O cloro, componente básico da água sanitária, é um recurso interessante e acessível no combate às larvas do mosquito Aedes aegypti, que pode carregar o vírus da dengue. Conforme o estudo Eficiência do Hipoclorito de Sódio no Controle de Larvas do Mosquito Aedes aegypti (CENA/USP-2016), elaborado em parceria com a Abiclor (Associação Brasileira da indústria de Cloro Álcalis e Derivados), o produto é um aliado para o combate à doença, pois se mostra eficaz no controle das larvas do mosquito, além de ser facilmente adquirido nos mercados locais.
A pesquisa, que apresenta as possibilidades do uso seguro da água sanitária (hipoclorito de sódio), maximizando sua eficiência com o mínimo de aplicação a partir de um produto de uso doméstico, ganha relevância num momento em que a crise da Dengue no Brasil já registra 1.253.919 casos prováveis e 299 mortes, segundo o Ministério da Saúde. Ao todo, oito estados e mais o Distrito Federal já decretaram estado de emergência, com o intuito de reforçar medidas e recursos para o enfrentamento.
“O cloro tem atuação semelhante à de um grupo dos inseticidas modernos denominados IGRs (inibidores do crescimento de insetos), que são quase inócuos aos mamíferos, mas muito eficazes em alguns tipos de insetos”, explica Valter Arthur, autor da pesquisa sobre controle das larvas e professor associado do Laboratório de Radiobiologia e Ambiente do CENA(USP).
Dosagem ideal
Segundo o especialista, pesquisas em laboratório mostraram que, para alcançar a mortalidade de 100% das larvas do mosquito em 24h, é recomendada uma dose de 10ml de água sanitária por litro de água. “A água sanitária pode ser usada em ralos, locais que acumulam água e calçadas, por exemplo”, complementa o pesquisador.
A dosagem equivale a uma colher de chá de água sanitária por litro de água da torneira, e deve ser reforçada para manter a eficiência do controle a cada 5 dias.
André Machi, também pesquisador do CENA/USP e coautor do estudo, afirma que
que quanto maior a quantidade de hipoclorito de sódio, mais rápida a mortalidade da fase larval do mosquito. No entanto, é preciso ter cautela ao administrar o produto em reservas para consumo humano, animal e em plantas de água. “Em plantas, por exemplo, para evitar toxicidade, deve-se respeitar com maior rigor quantidades entre 2 e 10 ml do produto por litro, reforçadas a cada 5 dias”, diz Machi.
Além do uso do cloro, o combate à Dengue envolve outras práticas importantes como evitar acúmulo de lixos e água parada e aplicar repelentes em locais com infestação preferencialmente à base de icaridina, a base para repelentes mais indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).