Que a leitura promove a visão crítica do aluno todos concordam, mas considerar a leitura literária e a carga afetiva que ela provoca como formadora da consciência pessoal, ainda não é consenso.
Quando pensamos na leitura, enquanto tecnologia apreendida e exercitada, fica fácil entender seu papel na construção da cidadania, afinal, quem não sabe ler não tem acesso sequer ao caixa eletrônico para sacar sua aposentadoria.
Com a literatura é diferente, pois ela é tratada como um passatempo, desprovido de sentido. E é justamente este descomprometimento do texto literário que carrega sua maior virtude.
Ele diz coisas sérias de forma despojada. Fala de assuntos pesados de um jeito leve. Sem se dar conta, o leitor acaba fazendo o exercício do espelhamento e, através da história do personagem, pode rever suas próprias vivências e ter uma experiência íntima significativa. E de história em história, ele vai se construindo.
* Artigo de Cléo Busatto – Escritora e mestre em Teoria Literária, Cléo é uma artista da palavra. Tem mais de 25 obras publicadas, entre as quais a finalista ao Prêmio Jabuti na Categoria Juvenil, A fofa do terceiro andar.