Juros elevados, desemprego, inflação em alta, entre outros fatores, contribuíram para o endividamento da população brasileira e motivaram programas de renegociação de dívidas. A instabilidade econômica, acentuada pela pandemia, teve reflexos diretos no orçamento das famílias. Um levantamento realizado pela Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC) revela que a inadimplência atinge 252.211 mil pessoas em Campinas, sede de uma das maiores regiões metropolitanas do País, ou seja, quase um quarto da população. Um estudo da Serasa Experian destacou ainda que o endividamento atingiu 71,44 milhões de pessoas físicas no Brasil em abril de 2023. Em relação ao mês anterior, houve um aumento de 732 mil inadimplentes.
“As famílias foram impactadas pela inflação de maneira traiçoeira, especialmente porque bens como combustível e alimentos foram os mais afetados, comprometendo o orçamento. Isso leva à falta de recursos para despesas diárias e, por vezes, ao adiamento do pagamento de dívidas. O resultado é um ciclo de endividamento e inadimplência”, observa o assessor financeiro da Sicredi Iguaçu PR/SC/SP, Marcos Griebeler.
Com o aumento do endividamento, muitas famílias precisaram recorrer a ajuda imediata, como o uso do limite do cheque especial, o rotativo do cartão ou até mesmo empréstimos. “Muitas vezes, a pessoa não possui o dinheiro guardado e precisa quitar uma dívida imediatamente, então recorre a essas opções. Geralmente, entre as linhas de crédito de mais fácil acesso estão o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito, que se destacam como algumas das alternativas mais caras do mercado. Por isso, se a situação apertar, o primeiro passo é saber quais os juros aplicados em cada tipo de operação”, explica.
Para saber mais sobre cada uma dessas opções e qual é a melhor para o seu caso, veja abaixo algumas orientações do especialista do Sicredi:
Limite do cheque especial
O cheque especial é um limite de crédito pré-aprovado pela instituição financeira, de acordo com o perfil do cliente. Os valores desse crédito variam conforme a renda de cada pessoa, investimentos e relação com a instituição financeira. “O cheque especial costuma ser um crédito fácil de usar porque ele já está disponível na conta da pessoa. Por exemplo, se em algum mês você precisar de um valor maior do que tem disponível em conta, pode utilizar esse limite”, conta.
Segundo o assessor financeiro, o ideal é usar esse crédito apenas para emergências e por curtos períodos, e avaliar sempre quais são os prazos e juros praticados pela instituição financeira. “No Sicredi, os juros são mais baixos, uma vantagem em relação aos bancos tradicionais. O produto ‘cheque especial’ é para ser utilizado pelo associado em situações emergenciais e momentâneas, por isso aplicamos juros mais atrativos para manter a saúde financeira em dia. Isso é vantajoso em comparação ao crédito rotativo do cartão ou mesmo empréstimos, mas apenas quando você tem certeza de que o período de uso não será muito longo”, ressalta.
Rotativo do cartão de crédito
O crédito rotativo do cartão de crédito é uma alternativa de pagamento especialmente indicada para situações emergenciais, e permite que a pessoa quite somente uma parte das despesas da fatura mensal e adie o saldo devedor para o mês seguinte. Os valores mínimos de pagamento são definidos pela instituição financeira, possibilitando que o consumidor parcele o restante. Mas há um ponto delicado aqui, pois muitas pessoas não consideram os juros na hora de usar o rotativo e, quando percebem, estão pagando mais do que o dobro do valor inicial.
“No Sicredi, o consumidor pode optar por pagar um valor mínimo da fatura, geralmente 15% do total das despesas do cartão. Isso alivia o orçamento mensal. Recomenda-se que o associado se planeje para quitar o valor total da fatura no mês seguinte, encerrando assim o uso do crédito rotativo. Caso isso não seja possível, a instituição financeira oferece opções de parcelamento da fatura com taxas de juros mais atrativas. Dessa forma, é possível reequilibrar o orçamento e pagar menos juros”, orienta.
Empréstimos
Essa é uma opção mais desafiadora para alguns consumidores, pois depende da aprovação prévia da instituição financeira. “Os empréstimos variam muito de acordo com o perfil de cada consumidor, seu histórico no mercado e seu relacionamento com a instituição financeira. No Sicredi, o primeiro passo é se tornar associado da cooperativa. A partir daí, o associado passará por um processo de ‘consultoria’, no qual suas expectativas e necessidades reais serão compreendidas, resultando na oferta do melhor produto de crédito que se adeque à sua situação. Depois da oferta, diversos indicadores relacionados ao cadastro, bem como renda e bens, serão analisados. A partir dessas análises, será emitida uma avaliação positiva ou negativa em relação à concessão do crédito”, esclarece.