Com apenas 53 mil pessoas formadas por ano em cursos de perfil tecnológico e uma demanda média anual de 159 mil profissionais de Tecnologia da Informação e Comunicação, o Brasil tem um grande desafio pela frente. É o que aponta o estudo “Demanda de Talentos em TIC e Estratégia ΣTCEM”, publicado pela Brasscom nesta quarta, 1º de dezembro.
O relatório estima que as empresas de tecnologia demandem 797 mil talentos de 2021 a 2025. No entanto, com o número de formandos aquém da demanda, a projeção é de um déficit anual de 106 mil talentos – 530 mil em cinco anos. São números que refletem, segundo a Brasscom, o crescimento acelerado do setor de TIC, e deixam clara a urgente necessidade de que a formação profissional também seja ampliada no mesmo ritmo.
Quando comparado à edição anterior, publicada em 2019, “o novo estudo demonstra que o problema de falta de talentos foi agravado”, afirma Sergio Paulo Gallindo, presidente executivo da Brasscom. “Mas uma coisa continua valendo: o Brasil tem vocação para a tecnologia e, se esse desafio for encarado de frente, o país garantirá não apenas que o setor continue crescendo exponencialmente, como oportunizará uma verdadeira transformação da realidade socioeconômica de milhares de famílias”.
Enquanto a média nacional de salários é de R$ 2.001, a remuneração média do setor de serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação é de R$ 5.028 – 2,5 vezes superior. Em serviços de alto valor agregado e software, ela chega a ser quase três meses maior que a média nacional: R$ 5.805 e R$5.699, respectivamente.
Estratégia ΣTCEM
Para que a formação insuficiente seja superada, a Brasscom desenvolveu a estratégia ΣTCEM – em referência ao somatório das áreas de Tecnologia, Ciências, Engenharia e Matemática. Ela propõe a inoculação tecnológica em cursos que têm afinidade com as habilidades necessárias para atuação como programador/a. Ou seja, explica Gallindo, “a recomendação é introduzir disciplinas eletivas de Tecnologia nos cursos de Matemática, Engenharia e Ciências, visando aumentar a oferta de mão de obra e a empregabilidade no setor de TIC”.
Com 246 mil formandos ao ano em ΣTCEM, finalmente, as empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação passariam a contar com um número potencial de profissionais maior que a demanda. “Os dados mostram que há muito emprego no setor, mas também que as grades do ensino superior precisam estar mais bem alinhadas ao que o mercado de trabalho precisa”, acrescenta Helena Loiola, economista que coordenou o estudo da Brasscom.
Segundo a associação, outro desafio é despertar o interesse dos jovens pela formação em tecnologia, sobretudo mulheres e negros – ainda minoria na área. Nos cursos de TIC, por exemplo, 85,2% do total de alunos é do gênero masculino e apenas 14,8% do gênero feminino.
Confira o estudo aqui.