A Leucemia Mielóide Aguda – tipo mais comum de Leucemia e responsável por 80% dos casos deste tipo de câncer em adultos – atinge a medula óssea e é considerada uma das formas agressivas da doença. No entanto, apesar de provocar alterações rápidas no corpo, quanto antes for descoberta, maiores são as chances de sucesso no tratamento e cura.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), é estimado 11.540 novos casos de leucemias a cada ano no Brasil. A ocorrência de LMA aumenta ainda com a faixa etária, uma vez que sua incidência é maior acima de 65 anos. No entanto, apesar de ser o tipo mais comum de leucemia, a doença ainda é rara – representando 1% de chance de alguém desenvolver a doença ao longo da vida.
Um levantamento realizado pelo Observatório de Oncologia, feito no período de 2008 a 2017, mostrou que houveram 63 mil mortes causadas pela Leucemia. Destas, 36% estão relacionadas à Leucemia Mielóide Aguda.
Fatores de risco
De acordo com a Dra. Mariana Oliveira, oncologista da Oncoclínicas São Paulo, é muito importante levar em consideração fatores de risco que aumentam as chances do desenvolvimento de Leucemia. “Alguns fatores de risco podem colaborar para o surgimento do câncer. Ou seja, exposição a agentes químicos (como o benzeno), doenças do sangue (mielodisplasia), doenças genéticas (Anemia de Fanconi, síndrome de Down, entre outras) e radioterapia ou quimioterapia prévios”, explica.
Segundo a especialista, não se trata de uma condição hereditária, mas sim de uma doença que ocorre devido a alterações genéticas adquiridas e que acabam por desencadear o surgimento do câncer. “Não há como apontar causas exatas que permitam a prevenção para todos os indivíduos”, destaca a Dra. Mariana.
De olho nos sintomas
Justamente pela medula apresentar células com mutações genéticas, que começam a se multiplicar de maneira descontrolada e não deixam as células saudáveis se desenvolverem de maneira natural, o paciente pode apresentar anemia.
“O corpo passa a dar sinais de que algo não vai bem e a baixa produção de células sanguíneas saudáveis faz com que haja anemia e infecções, por exemplo. A partir disso, o paciente pode apresentar fadiga, cansaço, palidez, dor de cabeça, falta de ar, tonturas, febre, desmaios e infecções frequentes. Portanto, é muito importante buscar aconselhamento médico para o diagnóstico correto”, comenta a oncologista da Oncoclínicas São Paulo.
Outros sintomas são:
Quando há a baixa de plaquetas, o paciente pode perceber:
Existem outros tipos de LMA?
Sim! A doença não é única e os tipos são diversos dentro da categoria. “Isso se dá justamente pelas mutações genéticas. A partir da identificação, o médico poderá recomendar o tratamento necessário para o paciente”, explica a médica.
Dentre os subtipos, a doença é classificada através de sua alteração citogenética ou molecular. A classificação, realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), possui revisão a cada oito anos e inclui novas informações relevantes dentre os grupos da neoplasia.
Como é feito o diagnóstico?
A Leucemia Mieloide Aguda pode ser confirmada através de exame físico e também com exames laboratoriais. “O médico pode solicitar amostras de sangue e medula óssea, hemograma completo com diferencial, testes genéticos, mielograma, entre outros”, explica a Dra. Mariana Oliveira.
“No caso do hemograma completo com diferencial, é possível analisar a quantidade de glóbulos vermelhos, brancos e também de plaquetas na amostra colhida. O diferencial detalha ainda quais tipos de células brancas estão presentes”, complementa.
Leucemias agudas e crônicas: qual a diferença?
Tratamento
Apesar da LMA ser uma doença agressiva, o prognóstico é bastante positivo quando descoberta e tratada o quanto antes. “O tratamento recomendado irá depender da idade do paciente e também dos fatores de risco, envolvendo questões citogenéticas e moleculares. Dentre o processo, pode ser indicado a quimioterapia, terapias alvo e transplante de medula óssea”, explica a oncologista.
Vale lembrar ainda que na leucemia mielóide aguda, a etapa de manutenção do tratamento só é necessária para os casos de leucemia promielocítica aguda (um subtipo especial de LMA relacionado a hemorragias graves no diagnóstico). Nesses casos, existe uma mutação genética específica que pode ser detectada nos exames da medula óssea, e o tratamento com uma combinação de quimioterapia e comprimido oral (tretinoína) possibilita taxas de cura bastante elevadas.
“Justamente por ser uma doença heterogênea, cada paciente pode reagir de diferentes maneiras ao tratamento. Além disso, a boa notícia é que durante a fase inicial da quimioterapia, a remissão da neoplasia pode chegar entre 50% a 85%”, finaliza.