“Devastador”. Assim foi classificado o relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação que mostra que a fome atingiu 10% da população mundial durante a pandemia. No Brasil, a estimativa é que mais de 49 milhões de pessoas vivam em situação de insegurança alimentar moderada ou severa, o que significa que elas deixaram de se alimentar por falta de comida ou que a qualidade da alimentação piorou nos últimos anos.
No mês de junho, o preço médio da cesta básica no Brasil foi de R$ 573, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Enquanto isso, milhares de famílias pertencentes ao grupo de extrema pobreza, sobrevivem com menos de R$ 10 por dia, que precisa ser utilizado para cobrir gastos de luz, água, gás e comida de pelo menos quatro pessoas. De acordo com um estudo recente da Unicef, desde o início da crise da covid-19, 27 milhões de brasileiros deixaram de comer em algum momento porque não havia dinheiro para comprar comida.
Na avaliação de especialistas, a pandemia teve um impacto ainda incalculável no estado nutricional de milhões de pessoas, incluindo crianças. Nas 19 escolas sociais mantidas pelo Grupo Marista nos estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina, muitos estudantes estão nessa triste estatística. São 977 crianças e adolescentes que vivem na linha mais baixa da faixa econômica e 1027 em situação de pobreza moderada, tendo na merenda escolar uma das principais fontes de alimentação. “Nós sabemos que não tem como se concentrar nos estudos quando a fome fala mais alto. E precisamos pensar também nas famílias dessas crianças que foram ainda mais impactadas pela pandemia, com a perda de emprego e renda, e também considerando a dificuldade do Estado em garantir todos os direitos básicos, como o da alimentação”, explica o gerente de captação de recursos do Grupo Marista, Rodolfo Schneider.
Quando o amor resiste, a fome desiste
Desde o início da pandemia, o Grupo Marista faz campanhas de arrecadação de mantimentos para as famílias atendidas. Com as ações realizadas, foram distribuídas mais de 16 toneladas de alimentos e produtos de limpeza e higiene para 2.100 famílias que vivem nas comunidades mais vulneráveis.
No entanto, os desafios permanecem e com o objetivo de ajudar as famílias das crianças atendidas pelas escolas sociais por um período mais longo, o Grupo Marista inicia em agosto uma campanha de arrecadação para aquisição de cestas básicas e material de higiene pessoal. “Nosso objetivo é arrecadar pelo menos R$ 360 mil para ajudar as famílias mais vulneráveis com cestas mensais até o início de 2022. E, se conseguirmos superar essa meta, vamos ampliar a doação para todas as crianças atendidas”, ressalta Schneider. Em média, cada família é composta por quatro integrantes, mas o número é variável e algumas são bem mais numerosas.
Presente em comunidades vulneráveis de 16 cidades, as escolas sociais oferecem desde o ensino básico (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio), incluindo atividades no contraturno escolar, transformando os espaços em um ambiente seguro e de educação para as comunidades. As equipes buscam a formação solidária e ética das crianças e adolescentes atendidos, incentivando o protagonismo dos jovens dentro e fora do ambiente escolar, com o objetivo de impactar positivamente a sociedade.
Ações multiplicadas
Com o mote “Quando o amor resiste, a fome desiste”, a campanha de arrecadação segue até o dia 20 de setembro, com doações feitas pela plataforma: www.solidariedadematafome.com.br . Dentro do site é possível indicar qualquer valor como parte da vaquinha virtual. O objetivo é mobilizar, além dos colaboradores e fornecedores do Grupo Marista, a população em geral em uma grande corrente de solidariedade.
Ao longo do mês de agosto, outras ações com o mesmo propósito também serão realizadas pela Província Marista Brasil Centro-Sul. Por meio da iniciativa “Solidariedade que Aquece”, que reúne ações solidárias e exemplos positivos, no dia 14 de agosto, em comemoração ao Dia Marista, está programado um Drive Solidário da PUCPR, em Curitiba (PR), para doações de alimentos e produtos de higiene. As doações serão destinadas às famílias em situação de vulnerabilidade social do projeto SOS Vila Torres, que apoia sete comunidades da capital paranaense. Além disso, a partir do dia 16 de agosto, outros 40 pontos de arrecadação vão funcionar no Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Goiás e Distrito Federal.
“Acreditamos que, para cada dificuldade da vida, existe uma oportunidade de promover o bem. A pandemia trouxe inúmeras dificuldades e muitas famílias em situação de vulnerabilidade social foram ainda mais impactadas. Nosso intuito é levar um pouco de conforto e tranquilidade para elas.”, explica o diretor executivo da Província Marista Brasil Centro-Sul, June Cruz. Para saber mais acesse: https://solidariedadequeaquece.marista.org.br/dia-do-marista/