Mesclando autoficção, depoimentos reais e dados estatísticos sobre ausência paterna, o espetáculo Sem Registro – Uma Performance Paterna, de Victor Albuquerque com direção de Chia Rodriguez, aborda a construção da masculinidade de uma maneira leve e bem-humorada.
A temporada continua até domingo, dia 18 de fevereiro, com sessões de quinta a sábado, às 20h, e aos domingos, às 18h e 20h. Os ingressos são gratuitos e devem ser retirados na bilheteria uma hora antes do início da peça.
Idealizador do espetáculo, Albuquerque tem uma filha de 18 anos e, segundo ele, já passou a maior parte da vida sendo pai do que não sendo. Por isso, refletir sobre a paternidade é uma constante no seu dia a dia. Ainda mais porque ele teve um pai ausente.
“O tempo inteiro eu vivo esse reflexo da minha relação com meu pai espelhada na minha relação com a minha filha. Quer dizer, busco sempre transformar aquilo que não deu certo com meu pai em algo que funcione com a minha filha, me afastando do padrão do abandono”, comenta Albuquerque.
Em cena, o protagonista tenta entender por que os homens têm tanta facilidade de abandonar as suas famílias. “Ao longo da narrativa, ele transita pelas memórias da ausência paterna. Mas não queremos apresentar um trabalho pesado e centrado na dor. É para ser uma dramédia que, inclusive, flerta com o stand up comedy e tem a colaboração de Marco Gonçalves”, conta a diretora.
Embora o foco da peça seja a paternidade, de acordo com Chia, é impossível abordar esse assunto sem questionar a visão tradicional da masculinidade. “Nossa intenção é mostrar que não existe uma única maneira de ser homem. Não é preciso mais ser durão e ter medo de demonstrar sentimentos e carinho”, completa Chia. Para Victor, todo esse processo foi libertador.
Entre os referenciais para a criação do texto estão os livros Seja homem: a masculinidade desmascarada (2020), de JJ Bola; Homens justos: do patriarcado às novas masculinidades (2021), de Ivan Jablonka; Cartografias da masculinidade (2021), organizado por Pedro Ambra; Carta ao pai (1919), de Franz Kafka; Conversas com meu pai + Stabat Mater, uma trajetória de Janaina Leite, de Janaina Leite e Alexandre Dal Farra.
Sobre a encenação
Chia Rodriguez quis criar um jogo de luz e sombras em Sem Registro – Uma Performance Paterna. Dessa forma, a iluminação de Gabi Souza levou essa ideia em consideração. Segundo Victor, isso é para potencializar a ideia do abandono, mostrando que, apesar de tudo, aquele pai acaba presente, mesmo estando distante, já que existe um impacto na vida do filho.
“Estamos chamando a peça de um plano sequência, porque ela constrói uma espécie de simulação. O protagonista vive as experiências e as narra. Por isso, ele manipula a luz e os elementos do cenário, quase como se estivesse em um set de filmagem”, detalha Chia.
Por fim, a direção musical de Dani Nega está focada em dar ritmo e musicalidade à fala do Victor. A atriz e MC premiada é parceira de importantes grupos de teatro como O Crespos, Coletivo Negro e Núcleo Bartolomeu de Depoimentos.
Sobre Victor Albuquerque
Ator, produtor e roteirista formado pela CAL e Roteiraria, Victor faz parte do grupo teatral Os Inclusos e os Sisos, premiado pela ONU por sua abordagem inclusiva.
Com mais de 15 anos de experiência, o artista se destacou em diversos espetáculos, como “Um Amigo Diferente”, “Histórias do Final da Fila” e “Ninguém Mais Vai Ser Bonzinho”.
Também participou do filme “Alfazema”, premiado em festivais como o Festival de Brasília e o Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro. Sua trajetória artística reflete seu talento versátil e compromisso com a qualidade e diversidade nas artes.
Sobre Chia Rodriguez
Atriz, diretora de teatro e professora de atuação, Chia tem uma carreira de 15 anos no campo das artes cênicas.
Formada em Artes Cênicas pela CAL e em Artes Dramáticas pela UniverCidade, Chia também possui especialização em Artes da Cena pela UFRJ.
Ao longo de sua trajetória, ela idealizou e dirigiu diversos projetos teatrais, como “Miss Eloquência”, “Cenas AFORA” e “Talvez uma história de amor”. Também atuou como assistente de direção de Christiane Jatahy e ministrou aulas de atuação em renomadas escolas de teatro no Rio de Janeiro.
Sinopse
Um jogo cênico não linear mescla autoficção, depoimentos reais e dados estatísticos em um ambiente fabular. O espetáculo aborda as complexidades das relações familiares, explorando o impacto da ausência paterna e a busca por quebrar o ciclo de abandono.
Durante essa trajetória, testemunhamos como um filho, que cresceu com um pai ausente, confronta seu passado e se esforça para se tornar uma figura paterna diferente.
Ficha Técnica
Concepção: Victor Albuquerque e Chia Rodriguez
Direção: Chia Rodriguez
Assistente de direção: Sarah Lessa
Atuação: Victor Albuquerque
Participação Especial: Elenir Ribeiro
Dramaturgia: Rita Batata, Chia Rodriguez e Victor Albuquerque
Cenografia e Direção de Arte: Rafael Fassani
Figurino: Joana Porto
Desenho de Luz: Gabriele Souza
Operação de Luz: Nayka Alexandre
Trilha Sonora: Dani Nega
Operação de Som: Bruna Moreti
Designer Gráfico: Raquel Alvarenga
Direção de Movimento: Fabricio Licursi
Preparação Corporal e Pesquisa de dispositivos Cênicos: Thiago Amaral
Consultoria de Comédia: Marco Gonçalves
Visagismo: Diego Nardes
Assessoria de Imprensa: Márcia Marques – Canal aberto
Direção de Produção: Victor Albuquerque e Wemerson Nunes
Produção Executiva: Wemerson Nunes – WN Produções
Assistente de Produção: Murilo Palma
Realização: Associação dos Artistas e Amigos da Praça e WN Produções
SERVIÇO
Sem Registro – Uma Performance Paterna
Até 18 de fevereiro, com sessões de quinta a sábado*, às 20h, e, aos domingos, às 18h e 19h
*No sábado 17/02, haverá sessão também às 18h
** Não haverá espetáculo no carnaval
Local: Espaço Cênico Ademar Guerra – Centro Cultural São Paulo (CCSP)
Endereço: Rua Vergueiro, 1000 – Liberdade
Ingressos: gratuitos | Retirar na bilheteria com 1 hora de antecedência
Duração: 60 minutos
Classificação: 16 anos