A Organização das Nações Unidas (ONU), 29 anos após a assinatura do Protocolo de Kyoto e da Rio 92 — dois marcos na divulgação da crise climática e nas tratativas para tentar freá-la –, alertou que a situação chegou em um ponto crítico mais rápido do que o previsto e, se mantiver o ritmo, as catástrofes climáticas serão cada vez mais frequentes. O cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na frente ambiental se tornou ainda mais urgente. “Estamos presenciando na realidade o que poderia fazer parte de filmes de ficção. Incêndios devastadores, cidades arrastadas por enxurradas, temperaturas extremas, rios secos”, diz Marcus Nakagawa, coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Sócioambiental.
O relatório de 42 páginas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) foi divulgado três meses antes da COP-26, a cúpula do clima, que ocorrerá em Glasgow, na Escócia. Segundo Nakagawa, o papel das empresas com relação ao clima fica cada vez mais importante. “Investir cada vez mais em energia limpa e renovável, colocar efetivamente o ESG no negócio, não só em ações paralelas, reduzir o impacto ambiental das atividades produtivas e de prestação de serviços e determinar metas ambiciosas para a redução da emissão de carbono são medidas que não podem esperar.”
Para Nakagawa, também é papel das empresas orientar o mercado em relação ao consumo consciente e ao impacto das escolhas individuais no futuro do planeta. Empresas também devem engajar seus fornecedores a produzir dentro de padrões rigorosos de respeito ao meio ambiente. “Um caso exemplar é o da Timberland, que foi categórica ao divulgar que não compraria mais insumos do Brasil, enquanto o país não estancasse o desmatamento e as queimadas”, afirma Nakagawa.