O grupo Magiluth estreia o seu mais novo espetáculo, Estudo Nº1: Morte e Vida. As apresentações acontecem no teatro do Sesc Ipiranga, até 20 de fevereiro de 2022, às sextas e sábados, às 21h, domingos às 18h.
Haverá também o curso presencial “Jogo da Pedra”, em que os artistas compartilham a metodologia de trabalho do grupo e como se dá o diálogo entre a obra, o texto de João Cabral de Melo Neto e os debates contemporâneos sobre migrações forçadas. A atividade será presencial, de 27 de janeiro a 17 de fevereiro, às quintas-feiras, das 16h às 20h. As inscrições acontecem a partir do dia 11 de janeiro, às 14h, no sescsp.org.br/inscricoes (as vagas são limitadas).
Depois de uma peça baseada em texto do autor francês Jean-Luc Lagarce (Apenas o Fim do Mundo), o Magiluth decidiu voltar seus olhos à literatura brasileira, desta vez com João Cabral de Melo Neto como elemento propulsor do debate. Mais do que trabalhar o “Morte e Vida Severina” textualmente, o grupo faz um estudo a partir dele. A obra atual, quase uma “peça-palestra”, usa o livro como disparador para discussões e como ele (escrito e lançado em 1954/55) se relaciona com questões contemporâneas.
Em Estudo Nº1: Morte e Vida estão apontadas urgências sobressaltadas nos últimos anos, como a questão da migração em busca de condições “melhores” e da relação desse homem com a terra, com o trabalho, com a morte e com o poder político; a questão climática, da seca, e como isso tem afetado a(s) vida(s) em várias partes do mundo; como o assunto é perpassado pela política, que enriquece os coronéis e quem está no poder, enquanto empobrece a população e não atende aos cuidados básicos; o trabalho e a uberização (e a ideia que a competição e a flexibilização só tem provocado mais desemprego e pauperização).
No decorrer da história do país, em inúmeras circunstâncias, pessoas foram levadas a deixar os seus territórios de origem em busca de melhores condições. Hoje, os “severinos” (personagem principal do poema) assumem várias nacionalidades e a migração tem outros encadeamentos. São essas relações que o Magiluth explora na peça-palestra.
A encenação
Para a direção de Estudo Nº1: Morte e Vida, o Magiluth convidou Luiz Fernando Marques, o Lubi – parceiro do grupo desde 2012 e diretor dos espetáculos Aquilo que meu olhar guardou para você e Apenas o Fim do Mundo, este último juntamente com Giovana Soar – e o ator e diretor Rodrigo Mercadante, que possui reconhecida experiência acerca de trabalhos cênicos construídos a partir de textos poéticos e não-dramáticos.
A ideia de estudo é muito presente. Elementos que geralmente ficam camuflados em uma encenação estarão aparentes aos olhos do público – como os sistemas de som e luz, por exemplo. “É um estudo no sentido de compartilhar a nossa aproximação no tema, mas também para que o público possa construir isso com a gente. É um convite de olhar para esse material, que é um clássico, mas com os olhos de hoje. E para isso a gente embaralha as cartas, coloca outras regras, de alguma forma muda algumas molduras nas quais esse tema está há muitas décadas encaixado e gera alguns deslocamentos”, diz Luiz Fernando Marques.
A trilha sonora reforça a ideia de ciclos da peça, com elementos originais e uso de músicas de artistas do punk e do hardcore de Pernambuco. A direção musical é de Rodrigo Mercadante.
Além disso, o título (morte e vida) vai estar presente o tempo todo, com vários começos e vários finais o tempo todo. Isso faz com que a peça tenha uma forma espiralar, parecendo que está sempre começando. “Pensando nesses fluxos migratórios, trazemos a linguagem do teatro. Assim, todos os recursos tão próprios do teatro – como as portas de entrada, de saída, a cortina, o terceiro sinal etc – e que têm a ver com a ideia de percurso serão destacados. E essas características dão a ideia de um jogo, uma partida nossa com o público. É a nossa terceira parceria e a gente gosta muito disso – de jogar e de jogar junto”, completa o diretor.
Grupo Magiluth
Em dezoito anos de trajetória, o Grupo Magiluth desenvolveu diversos trabalhos. Foram dez montagens de espetáculo, três livros publicados, a realização do Festival Pague Quanto Puder de Artes Integradas e inúmeras performances, intervenções urbanas e oficinas. Durante o período de suspensão social causado pela pandemia de COVID-19, criou uma trilogia de experimentos sensoriais em confinamento, composta pelas obras “Tudo que coube numa VHS”, “Todas as histórias possíveis” e “Virá”.
Sinopse
A partir do poema dramático Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, o Grupo Magiluth propõe um estudo cênico sobre a trajetória de imigrantes que deixam o sertão nordestino e seguem o caminho do rio, em busca de melhores condições de vida e trabalho. O olhar híbrido e inquieto do coletivo pernambucano se volta, neste espetáculo, para os movimentos migratórios gerados por adversidades climáticas, políticas e sociais, buscando observá-los tanto em suas analogias quanto na heterogeneidade de seu conjunto.
Ficha Técnica
Criação e Realização: Grupo Magiluth
Direção: Luiz Fernando Marques
Assistente de Direção e Direção Musical: Rodrigo Mercadante
Dramaturgia: Grupo Magiluth
Elenco: Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres e Mário Sergio Cabral
Produção: Grupo Magiluth e Amanda Dias Leite
Serviço
Presencial
Estudo Nº 1: Morte e Vida, com o Grupo Magiluth
Sesc Ipiranga
Rua Bom Pastor, 822 – Ipiranga – São Paulo SP | (11) 3340-2000
Até 20 de fevereiro de 2022, sextas e sábados às 21h, domingos, às 18h
Ingressos: R$ 40,00 (inteira) | R$ 20,00 (meia e/ou credencial plena)
*o uso de máscaras é indispensável para o acesso à unidade
Ingressos à venda pelo Portal Sesc SP e nas bilheterias da Rede Sesc a partir do dia 11 de janeiro (para vendas no Portal) e 12 de janeiro (para venda nas bilheterias).
Classificação indicativa: 16 anos
No Teatro (200 lugares)
Curso Jogo da Pedra, com Grupo Magiluth [presencial]
O curso Jogo da Pedra visa fomentar a construção, junto aos artistas-criadores, de metodologias de trabalho baseadas no mais recente processo criativo desenvolvido pelo Grupo Magiluth. O curso propõe, por meio de diálogos entre a obra de João Cabral de Melo Neto e debates contemporâneos acerca de migrações forçadas, uma investigação sobre as potencialidades de impulsos que deslocam posicionamentos, tanto no plano espacial e geográfico quanto nos aspectos simbólico e humano.
De 27 de janeiro a 17 de fevereiro, quintas das 16h às 20h
*o uso de máscaras é indispensável para o acesso à unidade
Inscrições a partir do dia 11 de janeiro, às 14h, no Portal Sesc SP: sescsp.org.br/inscricoes
Grátis (vagas limitadas)