As festas de fim de ano se aproximam e, mais uma vez, os fogos de artifício tornam-se um tormento para os pets. Os tutores devem ficar atentos e cuidar para que seus animais de companhia passem o mínimo de estresse possível. O desconforto, que em muitos casos pode levar a óbito, acontece porque a audição dos animais é muito mais sensível que a do homem.
“O ser humano ouve no intervalo entre 16 e 20.000 Hertz, já o cão, ouve de 10 a 40.000 Hertz. A capacidade auditiva de um cachorro é quase quatro vezes maior. Ele também escuta um som quatro vezes mais distante do que um ser humano consegue ouvir”, explica a médica-veterinária Maria Cristina Reiter Timponi, presidente da Comissão das Entidades Veterinárias Regionais do Estado de São Paulo (CEVRESP) do CRMV-SP.
De acordo com a profissional, além de incomodar, o barulho dos rojões pode provocar ansiedade, fobia, agitação, vocalização excessiva e até mesmo o óbito, especialmente nos animais cardíacos ou com insuficiência respiratória. Essa excitação, causada pelo medo, também pode aumentar o risco de convulsões em pets que já têm esse sintoma.
Outro fator que influencia o nível de estresse é que muitos pets, nessa época do ano, ficam hospedados em creches e hotéis, fora do seu ambiente conhecido. “É preciso que esses locais tenham bastante responsabilidade e habilidade para acolher esses animais”, alerta Maria Cristina.
Cuidados necessários
Para diminuir os efeitos desagradáveis, a médica-veterinária Cristiane Pizzutto, presidente da Comissão Técnica de Bem-Estar Animal (CTBEA) do CRMV-SP, recomenda que os tutores tentem fazer um processo de sensibilização com os sons mais estridentes, para reduzir a sensação que os fogos podem causar em seu pet.
“É muito importante trabalhar isso ao longo do ano para que o animal vá se acostumando. Então, durante sessões de brincadeiras e interações muito positivas com o animal, você pode tentar incorporar alguns sons semelhantes aos fogos e tratar isso com naturalidade, para que o animal vá se acostumando”, aconselha Cristiane.
Um aspecto essencial é que o ambiente em que o animal ficará no período de festas seja seguro e sem risco de fugas, mesmo que ele esteja acostumado com os ruídos. Dê preferência por manter janelas e portas fechadas para reduzir o som externo, e evite deixar no local objetos que possam quebrar e machucar o animal.
Caso o tutor fique com os pets no momento dos fogos, a recomendação é agir naturalmente, sem tratar o animal como se, de fato, ele precisasse de proteção. “Uma dica importante para o tutor é que continue festejando para que o animal perceba que está tudo normal, que não tem nada de ruim acontecendo no ambiente, apesar do barulho ser assustador para ele”, complementa a presidente da CTBEA.
Quando o animal apresentar comportamentos que fujam muito do padrão, a família deve entrar em contato com o médico-veterinário de confiança para receber as devidas orientações. “Aconselho colocar algodão nos ouvidos para abafar o som, lembrando que é preciso retirá-los depois. E, em casos mais severos, para acalmar os animais, pode ser necessária sedação, sob a orientação médica-veterinária”, relata a médica-veterinária Maria Cristina Reiter Timponi, presidente da CEVRESP.
Legislação
A presidente da CEVRESP faz um apelo para que não sejam usados fogos de estampido e, sim, somente os luminosos. “Também tomem muito cuidado para não soltar fogos próximos das matas, o que pode provocar incêndios”, alerta Maria Cristina Timponi.
Vale lembrar que algumas cidades já possuem leis proibindo o uso de fogos de artifício com barulho. Na capital paulista, uma lei chegou a ser aprovada na Câmara Municipal, em 2018, porém foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal, no início deste ano.