A Cia Mundu Rodá realiza os dois últimos finais de semana de “Hileia: Semeadora das Águas” no Sesc Ipiranga (Rua Bom pastor, 822, Ipiranga, São Paulo, SP). O espetáculo é baseado em temas urgentes e universais como o útero, a ancestralidade, o mercúrio, a seca, a enchente e a água. A nova montagem, que estreou em 23 de fevereiro deste ano com dramaturgia de Dione Carlos, traz trilha original executada vivo e emerge de pesquisas do grupo realizadas nos últimos anos, envolvendo o delicado tema das questões ambientais, por meio do aprofundamento de um teatro imbricado nas tradições populares e nas corporeidades contemporâneas. A peça tem direção de Ana Cristina Colla, do Lume Teatro.
Os ingressos podem ser adquiridos em https://www.sescsp.org.br/programacao/hileia-semeadora-das-aguas/.
“Da trajetória do meu antepassado avô, que semeava rios por onde passava, das vozes ancestrais que tanto nos alertam e me ensinam, peço licença para evocar memórias de mulher-rio. Da inquietude de transformar a mim e o que puder alcançar, lançamos sementes de águas para que possamos colher rios”, evoca Juliana Pardo, atriz e uma das criadoras do espetáculo.
“Hileia: Semeadora das Águas” parte de uma pesquisa que entrelaça as memórias pessoais da atriz Juliana Pardo, uma das fundadoras da companhia, além de documentos e narrativas que demonstram a construção da capital paulista por meio do apagamento violento de seu desenho hídrico, e materiais levantados durante duas expedições realizadas pela Mundu Rodá na região Amazônica, pelos rios Xingu e Iriri em 2017 e Rio Acre e Tapajós (2019). O espetáculo teve como inspiração a história real do avô da atriz, que foi carreiro de boi e que coletava águas de rios em pequenas garrafinhas de vidro, autodenominando-se um “colecionador de rios”. Somam-se à construção do espetáculo elementos da cultura popular, pesquisa que tem orientado a criação teatral da Cia. Mundu Rodá desde o seu surgimento, no ano 2000.
Na vida real da artista Juliana Pardo, a figura que guardava águas de rios em garrafas é seu avô Francisco Teles, mas na ficção proposta por Dione Carlos, a AVÓ Hileia é quem coleciona os rios nos potes de vidro. A peça transita também sobre o “ser mulher” em um mundo onde o machismo silencia, o medo imobiliza e o poder patriarcal subsiste há muitas gerações.
SINOPSE
Hileia, uma mulher prestes a perder a visão, acaba de herdar uma coleção da avó: rios engarrafados que a anciã reuniu durante toda a sua vida. Impactada diante do acervo, cria um altar para os objetos, passando a adorá-los, até ser transportada para uma realidade paralela na qual já não é apenas humana, mas um ser híbrido, meio bicho, meio planta, meio água. Navegando pelos rios soterrados de São Paulo, o espetáculo trama a história de mulheres-rios, em diferentes gerações.
PROFUNDIDADES MUSICAIS
Do som gravado das baleias às bacias de água em cena, dos diferentes timbres de chocalhos à rabeca (instrumento constante na pesquisa da Mundu Rodá), são muitas as camadas sonoras de “Hileia”. Da trilha original feita para o espetáculo por Alício Amaral, Juliana Pardo e Amanda Martins, o espectador sem dúvida pode esperar gozo e encantamento. “Partimos das poéticas da água, desde o som da superfície, do meio e das águas mais profundas, além das viagens e encontros com as cantigas e canções tradicionais”, explica Alício Amaral, compositor e pesquisador da Mundu Rodá, que executa a trilha no espetáculo ao lado de Amanda Martins. Aos instrumentos e abordagens inusitadas, juntam-se as músicas tradicionais, como as Cantigas do Baião de Princesas da Casa Fanti Ashanti, Família Menezes e do Grupo A Barca, do Maranhão e a Canção dos Encantados, de dona Maria Zenaide (cantora e parteira do Rio Juruá, no Acre). Completando as corporeidades e pesquisas de Hileia, ainda há a investigação corporal e o Butoh Dance, colaboração com Yumiko Yoshioka.
Ficha Técnica
Direção: Ana Cristina Colla
Co-Direção: Alício Amaral
Atuação: Juliana Pardo
Músico e Musicista em Cena: Alício Amaral e Amanda Martins
Dramaturgia: Dione Carlos
Designer Audiovisual: Yghor Boy
Figurinos: Awa Guimarães
Visagismo: Tiça Camargo
Direção musical: Alício Amaral
Criação musical: Alício Amaral, Amanda Martins e Juliana Pardo
Cantigas: Baião de Princesas – Casa Fanti Ashanti, Família Menezes e Grupo A Barca e Canção dos Encantados – Maria Zenaide
Investigação corporal – Butoh Dance: Yumiko Yoshioka
Tradução e Mediação de Contato/Produção (Yumiko Yoshioka): Eduardo Okamoto
Treinamento corporal: Lu Favoreto e Juliana Pardo
Investigação vocal: Lari Finocchiaro, Andrea Drigo e Letícia Góes
Concepção Cenário: Giorgia Massetani
Luz: Eduardo Albergaria
Operação de Luz: Felipe Stucchi e Kenny Rogers
Captação das imagens Rio Jureia: Laboratórios Cisco
Equipe de produção: Corpo Rastreado – Lucas Cardoso
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto – Márcia Marques, Daniele Valério e Marina Franco
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Créditos da primeira etapa do projeto
PESQUISA E CRIAÇÃO
Assistência de Direção: Natacha Dias e Alício Amaral Designer Audiovisual: Clara Moor e Julia Ro Figurinos: Thaís Dias Cenário e Cenotecnia: Wanderley Silva Provocadores dos Estudos Cênicos I e II: Daniel Munduruku, Francois Moïse Bamba, Patrícia Furtado e Adriano Sampaio Tradução e Mediação de Contato / Produção (Francois Moïse Bamba): Laura Tamiana Captação das imagens Rio Jamari e das crianças da aldeia jupaú, T.I. Uru Eu Wau Wau – Povo Uru Eu Wau Wau; e desenhos criados pelas crianças da Aldeira Tubatuba, T.I.Xingu, Povo Yudjá: Clara Moor
SERVIÇO
“Hileia: Semeadora das Águas”
Até 24 de março, sextas às 21h30, e sábados e domingos às 18h30.
Local: Sesc Ipiranga – Auditório – Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga, São Paulo/ SP.
Duração: 60 minutos.
Classificação Indicativa: 12 anos.
Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia-entrada) e R$ 12 (credencial plena) | Vendas nas bilheterias das unidades do Sesc e no link: Informações e ingressos em:
https://www.sescsp.org.br/programacao/hileia-semeadora-das-aguas/