Inédita no Brasil, a peça Um Simples Judeu – escrita pelo suíço Charles Lewinsky com tradução assinada por Sylvia Lohn – estreia em São Paulo com direção de Carlos Baldim, interpretação de Ricardo Ripa e direção de arte de Rosa Berger.
As apresentações ocorrem na Unibes Cultural, nos dias 01 e 08 de setembro, domingos, às 17h, e na Arena B3, no dia 22 de setembro, domingo, às 15h e às 18h.
O solo conta a história do jornalista Emanuel Goldfarb, que recebe o singelo convite de um professor para compareça pessoalmente a uma aula e explique aos seus alunos o que é ser judeu. Emanuel passa então a refletir sobre atender ou não a esse chamado. Com legítimo “humor judaico”, ele irá revisitar sua ancestralidade e acessar lembranças que há muito tempo estavam adormecidas. Suas memórias e reflexões passam pela origem familiar, pela diáspora do povo judeu desde a antiguidade até os dias atuais, pelas tradições e por sua própria hereditariedade, temas que são abordados por ele alternando emoção, razão e muito humor.
A montagem, idealizada pelo próprio ator, tem o propósito de estimular o diálogo com diversos setores da sociedade ao apresentar, sem estereótipos, uma cultura que é parte da diversidade cultural brasileira. Trata-se de um espetáculo singular, que não se restringe à colônia judaica. As apresentações de Um Simples Judeu foram acompanhadas por plateias entusiasmadas e diversas em todos os países onde foi encenada, como México e Alemanha (onde também foi adaptado para o cinema). Em sua mais recente montagem, na Argentina, permaneceu mais de cinco anos em cartaz.
Já no título, Um Simples Judeu não deixa margem para qualquer dúvida sobre a temática nem sobre sua proposta de humor já que um judeu poder ser muitas coisas, mas “simples” certamente não é uma delas. Por outro lado, há na peça um forte sentido político e social. O diretor Carlos Baldim ressalta que “o texto é inteligente, ácido e bem-humorado e, principalmente, não se restringe ao universo judaico. Ele permite ao espectador fazer pontes com outras questões identitárias. Há um diálogo possível com outras minorias, sem ser panfletário, já que o preconceito e a intolerância também se apresentam em outros setores da sociedade.”
A encenação, produzida pela Notábile Filmes, é um misto de drama e comédia, e busca apresentar o texto de Lewinsky por um viés minimalista, priorizando o trabalho do ator. “O foco da encenação está na reflexão que o personagem faz sobre sua trajetória pessoal. Há um conceito não-realista que permite ao espectador um distanciamento crítico, favorecendo sua identificação com as histórias, ainda que este não seja um judeu. Isso acontece, por exemplo, quando o jornalista dialoga com a suposta presença do professor em cena. Um recurso não-realista que aproxima o espectador da discussão proposta”, esclarece o diretor.
A abordagem ganha leveza em diversas passagens em que o autor usa o humor para apresentar temas mais ásperos. “O jornalista do texto de Lewinsky só deseja ser um homem comum. Ele não quer ter que defender suas origens o tempo todo e nem explicar o que é ser judeu. E, para isso, utiliza-se de fina ironia e muito bom humor”, comenta Baldim.
Segundo Ricardo Ripa, “apesar de Um Simples Judeu não ser um espetáculo apenas para tempos de paz e nem específico para o público judeu, ele se faz urgente diante dos conflitos da atualidade, por falar sobre judaísmo e tolerância quando são inegáveis as crescentes manifestações antissemitas no Brasil e no mundo. Se olharmos por um viés mais abrangente, a peça alerta sobre o preconceito que abarca tudo que é diferente, tudo que não representa a maioria, seja do ponto de vista étnico, religioso, de gênero ou qualquer outro”. O ator completa, “assistir a Um Simples Judeu é uma oportunidade de conhecer as tradições, a história e, por que não dizer, a alma judaica. A conjugação do humor com o drama vai emocionar e divertir as pessoas que gostam de um bom espetáculo, de um bom texto teatral”.
FICHA TÉCNICA – Texto: Charles Lewinsky. Tradução: Sylvia Lohn. Direção geral: Carlos Baldim. Elenco: Ricardo Ripa. Cenografia e figurino: Rosa Berger. Desing de luz: Ari Nagô. Direção de produção: Lia Levin. Historiadora e consultoria: Laura Trachtemberg. Mídias Sociais: Lia Levin e Ricardo Ripa. Fotos: Ricardo Ferreira. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Realização: Notábile Filmes.
Serviço
Espetáculo: Um Simples Judeu
Duração: 60 min. Classificação: Livre (indicação: 10 anos). Gênero: Drama (c/ humor).
Nas redes: @umsimplesjudeu.
Unibes Cultural
Dias 01 e 08 de setembro – Domingos – 17h
Rua Oscar Freire, 2500 – Sumaré. São Paulo/SP.
Tel.: (11) 3065-4333. Teatro (278 lugares). Acessibilidade. @unibescultural.
Ingressos: R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia-entrada)
Vendas online (exclusivamente) – https://unibescultural.org.br e Simpla.com.br:
01/09 – www.sympla.com.br/evento/espetaculo-um-simples-judeu-dia-1-de-setembro/2578820
08/09 – www.sympla.com.br/evento/espetaculo-um-simples-judeu-dia-8-de-setembro/2578828
Arena B3
Dia 22 de setembro – Domingo – 15h e 18h
Praça Antônio Prado, 48 – Centro Histórico. São Paulo/SP.
Tel.: (11) 25654000. Capacidade: 150 lugares. Acessibilidade. @arenab3.
Ingressos: R$ 40,00 (inteira) a R$ 20,00 (meia-entrada)
Vendas antecipadas – https://arenab3.com.br:
https://bileto.sympla.com.br/event/96781?share_id=1-copiarlink
Bilheteria: 1 hora antes das sessões.
PERFIS
Charles Lewinsky (autor) – Lewinsky (1946) é um roteirista e dramaturgo suíço de origem judaica, nascido e residindo em Zurique. Além de Um Simples Judeu, escreveu dezenas de outras peças, além de roteiros para filmes, séries e longa-metragens. Também é autor de romances e livros de não-ficção. Recebeu os prêmios Swiss Book Prize por Gerron (2011), Award by the Swiss Magazine pelo trabalho como autor de sitcoms (2002), Prix Walo pelo conjunto de seu trabalho desde 1974 (1995), Sparten-Prix Walo por Radio/TV/Filmproduktion (1995) e Chaplin Award, de Montreux (1983).
Ricardo Ripa (ator) – Ricardo Ripa é ator graduado pela Escola de Arte Dramática (EAD), atuando em mais de 40 espetáculos ao longo de sua carreira, incluindo sucessos como Sonho de Uma Noite de Verão (versão de Cacá Rosset, apresentada no NY Shakespeare Festival), A Gaivota (versão de Francisco Medeiros), Intocáveis (versão de Iacov Hillel), Ricardo III (versão de Roberto Lage) e, recentemente, Jardim de Inverno (dirigido por Marco Antônio Pâmio). Atuou também em diversas novelas e minisséries, entre as mais recentes destaque para Verdades Secretas II e Terra e Paixão, ambas na Rede Globo. É fundador da Notábile Filmes que produziu espetáculos como Sexus – A Comédia, que tratava de religiões de matriz africana numa homenagem ao orixá Exu; e as premiadas peças infantis O Corcunda Quaquá, inspirada em O Corcunda de Notre Dame, voltada para crianças com necessidades especiais e que incorporava Libras à dramaturgia, e Novinha em Folha, que tratava da alfabetização infantil, entre outras montagens. No cinema, além de vários curtas-metragens, produziu o premiado longa Primavera” (2018), com roteiro e direção de Carlos Porto de Andrade Junior
Carlos Baldim (diretor). É diretor, ator e professor de teatro. Integrou por seis anos, como ator, produtor e mantenedor, o Núcleo de Investigação do Ágora – Centro de Desenvolvimento Teatral, fundado por Roberto Lage e Celso Frateschi. Integrou por oito anos a Cia Teatral Provisório-Definitivo. Vencedor dos prêmios FEMSA de Melhor Ator Coadjuvante, FEMSA de Melhor Espetáculo Jovem, Festival da Cultura Inglesa de Melhor Espetáculo Infantil e indicado ao Aplauso Brasil de Melhor Elenco e ao APCA de Melhor Diretor – Francisco Medeiros. Como diretor, destacam-se os seguintes trabalhos: Lady Tapioca, de Mario Viana; A Casa Suspensa, de Giacomo Leopardi (Prêmio Funarte RespirArte); Em Um Dia Qualquer, de Linda McLean; DADESORDEMQUENÃOANDASÓ, de Davey Anderson; Gangue, de Pedro Guilherme (três Prêmios FEMSA incluindo Melhor Espetáculo Jovem); Tripalium 500mg, de Cláudia Vasconcellos; O Grande Morto e Um Outro Longe, de Flávio Goldman (Satyrianas); e Tampinha Tira os Óculos (integrou a Viagem Cultural do SESC). Dirigiu as leituras dramáticas de Museu de Arte Efêmera de Lethe, de Eduardo A.A. Almeida (projeto Portas Abertas do Núcleo de Dramaturgia do SESI – British Council – venceu 28o Prêmio Shell de Teatro como Inovação), Os Bobos, de Hugo Possolo (O Avesso da Comédia) e várias outras. Como diretor assistente esteve ao lado nomes como Francisco Medeiros, Hugo Possolo, Aimar Labaki, Roberto Lage, Mario Bortolotto e Jairo Mattos.
Rosa Berger (diretora de arte) – Rosa foi uma das fundadoras do Grupo Notech Design, que surgiu nas oficinas dos Irmãos Campana e se apresentou em conjunto até 2006. Participou de diversas exposições no Brasil, Itália, Holanda e Alemanha. É autora de objetos premiados no Brasil e no Exterior, a exemplo da luminária “Nebulosa”. No teatro, assina cenografia e figurino das peças para crianças Novinha em Folha e O Corcunda Quaquá (Prêmio Femsa), além da direção de arte do espetáculo musical Forever Young, sucesso de público, que ficou mais de dois em cartaz, passando por diversos estados brasileiros.
Sylvia Lohn (tradutora) – Sylvia é tradutora de alemão, formada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, com aperfeiçoamento no Instituo Goethe. Além de diversas traduções técnicas, como Psicologia para Criativos – Dicas e Sugestões de Como Manter a Originalidade e Sobreviver no Trabalho, e preparações de textos, como Vollidiot, de Tommy Jaud, também faz traduções/legendagens para filmes. Como autora, sua peça radiofônica Sou Toda Ouvidos foi traduzida para o alemão (Ich bin ganz Ohr) e veiculada pela WDR, sediada em Colônia, na Alemanha. Como narradora de histórias traduziu contos dos Irmãos Grimm e apresentou as histórias em diversos espaços culturais, como Sesc’s e Casa das Rosas.