Qual a importância de certos monumentos para as cidades? A verdade é que todo lugar tem algo que marca as pessoas, que representa suas identidades, que mesmo de longe, são capazes de resgatar memórias, reconfortar, acolher e, de certa forma, fazer com que elas se sintam “em casa”. E a cidade de São Paulo é repleta desses marcos. Um deles, que está entre os mais representativos do mundo, é o Vale do Anhangabaú. Ele carrega a conotação histórica de origem, foi retratado por artistas europeus desde o século XIX, nas litografias e aquarelas de renomes como Thomas Ender, Burchell, Landser, Lebret, Jules Martin e, textualmente, nos relatos de Saint-Hilaire.
A partir de inúmeros estudos, artigos, dissertações e teses, o autor Péricles Varella Gomes, chegou ao livro Vales Imaginários – Anhangabaú, que será lançado para todo o Brasil em novembro deste ano. Arquiteto, urbanista, PhD pela Michigan State University (1996), atualmente professor e pesquisador em diversos países, como Estados Unidos, França, Reino Unido e Brasil, o escritor levou três anos para concluir a obra, que é uma revisão histórica e simbólica do local até o presente.
Péricles também é músico e um apaixonado pelo Vale, onde vivenciou momentos marcantes de sua vida. O principal deles, que inspirou a idealização do livro, aconteceu em 1981, quando foi premiado no concurso de reurbanização do Anhangabaú na equipe de Elgson Ribeiro Gomes (seu pai). A despeito de estar constantemente na capital paulista, o escritor mora em Curitiba e nos Estados Unidos.
O título é rico em imagens históricas, projetos e desenhos. De fácil leitura, agrada os olhos e convida o leitor a folheá-lo. A edição também possui sua versão e-book e estará nas plataformas digitais para a proximidade com o público.
Vales Imaginários – Anhangabaú está dividido em quatro capítulos: 1 — A História, que refaz o caminho dos primeiros registros até o concurso de 1981; 2 — O Concurso, abordando o levante dos projetos premiados e menções honrosas em 1981; 3 — Projeto vencedor, apresentando uma análise crítica do projeto vencedor e sua execução, 4 — O Futuro, com reflexões dos autores sobre o projeto atual de empresa dinamarquesa, a pandemia, valorização do espaço, entre outros temas.
O encerramento do livro se dá com três esboços antigos do Vale (marca d’água) para que o leitor interaja e crie seus próprios projetos. É uma maneira de permitir a sensação de poder fazer, de colocar suas ideias no papel, a proposta pessoal para o futuro deste que sem dúvida é o grande marco da maior cidade do país: São Paulo.
Para compor a obra, Péricles reuniu-se com outros dois arquitetos envolvidos com o Vale: Carlos Eduardo Mueller (Mestre) e Luíza Chiarelli de Almeida Barbosa (Mestre). Baseada na dissertação de mestrado de Carlos E. Mueller, a equipe se empenhou em destilar o texto e deixá-lo palatável ao público em geral, visando atingir círculos além das fronteiras acadêmicas. Outra dedicação especial se deu com o design gráfico, Alexis Graf Morozowicz teve o desafio de criar um projeto atraente e tão memorável quanto o Anhangabaú. Além disso, a obra é apresentada em português e inglês, traduzida por Luis Guilherme Duarte.
Para a equipe de arquitetos -e autores-, o livro foi um projeto desafiador, porque abordar um símbolo de tamanha importância à cidade e ao país é de extrema responsabilidade. E na etapa de conclusão do livro, os estudiosos ainda foram surpreendidos pela pandemia global da Covid-19, o que lhes concedeu mais tempo para as entrevistas e reflexões sobre o Vale num momento tão marcante para o mundo.
A obra está com a editora Rio Books, dedicada a livros de arte, design gráfico, arquitetura, moda, propaganda e gastronomia.