Com as crises causadas pela pandemia afetando diretamente a economia e o mercado de trabalho, muitos estão vendo o empreendedorismo como uma boa alternativa nesse momento de incertezas. No entanto, os desafios financeiros desencorajam possíveis empreendedores na hora de começar o seu próprio negócio.
Para o empreendedor brasileiro Leandro Otávio Sobrinho, que atua no setor imobiliário nos Estados Unidos, o primeiro desafio ao abrir o próprio negócio, na maioria dos casos, é financeiro. “É preciso superar essa barreira monetária, convencendo aqueles que podem ser a alavanca de capital a acreditar no projeto, seja um familiar, um amigo, um banco ou uma linha de crédito. A maior parte dos empreendedores tem uma história parecida. Todos começaram do zero e endividados enquanto acreditam em seus projetos. Os bancos dificilmente querem assumir um risco sem conhecer a capacidade e a competência de quem vai gerir o negócio, então em muitos casos é necessário buscar capital fora das ferramentas convencionais”, revela.
Sobrinho aconselha que começar com algo que seja acessível pode ser uma alternativa viável e que pode ajudar a conquistar o grande sonho. “Comecei com restaurante, passei por franquias de moda e educação até chegar aonde estou, tudo tem sem tempo, só não seja você o mesmo quem sabota seus objetivos com desculpas que justifiquem a estagnação”, ressalta.
De acordo com o empresário, preocupar-se apenas com o planejamento de investimento inicial e não pensar além pode ser uma armadilha aos novos empreendimentos. “É muito simples planejar o quanto gastar em uma reforma, com funcionários, compra de equipamentos. Outra coisa é realizar uma projeção realista sobre fluxo de caixa e capital de giro. É possível ter o capital para que o negócio saia do papel, mas é importante saber que o empreendimento necessita de um período de maturação. Portanto, é preciso planejar como sustentar esse negócio até que ele comece a gerar rotatividade e lucro”, pontua.
Muitos empreendedores acreditam que programas privados e iniciativas do governo podem disponibilizar o capital necessário para iniciar um negócio, mas Sobrinho revela que essa é uma possibilidade para poucos. “Para contar com a ajuda de programas governamentais ou até mesmo o auxílio de fintechs, é necessário ter um projeto realmente inovador, geralmente ligado a tecnologia. Também é possível para empresas já estabelecidas, que precisam de aporte apenas para alavancar ainda mais as operações. No entanto, essa realidade segue distante para empresários de primeira viagem”, lamenta.
Para quem já está com uma empresa funcionando, a antecipação de recebíveis pode ser uma saída para encontrar capital quando necessário, mas não em todos os casos. “Captar o crédito é mais fácil pois algo concreto existe, pois é uma antecipação de cartões ou de duplicatas que são recebíveis da empresa, mas existem riscos. Antecipar para realizar uma expansão, reformar, de alguma forma melhorar a estrutura que vai gerar mais renda a empresa é uma opção, já que o movimento trará benefícios a médio ou longo prazo. No entanto, se as antecipações são realizadas apenas para manter o negócio funcionando, existe um problema gigantesco a longo prazo. Isso porque a antecipação está limitada ao que se tem a receber e isso é finito, deixando empreendedores endividados quando não tiver mais o que antecipar”, revela.
Um dos principais motivos de as empresas entrarem em processo de falência é a falta de separação das finanças entre pessoas físicas e jurídicas. “Um sócio proprietário deve ser remunerado de acordo com a função que ele exerce dentro da companhia. Não se deve confundir pró-labore com distribuição de lucros e esse é um dos primeiros desafios do empreendedor: não ser atraído pelo capital disponível na empresa e distribuir o lucro todos os meses, atrapalhando a expansão do projeto no futuro”, relata o investidor.
Para o empresário, pessoas que contam com uma veia empreendedora devem superar obstáculos para ter sucesso em seus projetos. “A pessoa que quer empreender de verdade vai achar meios e alternativas para fazê-lo, pois o primeiro perfil de um empreendedor é resolver problemas e encontrar soluções. Com vontade, planejamento e coragem, mas com os pés no chão, é possível ter sucesso em um empreendimento próprio no Brasil ou em qualquer lugar do mundo”, finaliza.