Números assustadores marcam o tamanho do problema da diabetes no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde (MS), cerca de 13 milhões de pessoas em todo o país vivem com a doença. Somente no ano passado, quase 30 milhões de atendimentos relacionados à diabetes foram realizados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), segundo dados do Sistema de Informações em Saúde para a Atenção Básica (Sisab), sendo a maior parte dos casos referentes ao tipo 2, a diabetes adquirida e que se relaciona a fatores como sedentarismo e obesidade.
Um estudo feito pela Vozes do Advocacy, Associação de Assistência à Pessoas com Diabetes, indica que pelo menos dois milhões não realizam um acompanhamento adequado, o que pode levar a complicações, como perda de visão, doenças cardiovasculares, insuficiência renal e amputações.
O 14 de novembro marca o Dia Mundial do Diabetes com o objetivo de aumentar a conscientização sobre a prevenção e os tratamentos eficazes. “Além disso, muitas pessoas com diabetes ainda não foram diagnosticadas, o que aumenta o risco de consequências graves”, alerta a endocrinologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Dra Cristiane Savian.
Ela também destaca que “de forma preocupante, a tolerância diminuída à glicose tem aumentado, também em crianças e adolescentes”, elevando o risco de desenvolver diabetes tipo 2, estando fortemente relacionado à obesidade. “Todos com sintomas sugestivos de diabetes ou pessoas sem sintomas, mas com sobrepeso ou obesidade devem realizar os exames de rastreamento regularmente, teste de glicemia plasmática em jejum, hemoglobina glicada e, a depender do caso, teste de tolerância oral à glicose”, reforça a especialista. No último balanço do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), em 2022, foram registrados 78,8 mil óbitos pela doença.
Diabetes mellitus
O diabetes é uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não consegue utilizar adequadamente a insulina – hormônio produzido pelo pâncreas responsável pela manutenção do metabolismo da glicose.
A falta de insulina provoca uma deficiência na metabolização da glicose e, consequentemente, diabetes. A doença é caracterizada por altas taxas de açúcar no sangue (hiperglicemia) de forma permanente.
Os principais sintomas do diabetes são: fome, sede excessiva, aumento da frequência de urinar, de dia e de noite, e perda de peso não intencional. Também pode ocorrer fraqueza, fadiga, náuseas e vômitos, formigamentos nos pés e pernas, infecções frequentes, feridas que demoram para cicatrizar e visão embaçada. “Lembrando que, na maioria das vezes, não há nenhum sintoma”, enfatiza a Dra Savian.
A doença pode se apresentar de diversas formas e possui diversos tipos:
É quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas ainda não estão elevados o suficiente para caracterizar Diabetes. É um sinal de alerta do corpo, que normalmente aparece em pessoas com sobrepeso e obesidade, hipertensos ou pessoas com síndrome metabólica. Esse alerta do corpo é importante por ser a única etapa do diabetes que ainda pode ser revertida, prevenindo a evolução da doença e o aparecimento de complicações, incluindo o infarto.
É não transmissível, relacionada com a produção autoanticorpos, pode ser hereditária, que concentra entre 5% e 10% do total de diabéticos no Brasil. O diabetes tipo 1 aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos também. Pessoas com parentes em primeiro grau, que têm ou tiveram a doença, devem fazer exames regularmente para acompanhar a glicose no sangue. O tratamento exige o uso diário de insulina, alimentação adequada e atividade física regular para controlar a glicose no sangue.
O diabetes tipo 2 ocorre quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida. Está diretamente relacionado ao sobrepeso/obesidade, sedentarismo, triglicerídeos elevados, colesterol alto, hipertensão e hábitos alimentares inadequados, além de uma história familiar positiva. Cerca de 90% dos pacientes com diabetes no Brasil têm esse tipo. O risco para desenvolver a diabetes tipo 2 pode ser reduzido com práticas de vida saudáveis: alimentação, atividades físicas e evitando álcool, tabaco e outras drogas.
Ocorre em adultos jovens, geralmente sem sobrepeso ou obesidade, devido um processo autoimune do organismo, semelhante ao Diabetes tipo 1. Costuma-se usar medicações via oral, mas logo é necessário progredir para insulinoterapia.
Ocorre temporariamente durante a gravidez. As taxas de açúcar no sangue ficam acima do normal, mas ainda abaixo do valor para ser caracterizada como diabetes tipo 2. O DG tem aumentado com o crescimento da obesidade. Toda gestante deve fazer o exame de diabetes, regularmente, durante o pré-natal. Mulheres com a doença têm maior risco de complicações durante a gravidez e o parto, além de apresentarem risco elevado para desenvolverem diabetes tipo 2 no futuro.
“Queremos engajar as pessoas em torno de cuidados preventivos, que incluem o incentivo à alimentação saudável e balanceada, à prática de exercícios físicos, e ao monitoramento regular dos níveis de glicemia”, incentiva a Dra Savian.