio Zé Renato de apoio à produção e desenvolvimento da atividade teatral para a cidade de São Paulo – 10ª edição – 2019.