De acordo com o Wine Intelligence Global Compass Classification, ranking que lista os mercados mais promissores para o vinho, o Brasil subiu 12 posições no último ano e ficou na 14ª posição. Uma outra pesquisa feita pela Wine Inteligence constatou que o país dobrou o número de consumidores de vinho no comparativo entre os anos de 2010 e 2021. Mas, com tantas variedades de tipos e castas, fica difícil escolher o vinho ideal para cada tipo de pessoa ou ocasião.
Basicamente, o vinho possui três colorações distintas: tinto, branco ou rosé. No entanto, seus sabores e aromas são definidos pelos tipos de uva, e há mais de dez mil deles. No mundo dos vinhos, podemos separar as uvas em duas categorias: Vitis vinifera (viníferas), que são as responsáveis pelos vinhos finos, e as Vitis labrusca (não viníferas), usadas para fazer suco ou vinhos de mesa.
E mesmo com toda essa abundância de tipos, existem diferentes tipos de uvas que são utilizadas na produção de vinhos, como é o caso da Touriga Nacional, conhecida como a rainha das uvas de Portugal; da Encruzado, que dá origem a vinhos encorpados, ricos e com aromas frutados; da Castelão, uva com grande concentração aromática e Alvarinho, conhecida também como a mais importante uva branca de Portugal. Com uma variedade tão grande à disposição, o ideal é a pessoa ter suas preferências bem definidas ao escolher o vinho que mais lhe agrada. Para isso, é necessário experimentar, pelo menos, os principais tipos a cada oportunidade, sempre prestando atenção no tipo de uva com o qual foi produzido, suas características e forma de cultivo.
Em se tratando de uma bebida quase tão antiga quanto a história da civilização, e consumida em larga escala ao redor do mundo, não é de se espantar que muitas lendas a seu respeito ainda persistam, mesmo em pleno século XXI. Uma delas é sobre sua qualidade ser diretamente proporcional ao preço. No mercado de vinhos, algumas peculiaridades, que fazem com que sua oferta seja muito menor do que a demanda, influenciam diretamente em seu valor, como unidades limitadas de uma safra específica. E embora a qualidade desses vinhos seja incontestável, não quer dizer que vá agradar ao paladar de todos. Geralmente é o contrário: apenas uma pequena quantidade de pessoas que dedicaram a vida, ou construíram sua carreira, estudando os diferentes tipos de vinhos têm o paladar treinado para perceberem essas diferenças.
De presença obrigatória na gastronomia, o vinho ideal para harmonizar com cada tipo de prato é uma dúvida recorrente. Muitos ainda se prendem aos antigos conceitos de etiqueta, quando errar no vinho a ser servido com seu respectivo prato era tão grave quanto usar talheres “errados” para cada refeição. Hoje, a indicação do vinho na gastronomia é feita com a intenção de realçar o sabor do prato e, dessa maneira, tornar a experiência gastronômica muito mais interessante. O clima também pode ser um fator relevante na escolha do vinho, mais ainda em se tratando de países tropicais como o Brasil. Por estar no verão, uma estação mais amena, conhecida pelo aumento da umidade do ar e que antecede o verão, os vinhos rosés, por conta da acidez mais equilibrada e os aromas frutados, são os mais indicados.
Ele deve ser consumido gelado, e harmoniza tanto com salmão grelhado e frutos do mar como mariscos cozidos. Importante frisar que existem diferentes tipos de rosés, alguns são secos, outros doces e até frutados. Nesse caso, como estamos falando sobre frutos do mar, é melhor optar pelo rosé seco, que apresenta estrutura encorpada e acidez mais tranquila. Além do rosé, os espumantes e os vinhos brancos também são indicados para serem consumidos durante o verão.
As sobremesas e os doces também podem ser apreciados acompanhados de um vinho. A harmonização depende dos ingredientes da sobremesa, já que cada tipo de vinho combina com um diferente tipo de doce. “No caso de sobremesas com chocolate, por exemplo, os vinhos mais encorpados são mais indicados, por conta do sabor marcante”, revela Ricardo Henriques, enólogo da Rio Sol.
Sanadas as dúvidas sobre o tipo de vinho para cada prato e desmistificada a lenda da qualidade ser proporcional ao valor, resta apenas falar sobre aquela que tira o sono de muitos que estão iniciando sua jornada nesse universo: a taça adequada. Assim como o corpo da taça apropriada para champanhe foi projetado para que suas bolhas não se dissipem com facilidade, as taças de vinho têm por finalidade realçar e prolongar suas devidas características palatais e olfativas durante a degustação.
Ou seja, não se trata de uma regra de etiqueta e sim um importante acessório para aqueles que valorizam as pequenas nuances e sutilezas impressas no DNA de cada tipo de vinho. No entanto, assim como o valor não é garantia de satisfação, a taça também não interfere na experiência da degustação. Independentemente de ter taça, o importante é apreciar o vinho e o momento sem regras.