O final de semana está chegando e com ele mais uma rodada do Campeonato Brasileiro.
No entanto, independentemente de quem levar a vitória nestes jogos, já é possível dizer uma coisa: a torcida será regada a cerveja — afinal, 85% dos amantes da bebida amam o esporte mais popular do mundo.
É o que diz o estudo A Festa Perfeita, realizado pelo Chopp Brahma Express. Foram entrevistadas 400 pessoas de todos os estados e, desta forma, a pesquisa revela preferência de festas do brasileiro.
Segundo os dados levantados pelo estudo, 55% dos admiradores da bebida são fanáticos pelo esporte, enquanto 25% possuem interesse médio no futebol. Deste público mais engajado, 62% são homens e 29% é composto por mulheres.
Cerveja e futebol: uma combinação que traz dinheiro
O Brasil é o terceiro maior consumidor de cerveja do mundo, com 14 bilhões de litros consumidos. Mais de dois milhões de empregos diretos são gerados pelo setor, que tem faturamento anual de R$ 77 bilhões.
Por se tratar do esporte mais popular do mundo, o futebol tem grandíssimo papel nesta indústria. Na Copa do Mundo de 2022, a vitória do Brasil sobre a Coreia do Sul pelas oitavas de final aumentou o faturamento dos bares em 67,2% — dados do Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA).
“Mesmo os restaurantes que, em outras Copas, reclamavam que o movimento ia apenas para os bares, estão faturando muito bem”, explicou Paulo Solmucci, presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes).
Segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), a competição foi responsável por injetar R$ 864,49 milhões no setor — 8,3% mais que a Copa do Mundo de 2018.
Seleção Brasileira? A cerveja se faz presente em todas as torcidas
Não é algo que se restringe aos jogos da Seleção Brasileira: o futebol de clubes possui laços estreitos com o futebol — seja em bares ou até indo às partidas. “Gosto de tomar cerveja enquanto assisto. Essa cultura dos dois juntos foi bem introduzida e é difícil de separar um do outro”, conta o corintihano João Rafael Venâncio, 26.
Nascido em Avaré, no interior de São Paulo, Venâncio mora na capital há quatro anos. Ele concilia a carreira como jornalista com as partidas do Corinthians — onde encontra os amigos Arthur Alvim antes de entrar na Neo Química Arena.
“Desde que moro em São Paulo,nunca fui direto pro estádio. Já faz parte do itinerário chegar horas antes da partida pra fazer a preparação para os jogos”, explica. Para ele, é um ritual completamente diferente do feito pelo clube antes das partidas.
Esta relação entre torcedores e cerveja é vista em outros países. Na Inglaterra, a situação é a mesma. Torcedor do Chelsea, o produtor de cinema David Chidgey possui o mesmo ritual de Venâncio.
“Dia de jogo não é só sobre o futebol, mas sobre encontrar os amigos e celebrar com cerveja. Já tive ótimos dias mesmo com o Chelsea perdendo”, explica o inglês. Engajado na torcida do bicampeão europeu, ele se reúne no pub Putney Station, em Londres, para gravar o podcast Chelsea Fancast — e, é claro, com muita cerveja.
Cerveja nos estádios? Na maioria dos estados, só sem álcool!
São Paulo foi pioneiro na proibição de álcool nos estádios brasileiros. Em 1996, o projeto de lei do deputado Sylvio Martini foi aprovado. O motivo foi a briga entre torcedores de Palmeiras e São Paulo na final da Supercopa São Paulo, em 1995, com um morto e 102 feridos.
No resto do país, ela aconteceu em 2008, quando o então presidente da CBF Ricardo Teixeira assinou um protocolo de resoluções com o Conselho Nacional de Procuradores Gerais, vetando bebidas alcoólicas nos jogos de competições da CBF com a norma sendo oficializada dois anos depois no Estatuto do Torcedor.
Durante quatro anos, o torcedor precisava desfrutar da cerveja antes ou depois das partidas. E, caso quisesse fazê-lo nas arquibancadas, precisaria beber opções sem álcool.
Quem mudou a situação foi a Fifa e a Copa do Mundo de 2014. Durante a maior competição esportiva do mundo, a entidade conseguiu a liberação da venda de cerveja durante as partidas. Hoje, sete estados com times nas principais divisões derrubaram o veto: Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Ceará e Paraná.
São Paulo foi um dos poucos estados que vetaram a liberação da cerveja nas arquibancadas. O ex-governador João Dória argumentou que o projeto é inconstitucional e entra em conflito com o Estatuto do Torcedor.
Para André Sica, membro da comissão jurídica da Federação Paulista de Futebol, a proibição faz com que o futebol perca uma fonte de receita importante de um dos segmentos que mais investem no futebol. “Essa inconstitucionalidade não existe e isso foi comprovado nas ações movidas nos outros estados que liberaram”, disse em entrevista ao El País.
Segundo ele, as bebidas alcoólicas não são responsáveis pela violência no futebol. Esta opinião é embasada, por exemplo, por um estudo do Grupo de Pesquisa em Sistemas de Informação e Decisão da UFPE, em Pernambuco. Durante a proibição, o estado registrou aumento de 33,33% nas ocorrências durante a proibição do consumo de cerveja e álcool nos estádios.
Quem lamenta a proibição é, como se pode imaginar, o torcedor. “Daria pra tomar cerveja durante o jogo. Funciona quando não estou no estádio e com certeza seria ótimo fazê-lo lá”, encerra Venâncio.