Que o Brasil é um país de muitas superstições, isso é fato. E entre as tantas crenças disseminadas em território nacional, há espaço também para as que vêm de fora e têm aqui um solo fértil de propagação. A do Nhoque da Fortuna é uma delas, com direito a se tornar tradição para muita gente. “É comum que uma superstição envolvendo gastronomia ganhe um espaço cativo no imaginário popular. E isso é muito bom, pois gera curiosidades e um movimento social que pode ser encarado como positivo para vários segmentos. Essa crendice sobre o nhoque, por exemplo, é um dos motivos de fazer crescer a procura por este tipo de massa no nosso restaurante Oliv”, afirma Caio Fontenelle, que além deste estabelecimento, também é fundador e CEO dos restaurantes Figueira e Pepper Jack, todos em Blumenau.
A tradição do Nhoque da Fortuna tem origem em uma lenda popular que remonta ao século IV, na Itália. Segundo a história, um santo chamado São Pantaleão, disfarçado de viajante faminto, bateu à porta de uma família humilde no dia 29 de um mês qualquer. Mesmo com poucos recursos, a família compartilhou com ele o pouco que tinha: sete pedaços de nhoque. Após a refeição, São Pantaleão agradeceu e partiu. Mais tarde, os moradores encontraram moedas de ouro sob os pratos, como uma forma de recompensa por sua generosidade.
Desde então, surgiu a crença de que comer nhoque no dia 29 pode atrair sorte e prosperidade. Para isso, segundo a superstição, é necessário seguir um ritual: colocar uma nota ou moeda sob o prato, comer os primeiros sete pedaços em silêncio e mentalizar bons desejos. Depois da refeição, o dinheiro deve ser guardado até o próximo mês ou doado para fortalecer ainda mais a energia da abundância.
No Brasil, a crença popular é pretexto para momentos de confraternização, seja em casa ou em restaurantes, e carrega muito significado para aqueles que acreditam na força da gratidão e da prosperidade. “O nhoque, feito tradicionalmente com batata, farinha e ovos, é uma receita simples e de fácil execução. Há ingredientes que podem ser acrescentados na massa, para acentuar o sabor e trazer uma nova leitura desse prato tradicional: beterraba, cenoura, couve e batata doce são alguns exemplos. E quanto aos molhos, a versatilidade do nhoque permite combinações que agradam a diversos paladares, desde o tradicional ao sugo, à bolonhesa, ao pesto, molhos brancos, à base de frango, de peixe”, comenta Caio, que além de empreendedor no ramo de gastronomia é chef de cozinha.
Por conta dessa tradição da fortuna, o cardápio do Oliv, que já conta com três tipos de nhoque diferentes (camarão ao mel, com gorgonzola e nhoque com molho de tomate), ganha novas receitas a cada dia 29. “Apostamos em sabores exclusivos, justamente para aguçar o paladar do consumidor com novidades”, reforça o empresário.