Com a enorme quantidade de informações circulando nas redes sociais e em outros meios online, é essencial que pais e professores orientem crianças e adolescentes para que a interação com esse universo ocorra de forma responsável e segura. Afinal, a propagação de notícias falsas, também conhecidas por fake news, pode influenciar decisões erradas, fomentar preconceitos, impactar eleições, estimular o ódio e dividir a sociedade.
Desde 2022, o Joca, primeiro jornal do Brasil com notícias da atualidade voltadas às crianças e jovens, promove formações de educação midiática para professores e estudantes e já beneficiou 2.251 educadores. Em 2023, nasceu uma nova iniciativa: a oficina Fato ou Fake, voltada para a formação dos alunos sobre o assunto. Cerca de 700 jovens já foram beneficiados desde então.
Cristina Harich, diretora Pedagógica da Magia de Ler, editora que publica os jornais Joca e TINO Econômico, destaca que as crianças têm sido expostas cada vez mais cedo a vídeos e outros conteúdos que circulam nas redes sociais. “Com o senso crítico ainda em formação, elas precisam desenvolver a capacidade de avaliar e refletir criticamente sobre os conteúdos que recebem. Por isso, são um público vulnerável a possíveis manipulações, o que reforça a necessidade de um letramento midiático”, alerta.
No Brasil, cerca de 25 milhões de indivíduos com idade entre 9 e 17 anos, são usuários de internet, de acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil, feita pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação.
Para auxiliar os adultos na missão de orientar a nova geração a se tornar mais consciente no consumo de conteúdos, a diretora do Joca ensina um passo a passo de estratégias para auxiliar na avaliação da credibilidade das informações e na identificação de notícias falsas.
Fazer a criança entender o conceito de fake news é o primeiro passo. Os adultos devem esclarecer que o termo estrangeiro significa notícias falsas, criadas para manipular e enganar as pessoas ou espalhar desinformação. Usar exemplos práticos, como contar histórias ou mostrar notícias falsas que circularam na internet e foram esclarecidas, são boas estratégias para maior compreensão do que está sendo dito.
As crianças devem ser orientadas sobre como verificar quem escreveu a notícia e de onde ela veio, ou seja, ensinar a reconhecer se há um profissional que assinou o texto e qual o veículo de mídia compartilhou a informação.
Se a fonte não for conhecida ou confiável, há motivo para desconfiança. “As crianças também devem ser orientadas a fazer uma pesquisa rápida e procurar a mesma notícia em outros canais de informação populares e reconhecidos para checarem os fatos”, complementa.
Notícias falsas geralmente possuem títulos exagerados e apelativos para chamar atenção e nem sempre fornecem detalhes suficientes, como datas ou fontes confiáveis. Por isso, a especialista orienta analisar se a notícia contempla detalhes como nomes, locais, datas, contexto do fato, citações a documentos ou pesquisas, por exemplo. “Se o texto omitir dados importantes, essa ausência de informações pode ser um indício de falsidade”, alerta Cristina.
Antes de compartilhar algo, seja pelas mídias ou em conversas, é importante garantir se a informação é verdadeira. Caso haja dúvidas após os pontos de checagem, a orientação é a de não disseminar o conteúdo para não colaborar com a desinformação.
“Procure mostrar que há um efeito negativo no compartilhamento de conteúdos enganosos. Um vídeo sobre saúde, por exemplo, pode levar as pessoas a seguirem conselhos ruins, colocando a segurança da pessoa em risco. Além disso, tal prática aumenta a relevância da informação nas redes sociais e deixa um rastro no histórico online para o usuário, fazendo com que o aplicativo entenda que ele gosta daquele tipo de conteúdo”, exemplifica a especialista.
As redes sociais têm uma idade mínima de 13 anos para que as crianças possam criar perfis. Mesmo que a criança não tenha uma conta em redes sociais, ensine-a a ser cuidadosa com os vídeos e conteúdos que acessa em plataformas como YouTube ou TikTok.
As crianças devem ser incentivadas a serem curiosas e questionarem as informações que recebem online. Fazer perguntas como “Por que alguém escreveria isso?” ou “Qual é o objetivo dessa notícia?” ajuda a estimular o pensamento crítico.
Por isso, a recomendação de Cristina é manter um espaço aberto para falarem sobre o que acessam online, isso as ajudará a refletir e aprender a identificar padrões de desinformação.
“Não é possível controlar o que as crianças e jovens leem e veem a todo tempo, por isso podemos incluí-los nas discussões, debatendo sobre fatos da atualidade que façam sentido ao universo deles, orientando-os sobre buscar fontes confiáveis e exercitando a formação das próprias opiniões. Mais bem informada, a nova geração contará com cidadãos mais críticos, responsáveis e ativos no futuro”, finaliza a diretora Pedagógica da Magia de Ler.
Sobre o Joca
O Joca é o principal jornal do Brasil para jovens. Inspirado nas publicações do gênero na Europa, usa linguagem adequada para o público infantojuvenil e aborda temas da atualidade, além de assuntos inovadores que instigam a curiosidade e reflexão desse público.