De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos, houve aumento na prevalência do Transtorno do Espectro Autista (TEA). No ano de 2004, a prevalência era de 1 em cada 166 crianças. Já em 2020, saltou de 1 em cada 36. Aqui no Brasil, que possui 2 milhões de autistas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Censo Escolar contabilizou um aumento de 48% no número de estudantes com TEA matriculados em escolas públicas e particulares entre 2022 e 2023. No ano passado, foram 636 mil, e no ano retrasado, 429 mil.
Em um primeiro momento, esses números podem ser interpretados como dados que comprovam que o número de casos de autismo cresceu no Brasil e em outros países, porém, é necessário analisar com cautela esse cenário. “Acontece que hoje em dia as pessoas estão mais informadas sobre o assunto e os profissionais de saúde estão mais qualificados, então não é que aumentou o número de casos, e sim que a população está mais consciente do que é o autismo e como tratá-lo”, explica Priscila Parede, psicóloga do Centro de Reabilitação Religare.
Alguns sinais do autismo podem ser identificados ainda nos doze primeiros meses de vida do bebê, porém, após ele completar um ano, os sinais acabam sendo mais perceptíveis, já que é quando a linguagem e a socialização do bebê se iniciam de fato. Entre os primeiros sinais de autismo durante essa fase estão a dificuldade de manter contato visual, não mandar beijo ou dar tchau, não responder quando alguém chama pelo nome e dar mais atenção para objetos ao invés de interagir com outras pessoas.
Sendo assim, é muito importante o diagnóstico precoce e é crucial identificar esses sinais logo no começo. Quanto mais cedo uma criança receber o diagnóstico, maiores serão as chances de intervenção e suporte adequados, o que pode melhorar significativamente a qualidade de vida e o desenvolvimento dela.
“Essa regra vale não só para aqueles pais que estão na dúvida se o filho tem autismo, e sim para qualquer outro caso: quanto antes o diagnóstico, melhor. Então quanto mais os pais postergarem a ida até o médico, pior para a criança, já que ela deixa de ter intervenções que podem melhorar significativamente a qualidade de vida e o seu desenvolvimento”, pontua Priscila.
Preconceito, medo do desconhecido ou do diagnóstico são alguns fatores que fazem com que os pais evitem levar os filhos até um profissional especializado. Sendo assim, é importante buscar conhecimento e um grupo acolhedor capaz de dar assistência e esclarecer todas as dúvidas relacionadas ao assunto para garantir que a criança diagnosticada com TEA tenha qualidade de vida e apoio durante o seu crescimento.
“Já os sinais de autismo em crianças entre três e quatro anos podem ser atraso na fala, não gostar de alimentos com texturas diferenciadas, gostar de objetos que giram, desconforto quando é necessário mudar um objeto da casa ou trajetos e sensibilidade a alguns tipos de sons”, ressalta Priscila.
Atualmente existem diferentes tipos de terapias muito eficientes e capazes de proporcionar qualidade de vida para crianças diagnosticadas com autismo, como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), que após vários testes, cria intervenções personalizadas alinhadas com a necessidade do paciente. Terapias que envolvem pets, blocos de montar, culinária e até mesmo videogame estão entre as opções que podem contribuir para o desenvolvimento e bem-estar da criança.
“É importante pontuar que cada criança possui necessidades e cuidados específicos, ou seja, cada tratamento deve ser elaborado para atender às necessidades individuais de cada um, então é necessário sempre consultar profissionais capacitados e que podem indicar qual é a terapia mais adequada para o paciente em questão”, finaliza Priscila.