Até 13 de agosto, o Coletivo Bixa Pare apresenta na Oficina Cultural Oswald de Andrade o monólogo inédito Bixa Pare ou Ser Tão de Mim, interpretado por Luan Afonso e que traz, em cada cena, situações relacionadas às vivências de se reconhecer bixa, exibindo um universo de contradições e singularidades da comunidade. O trabalho também representa uma continuidade da pesquisa artística do grupo em relação ao corpo bixa, uma investigação que deu início aos trabalhos do coletivo, ainda em 2017.
A dramaturgia, assinada colaborativamente pelo coletivo, traz tanto situações ficcionais quanto histórias pessoais dos integrantes. Gays de direita, homens casados que traem suas parceiras com outros homens, exaltação do transformismo enquanto expressão artistica e um reconhecimento do próprio corpo bixa são algumas das situações pautadas na peça.
“Cada cena é um universo distinto do que nos afeta, nos oprime e nos abriga. São situações que nos fazem questionar nossa atuação política e artística entre tantos outros lugares percorridos até aqui. Não existe uma unidade, existe um todo de subjetividades expostas”, diz Luan Afonso.
Flopes, o diretor do espetáculo, afirma que o trabalho também tem cenas que se aproximam da linguagem de manifesto e até mesmo uma cena percorrida apenas por um áudio, sem o corpo de Luan presente. “Em um momento, também apontamos para um corpo do futuro, para um lugar que traga melhores possibilidades de vida para a população LGBT+”, diz o diretor.
O grupo reforça que mesmo com o ponto de partida da peça sendo as vivências pessoais, a proposta é mostrar as pluralidades contidas dentro das diferenças. “Com o passar de cenas tão diversas, queremos mostrar ao público as inúmeras possibilidades que coexistem dentro do espectro das sexualidades que nos identificamos”, dizem os artistas do coletivo.
Com momentos que se alternam do humor ao drama, a peça também reforça uma plataforma política ao discutir as violências empregadas contra a comunidade, a dificuldade de se viver relações não-hetero no espaço público e também evocam a memória de artistas transformistas que pavimentaram os caminhos para a comunidade ainda nas décadas de 1970 e 80.
O coletivo reforça que a dramaturgia foi construída de modo a conversar diretamente com o público. “Com o amadurecimento do grupo, nós optamos por trazer uma simplicidade para a cena, apresentando menos entrelinhas e sendo mais objetivos com as pessoas sobre as mensagens que queremos discutir”, dizem os artistas.
Sinopse
O monólogo é fruto da pesquisa cênica de um corpo bixa, atravessado pelas vivências singulares que integram o Coletivo Bixa Pare. Cada cena é um universo distinto que nos afetam, que nos oprimem, que nos abrigam. Que nos fazem questionar nossa atuação política e artística entre tantos outros lugares percorridos até aqui. Não existe uma unidade, existe um todo de subjetividades expostas. Emulados por um único corpo cênico performático que não pretende dar conta do coletivo, mas deflagrar em cada ser, um diálogo possível de co-existir, de existir e destruir, dentro das suas pluralidades. Esse corpo performance que emerge do que foi e do que agora é, e vislumbra o que pode vir a ser.
Sobre o coletivo
O Coletivo Bixa Pare é um coletivo artístico da cidade de São Paulo que possibilita em sua existência, criações de trabalhos em diversas linguagens que trazem como disparadores questões e atravessamentos de identidades de gênero e orientação sexual, entre tantas outras urgências, a relação do corpo Bixa como pesquisa cênica de suas ações. Realizou mostra de processo do espetáculo Cênico com título provisório de “Besha Pare ou SerTão de mim” na XIV Semana de Artes do Corpo da PUC, Oficina Cultural Alfredo Volpi e Satyrianas 2017. No mesmo ano estreou a performance BIXA FREAK SHOW. O Coletivo faz residência artística na Oficina Cultural Alfredo Volpi, onde ministrou a oficina “As relações do corpo Besha como disparador para um manifesto cênico” entre janeiro e março de 2018. Indicado ao 7o Prêmio Papo Mix da Diversidade, realizou a primeira edição do Sarau Bixaria Literária na Casa das Rosas e uma ocupação na Oficina Cultural Alfredo Volpi onde foi indicado aos melhores do primeiro semestre do Teatro Paulistano em 2018 (melhor mostra) com o Sarau Bixaria Literária pelo blog do Arcanjo.
O sarau ganhou destaque nas produções do coletivo e circulou também no Estudio Nu, 9a edição do Festival do livro e da literatura de São Miguel em parceria com o SESC Itaquera e circulação em 10 bibliotecas públicas municipais da cidade de São Paulo, com início na programação oficial da Virada Cultural em parceria com o Projeto Biblioteca Viva e Secretaria Municipal de Cultura. Realizou também edições no SESC Guarulhos e Pinacoteca do Estado de São Paulo. Ainda em 2019 estreou a Batalha de Lip Sync e a performance Guarda-Chuva da Diversidade. Além das primeiras edições da Feira Queer de Arte Independente e a festa Bixa Party.
Em 2020 realizou a primeira edição do Bloco Bixa Pare no carnaval de rua. Por conta da pandemia, continua os trabalhos de forma online sendo disponibilizado acesso de forma gratuita no canal do youtube com a realização de 7 edições do Sarau Bixaria Literária, a estreia do Proseando com Melissa Babalu, programa de entrevistas, a segunda edição da Batalha de Lip Sync Bixa Pare e a estreia da Live das Bixas com 7 edições.
No final de 2020 e início de 2021 o coletivo foi contemplado pelo edital emergencial Lei Aldir Blanc, onde realizou 4 edições do Sarau Bixaria Literária e uma roda de conversa, também em 2021 realiza virtualmente a segunda edição do seu Bloco de carnaval Bixa Pare, nesse mesmo ano fizeram uma circulação virtual por seis bibliotecas municipais da cidade de São Paulo e em setembro realiza sua primeira apresentação presencial do Sarau. 2021 finaliza com o resultado de que o coletivo foi contemplado no Proac para a produção da sua primeira obra cênica.
Inicia 2022 com uma edição do Sarau Bixaria Literária no Festival Refestália realizado pelo SESC SP na unidade de Itaquera, outra edição do sarau em maio na Biblioteca Parque Villa- Lobos seguindo de uma circulação com dez apresentações pelas bibliotecas municipais da cidade de São Paulo.
Ficha Técnica
Direção: Flopes
Atuação: Luan Afonso
Cenografia e figurino: Kaya Fernanda Vallim
Desenho de Luz: Felipe Tchaça
Trilha sonora original: Dj Mozzão e Luana Hansen
Paisagem Sonora: Coletivo Bixa Pare
Texto: Coletivo Bixa Pare
Produção: Diego Castro
Coletivo Bixa Pare: Diego Castro, Flopes, Kaya Fernanda Vallim e Luan Afonso.
Serviço
Local: Oficina Cultural Oswald de Andrade
Endereço: Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro, São Paulo – SP, 01123-001
Temporada: Até 13 de agosto de 2022, quarta a sábado. Quarta e quinta-feira, às 20h; sexta-feira, às 17h e 20h; e sábados, 15h e 18h
Grátis. Retirar ingressos com 1h de antecedência
As apresentações dos dias 6 e 13, na sessão das 18h, contam com tradução em libras e roda de conversa após o espetáculo