Os títulos acadêmicos adquiridos no Brasil nem sempre são equivalentes ou têm os mesmos significados que os oferecidos em instituições de ensino de outros países, a exemplo das universidades dos Estados Unidos e de países da Europa.
O Brasil é um país que tem, em regra geral, de acordo com o Ministério da Educação, o período de duração de uma graduação variando sempre de quatro a seis anos, a depender da área e curso escolhido.
Já na Europa, existe um tratado em vigor desde 1999 intitulado “Declaração de Bolonha”, que é um acordo sem força de lei adotado por um total de 29 países e que tem como principal objetivo garantir a liberdade competitiva e abertura do ensino superior para facilitar o translado de estudantes, professores e pesquisadores.
A especialista com mais de 18 anos de atuação no meio acadêmico internacional, Sandra Raphael, explica que o objetivo da declaração é justamente instituir uma concorrência mais justa entre os profissionais e estudantes que entram no mercado, porque visa uma espécie de unificação das universidades.
Ela conta que, enquanto o Brasil tem esse tempo mínimo de graduação de 4 anos, Portugal, por exemplo, tem esse prazo estipulado inicialmente a três.
“Portugal foi um dos primeiros países a implantar as diretrizes do tratado. Enquanto o Brasil limita a quatro anos apenas a graduação, Portugal dobra isso mas nesse período o aluno passa por três fases: graduação com duração mínima de 3 anos; mestrado com duração de 2 e doutorado com três anos”, enumerou.
Por outro lado, Sandra alerta os estudantes para o fato de que a máxima de que “ter o diploma é o que importa” não se aplica às fases de formação portuguesas. “O tempo da graduação, por exemplo, diminui para três anos em comparação com o Brasil, mas a frequência e dedicação para conclusão dessas fases precisam ser impecáveis”, completou.
Sobre as diferenças entre o Brasil e os Estados Unidos, Sandra mencionou os cursos de MBA. Ela explica que ele é original dos EUA, mas ganhou espaço nas melhores instituições do mundo.
“Antes de apontar as distinções, é preciso esclarecer que MBA trata-se de uma especialização que não atesta uma titulação acadêmica. A frequência no curso é ideal para quem já tem alguma experiência prática no mercado de trabalho e pretende evoluir ao adquirir novos conhecimentos para ampliar a visão sobre os seus negócios”, comentou.
“O programa de MBA nos Estados Unidos e na Europa é um mestrado na área de administração e, por isso, os formados adquirem o título de mestre ao final do curso. Já no Brasil, ele virou sinônimo de especialização e nem sempre está ligado às raízes da administração de negócios, com opções que enfatizam a gestão nas áreas de marketing e Finanças. Por isso, o MBA brasileiro garante não um diploma mas um certificado de especialização a quem o conclui”, completou.