Acordar já cansado, ter dificuldade de concentração e se sentir irritado durante o dia são alguns dos sinais que podem indicar mais do que uma noite de sono mal dormida: e sim um distúrbio do sono. Ou seja, uma alteração cerebral, respiratória ou de movimento que impede a capacidade do organismo de dormir como deveria.
Ainda que a parcela das pessoas que procuram por ajuda médica nestes casos seja mínima, cerca de 7%, o Mapa do Sono dos Brasileiros de 2021 revelou que 65% da população tem baixa qualidade de sono. O que indica que distúrbios noturnos são muito comuns no Brasil.
Para a Dra. Natália Longo, neurologista pela Santa Casa de São Paulo e neurofisiologista pelo HCFMUSP, as pessoas ainda não tratam o sono como uma questão de saúde e por isso não buscam ajuda médica, o que é um equívoco.
“O sono tem um papel fundamental nos processos biológicos do nosso organismo. Mais do que descansar o corpo, ele faz regulações importantes no organismo. Quando uma pessoa não consegue ter um sono profundo de qualidade, processos como imunidade, liberação e equilíbrio de hormônios ficam prejudicados e isso aumenta as chances de ter infarto ou um AVC. E, por isso, é tão importante conhecer mais sobre os distúrbios do sono”, explicou a especialista.
Na Síndrome das Pernas Inquietas, por exemplo, a pessoa sente uma vontade incontrolável de mexer as pernas quando está prestes a dormir ou está dormindo e após movimentar tem uma melhora do incomodo. Existem várias teorias quanto as causas da síndrome das pernas inquietas, porém sabemos que pode estar correlacionado com o estoque de ferro no corpo.
Outro distúrbio que altera o movimento do corpo durante o sono é o sonambulismo. Isso acontece porque algumas áreas do cérebro são ativadas quando não deveriam ser. Então, o sonâmbulo faz atividades parecendo estar acordado, inclusive com os olhos abertos, mas na verdade está no sono mais profundo e pela manhã não se lembrará de nada do que fez, seja conversar, caminhar, mexer em objetos, entre outros.
“Apesar de todo o misticismo em torno dos sonâmbulos, na maioria dos casos, os sintomas aparecem ainda na infância, geralmente, a partir dos três anos, e desaparecem naturalmente na adolescência. É um distúrbio que na maioria das vezes está presente em outros familiares e requer tratamento para os pacientes que ainda apresentam a condição quando adultos”, explicou.
O oposto de movimentos involuntários acontece quando o distúrbio é a paralisia do sono. Nesta condição, a pessoa não consegue realizar nenhuma mobilidade, nem mesmo falar, alguns momentos após despertar. Ela permanece consciente até recuperar lentamente o controle, a força e a sensibilidade dos músculos, voltando a se movimentar. Não chega a ser considerado um distúrbio grave e o segredo é manter a calma. Mas, caso a situação seja persistente, o melhor é procurar por ajuda médica.
A Dra. Natália Longo ainda explica, que diferente de sono de baixa qualidade, o excesso de sonolência durante o dia é um sinal de que você está apresentando um distúrbio do sono, quando este é de forma incontrolável, uma das causas conhecida é a narcolepsia.
“Neste caso, o distúrbio é uma doença neurológica, em que há tratamento para melhorar os sintomas, mas não tem um tratamento específico para a doença. E como nem toda sonolência é uma doença, o ideal é que um médico seja consultado assim que o paciente perceber que está sentindo sono ou até está caindo na soneca quando e onde não deveria”, finalizou.
Como sintomas ou sinais dos distúrbios do sono, podemos destacar a dificuldade de pegar no sono à noite, cansaço e sonolência durante o dia, acordar cansado e sem a sensação de ter dormido o suficiente, irritação, dor de cabeça constante, ansiedade e depressão. Ao identificar esses sintomas, opte por procurar um especialista, pois é importante para a saúde manter a qualidade do sono.