JAMAC estreia projeto de intervenções artísticas na fachada do MAM São Paulo
A estampa criada pelo Jardim Miriam Arte Clube será impressa sobre telas que cobrem partes da fachada do museu. A obra funde elementos da construção civil com imagens derivadas da flora
O Museu de Arte Moderna de São Paulo estreia um projeto de intervenções artísticas em sua fachada, com um trabalho do Jardim Miriam Arte Clube – JAMAC, um coletivo simultaneamente artístico e social, liderado pela artista Mônica Nador, com um grupo de colaboradores do bairro paulistano do Jardim Miriam.
A obra consiste em estampas impressas sobre telas, com módulos de 15 metros de extensão, que irão ocupar partes da fachada do museu, na divisa entre a marquise do Parque Ibirapuera e o Jardim de Esculturas do MAM. Além disso, a obra protege o visitante da marquise no período que antecede a reforma desse marco da arquitetura moderna, espaço frequentado por skatistas, turistas ou interessados em arte.
Minha ideia sempre foi fazer com que o público se aproximasse da arte contemporânea e não a visse mais como algo incompreensível”, diz Mônica Nador. “Também é uma maneira de reduzir os abismos sociais. No nosso processo criativo, ensino os indivíduos a transformarem uma ideia abstrata em desenho e, em seguida, criar uma estampa em stencil”, ela completa.
O JAMAC traz ao MAM motivos de plantas e folhas que se intercalam em pares numa composição dinâmica e com fortes contrastes. O mesmo padrão é apresentado em diferentes versões com variações de fundos e cores, como o vinho, o amarelo, o laranja, o turquesa e o roxo.
“A obra do JAMAC possui uma vocação para o espaço aberto, público, de acesso livre e gratuito, tal como o Jardim do MAM. A intervenção que criaram para fachada do museu funde elementos da construção civil com imagens derivadas da flora. O projeto também traz a força da produção da periferia para o MAM e reforça a ideia de partilha entre a população e a arte que o espaço sugere”, comenta Cauê Alves, curador-chefe do museu.
Sobre o JAMAC
O Jardim Miriam Arte Clube (JAMAC) é um espaço cultural fundado em 2004 e localizado na Zona Sul de São Paulo. Criada pela artista plástica Mônica Nador, a instituição tem como objetivo construir processos de formação que estimulem encontros entre arte e vida, estética e política. Ações de formação e intervenções culturais fazem do grupo um facilitador artístico e social – agindo não só na comunidade com a qual dialoga, mas em toda a cidade ao passo que desenvolve noções de cidadania e coletividade.
Sobre Mônica Nador
Mônica Nador é formada em artes plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em São Paulo, e tem um currículo extenso: seu trabalho mais antigo data da década de 1980. Obteve o título de mestre pela ECA/USP por seu trabalho “Paredes Pinturas”, sob a supervisão de Regina Silveira. Também participou de exposições na Bienal de Arte de São Paulo em 1993 e 2006; na Bienal de Havana, em 2000, em Cuba; na OsloBiennalen, em 2019, na Noruega, entre outras.
Serviço:
Intervenção artística do JAMAC na fachada do MAM
Local: Jardim de Esculturas do Museu de Arte Moderna de São Paulo
Ingressos: Gratuito no MAM
Endereço: Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portões 1 e 3)
Horários: terça a domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30)
Telefone: (11) 5085-1300
Acesso para pessoas com deficiência
Restaurante/café
Ar-condicionado
MAM São Paulo estreia obra de Frederico Filippi em seu Jardim de Esculturas
A obra efêmera intitulada Cobra Grande terá o formato de uma corrente de desmate, ferramenta utilizada em derrubadas de mata no território amazônico, e contornará o Jardim em frente ao museu
Frederico Filippi. Detalhe da obra Cobra Grande (2022), no Jardim de Esculturas do MAM. | Foto: Estúdio em Obra
O Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM São Paulo – apresenta uma nova obra em seu Jardim de Esculturas, localizado no Parque Ibirapuera. Assinado pelo artista Frederico Filippi, o site specific Cobra Grande (2022) será uma obra temporária, de caráter efêmero, tendo em vista sua composição, que faz com que esteja sujeita às condições do dia a dia. A iniciativa faz parte das comemorações dos 30 anos do Jardim de Esculturas do MAM, a serem completados em 2023.
Nascido em São Carlos, interior de São Paulo, Filippi hoje vive e trabalha na capital paulista, e nos últimos seis anos tem se debruçado sobre questões da fronteira entre a floresta e o avanço da indústria. Cobra Grande é um trabalho que faz parte de uma série que ele vem desenvolvendo sobre dispositivos do desmate. “Minha pesquisa artística começou com relação à fricção entre matrizes de civilizações distintas a partir da invasão da América e com o tempo fui me interessando por esse lugar que fica no meio desse continente, e que é um lugar de disputa, que produz muita cobiça”, ele comenta.
Desde 2016, o artista trabalha em projetos de construção comunitária na região amazônica e no sudeste do Brasil. Essa proximidade do território fez com que sua pesquisa caminhasse para estudos sobre essa “fronteira do desmate”, como ele chama.
Em trabalhos anteriores desenvolvidos a partir desse mesmo lugar, Frederico trouxe reflexões sobre as ferramentas utilizadas no processo de desmatamento, como facões, correntes de motosserra e peças de maquinário. A obra no Jardim de Esculturas do MAM terá o formato de uma grande corrente, dispositivo utilizado como técnica de deflorestamento ostensivo nas matas. Cobra Grande será uma réplica em tamanho real dessa corrente que se liga a dois tratores em suas extremidades, colocando a baixo a vegetação de maneira rápida e brusca.
A grande corrente, que irá ocupar um grande espaço do jardim criado por Burle Marx na frente do museu, será feita de adobe, material bastante utilizado na bioconstrução – uma técnica tradicional de construção com barro como, por exemplo, o pau-a-pique – e será acomodada em formato de arco entre árvores da área externa do museu.
Composto de barro e fibras vegetais, o adobe é um material de baixo impacto ambiental. Cada um dos 180 elos da corrente será moldado a partir dessa mistura. As peças, porém, não passarão pelo habitual processo de queima, apenas secará à luz do Sol, ficando com um aspecto imagético muito similar ao ferro oxidado. Por não ser queimado, o material deve se desfazer em razão de fatores naturais e do dia a dia, como a chuva e os ventos.
O artista pontua que “a oposição de elementos naturais e industriais (cobra/corrente, barro/aço) constitui o conceito de ameaça e posteriormente deposição”. Segundo Frederico, existe, portanto, um contraste que também se revela na percepção do público sobre a obra, que a priori pode se mostrar feito de um material (ferro oxidado) e quando olhada com mais atenção se mostra outra coisa (adobe). “Esses descompassos sobre matérias também são bastante importantes para o trabalho”, afirma o artista.
“O trabalho de Frederico Filippi, a partir do barro, matéria retirada da terra e que para ela voltará, nos permite refletir sobre as técnicas perversas de desmatamento atualmente praticadas. No momento crítico em que o planeta Terra se encontra, na perspectiva da crise ambiental, a obra contribui para a chamar atenção para uma questão urgente e que é fundamental para a manutenção da biodiversidade e da vida de um modo geral”, reflete Cauê Alves, curador-chefe do MAM São Paulo.
Sobre o Jardim de Esculturas do MAM
Em 1993, o Museu de Arte Moderna de São Paulo inaugurou o Jardim de Esculturas com obras de seu acervo e da Prefeitura de São Paulo. A iniciativa criava um espaço único e diverso para a cidade, já acostumada com obras de arte em espaços públicos, mas que, agora, recebia uma exposição a céu aberto no parque mais visitado do país. O Jardim de Esculturas marca uma iniciativa que reavivou a coleção do MAM em um espaço próprio, gratuito e de grande circulação de pessoas – uma trajetória que completa 30 anos em 2023.
O projeto paisagístico foi encomendado para o escritório do emblemático arquiteto paisagista Burle Marx. Para o Jardim do MAM, Burle Marx criou uma lógica própria para a disposição dos volumes artísticos de características modernas, e combinou a paisagem, os volumes das obras e os intervalos numa fruição carregada de uma aparente informalidade das curvas, aproximando-se da arquitetura de Oscar Niemeyer ao seu redor, particularmente na marquise e na Oca.
As obras conformam um grupo heterogêneo, que mostra de forma assimétrica um recorte importante da produção tridimensional da arte contemporânea brasileira, centrada na segunda metade do século XX. Em grande parte, isso decorre de seu próprio histórico de conformação, já que algumas das obras foram legadas de diversas bienais e outras foram sendo acrescidas à medida que o MAM foi capaz de intervir no espaço. Assim, por exemplo, estão próximas obras como Exu mola de Jeep, de Mário Cravo, que participou da V Bienal de São Paulo – integrando o pavilhão Bahia de Lina Bo Bardi –, com a obra em aço de José Resende, doada ao mam pelo Itaú Cultural, que serpenteia o espaço. Em outra situação semelhante, tem-se a escultura em granito de Lélio Coluccini, A caçadora, pertencente à prefeitura de São Paulo, próxima de obras carregadas de uma racionalidade construtiva, como as esculturas de Amilcar de Castro e Franz Weissman.
A diversidade de origens e produções transmitem ao Jardim uma relevância individualizada na paisagem do Parque, que mobilizou o MAM diversas vezes ao longo desses 30 anos. Alterações foram feitas no conjunto das obras dispostas, exposições temporárias ocorreram eventualmente, grandes restauros e projeto de iluminação, além da atuação perene do Educativo do mam nesse espaço.
Mais informações sobre o conjunto de 30 obras do Jardim estão disponíveis no site do museu.
Sobre o MAM São Paulo
Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.
O Museu mantém uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em Libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.
Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.
Serviço
Inauguração da obra Cobra Grande, de Frederico Filippi
Local: Jardim de Esculturas do Museu de Arte Moderna de São Paulo
Ingressos: Gratuito no Jardim de Esculturas do MAM
Endereço: Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portões 1 e 3)
Horários: terça a domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30)
Telefone: (11) 5085-1300
Acesso para pessoas com deficiência
Restaurante/café
Ar-condicionado