Por André Bacaltchuk, especialista do mercado imobiliário e cofundador da Colmeia Coliving
A urbanização e os altos custos de moradia em grandes cidades do Brasil criaram a necessidade de construir alternativas habitacionais acessíveis e disruptivas. Entre elas, o coliving se destaca como uma solução eficaz. São Paulo é um exemplo preciso de onde o modelo tem se tornado cada vez mais popular, já que oferece uma nova forma de viver que combina funcionalidade, economia, comodidade e estilo de vida.
A inovação é uma das marcas registradas do coliving. Empreendedores do setor imobiliário investem em criar espaços que não apenas atendem às necessidades básicas de moradia, como também adicionam uma série de recursos para melhorar a qualidade de vida dos residentes, entre eles: tecnologia integrada, áreas de trabalho coletivo, programas de comunidade e planejamento sustentável.
Quando falamos de tecnologia, também mencionamos o aspecto de conveniência. Diferente de modelos tradicionais, os espaços compartilhados possuem soluções avançadas, como aplicativos de gestão de moradia para facilitar a comunicação entre residentes, reserva de cômodos comuns, pagamento de serviços e até mesmo o controle de acessos e segurança. Essa integração digital cria um ambiente inteligente, onde os moradores podem gerenciar suas rotinas e interagir com os “vizinhos” do mesmo imóvel.
Além disso, o formato compartilhado tem se alinhado às tendências do mercado de trabalho moderno, com destaque para São Paulo, que lidera o ranking nacional em geração de empregos. Apenas no início deste ano, mais de 101 mil empregos formais foram criados na metrópole, segundo o Novo Caged do Ministério do Trabalho e Emprego.
O trabalho remoto reflete essa realidade, e as moradias compartilhadas podem integrar coworkings com infraestrutura de escritório, internet rápida e salas de reunião, atendendo às demandas dos trabalhadores e oferecendo produtividade. Um levantamento da consultoria global Cushman & Wakefield indica um aumento de mais de 20% no preço do metro quadrado na Faria Lima, um dos principais polos empresariais e financeiros da região, potencializando a atuação dos colivings em mais um aspecto: a economia.
Segundo levantamento do Secovi-SP, os Valores de Locação Residencial expressaram um aumento de 8,50% entre junho de 2023 e maio de 2024 na cidade de São Paulo. Nesse cenário, a opção de dividir despesas com outras pessoas ou optar por imóveis compactos torna as casas compartilhadas uma solução viável para muitos moradores, especialmente aqueles que buscam reduzir custos sem abrir mão de seus objetivos ou necessidades.
A mudança nos padrões de moradia também está proporcionando ainda mais espaço ao coliving. De acordo com o Green Building Council Brasil (GBCB), houve um aumento de 40% nas construções verdes residenciais em 2023, o que leva o segmento de arquitetura a optar por casas que aproveitam materiais ecológicos e implementam sistemas de eficiência energética, como painéis solares e reciclagem de água da chuva. Isso se torna valioso considerando o aumento da conscientização sobre questões de sustentabilidade e a avaliação da Cetesb, Agência Ambiental do Governo de São Paulo, que classificou o ar como “ruim” em sete das quinze estações de medição na cidade.
Num cenário de urbanização acelerada e desafios habitacionais, o coliving surge então como uma resposta inovadora. O modelo é uma alternativa atraente para indivíduos que buscam um estilo de vida mais coerente e sociável. Com a expansão da demanda, é fundamental que a moradia compartilhada seja vista como uma opção válida e benéfica no segmento imobiliário. Só assim será possível atingir públicos diversos, principalmente no caso de grandes centros urbanos.