A carne entrou para a dieta dos seres pré-humanos há cerca de 2,6 milhões de anos. De lá para cá, acredite se quiser, esse alimento teve um papel fundamental no desenvolvimento das pessoas, em especial do cérebro. É que a proteína foi essencial para fornecer mais calorias (com menos esforço) aos humanos, favorecendo o crescimento desse órgão, que exige muitos nutrientes.
Ainda assim, existe muita desinformação sobre o consumo dessa proteína. E para explicar o que é verdade e o que é mentira, nada melhor do que uma especialista no assunto. Nutricionista formada há 18 anos pela Faculdade de Medicina de Itajubá (MG), Letícia Moreira é especializada em dietas low carb, cetogênica e carnívora. Um dos focos da sua atuação é a união entre a proteína animal, o emagrecimento e o esporte de Endurance. Ela é cofundadora da PRIMAL ENDURANCE e nutricionista do primeiro Ultraman carnívoro do mundo, Alessandro Medeiros.
De acordo com ela, é crucial entender que não se deve eliminar a ingestão de proteína animal da dieta. “É preciso adotar uma alimentação baseada em comida de verdade, optando por ingredientes frescos, naturais e com mínimo de processamento para manter uma boa saúde. A proteína animal desempenha um papel principal nesse contexto, pois é fonte de uma variedade de nutrientes essenciais para o bom funcionamento do corpo”, destaca.
Confira a seguir alguns fatos sobre a carne bovina:
A carne vermelha não está associada ao aumento do colesterol. O seu consumo não impacta negativamente os níveis de colesterol em indivíduos saudáveis.
Nutri explica: “O mito de que a carne vermelha eleva o colesterol é desmistificado quando analisamos a dieta como um todo. A qualidade das gorduras e a presença de carboidratos processados têm um impacto muito maior na saúde cardiovascular”.
Na verdade, a carne é digerida de forma eficiente no sistema digestivo humano, e o tempo de digestão é semelhante ao de outros alimentos proteicos, como ovos e laticínios. Estudos demonstram que a carne não provoca fermentação prejudicial no intestino.
Nutri explica: “O processo digestivo humano é bastante eficiente. O que realmente importa é a saúde intestinal e a composição da dieta. A carne não apodrece no intestino, mas sim contribui para a saúde do organismo”.
Embora a carne vermelha contenha purinas, que podem aumentar os níveis de ácido úrico em algumas pessoas, o consumo moderado de carne não é um fator determinante no desenvolvimento de gota.
Nutri explica: “O consumo de carne vermelha em quantidades adequadas não causa aumento do ácido úrico. É essencial considerar o contexto geral da dieta, a genética e os hábitos de vida do indivíduo”.
A carne vermelha é uma fonte rica de ferro heme, que é melhor absorvido pelo organismo. No entanto, para a maioria das pessoas saudáveis, o consumo regular de carne não causa aumento excessivo nos níveis de ferritina, que é a proteína que armazena ferro no corpo. A excreção de ferro é regulada pelo organismo, e excessos são raros.
Nutri explica: “A ferritina é uma proteína de armazenamento de ferro, e sua elevação não está ligada ao consumo de carne, mas sim a processos inflamatórios e se deve investigar o estado de saúde geral do indivíduo”.
Não há evidências conclusivas que demonstrem que o consumo moderado de carne vermelha cause doenças renais em indivíduos saudáveis. Um estudo da National Kidney Foundation sugere que o risco de doença renal é mais associado a fatores como hipertensão e diabetes do que ao consumo de carne.
Nutri explica: “A carne é uma fonte de proteína de alta qualidade, e em pessoas saudáveis não causa doenças renais. A questão é individual, ou seja, cada pessoa deve observar, junto de um profissional, suas necessidades e condições de saúde”.
A carne vermelha deve ser parte de uma dieta saudável, fornecendo proteínas de alta qualidade e nutrientes essenciais, como ferro, zinco e vitaminas do complexo B. É recomendado incluir cortes de carne bovina em uma dieta.
Nutri explica: “A carne é um componente valioso na dieta, especialmente quando equilibrada com comida de verdade. Ela fornece nutrientes essenciais que são difíceis de obter de outras fontes”.
O ganho de peso é resultado de um balanço calórico positivo, não apenas do consumo de carne. Quando integrada a uma dieta saudável e a um estilo de vida ativo, a carne vermelha não é um fator isolado que leva ao ganho de peso. Além disso, a proteína encontrada na carne pode ajudar na saciedade, reduzindo a ingestão total de calorias.
Nutri explica: “A carne em si não é a vilã da balança. O que realmente importa é a quantidade total de calorias consumidas e a qualidade da dieta como um todo”.
A carne vermelha é uma excelente fonte de proteína, crucial para a recuperação e construção muscular. A ingestão adequada de proteína após o exercício é vital para o crescimento muscular e a recuperação. Pesquisas indicam que a proteína da carne é eficaz na promoção da síntese proteica muscular.
Nutri explica: “Para atletas e praticantes de atividades físicas, a carne é um aliado indispensável. Ela fornece os nutrientes necessários para a recuperação e o desenvolvimento muscular”.
A carne vermelha é uma fonte concentrada de nutrientes que são essenciais para a saúde. De acordo com a United States Department of Agriculture (USDA) – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos –, 100 gramas de carne bovina contêm uma quantidade significativa desses nutrientes, contribuindo para a saúde geral.
Nutri explica: “A carne é uma verdadeira fonte de nutrientes, incluindo proteínas, gordura, ferro, zinco e vitaminas B12 e B6, oferecendo uma variedade de vitaminas e minerais que são fundamentais para a saúde e o bem-estar geral”.
Não há relação direta entre o consumo de carne vermelha e o desenvolvimento de diabetes tipo 2. Estudos mostram que a dieta como um todo, incluindo a quantidade de carboidratos e a qualidade da alimentação, é mais influente no risco de diabetes do que a carne em si. O importante é focar na qualidade da carne e na variedade da dieta.
Nutri explica: “O consumo de carne, quando integrado a uma dieta saudável, não é um fator de risco para diabetes. O foco deve estar em reduzir açúcares e carboidratos processados”.
Verdade extra: carne brasileira tem, sim, alta qualidade!
A carne brasileira é reconhecida mundialmente por sua qualidade, tanto para consumo interno quanto para exportação. O Brasil segue rigorosos padrões de produção e sanidade, e diversas certificações garantem que a carne produzida no país atenda aos mesmos padrões de qualidade que as exportadas, sendo um produto de excelência.
Nutri explica: “A qualidade da carne brasileira é inquestionável. O manejo e os padrões de produção atendem às exigências do mercado externo, e isso se reflete na qualidade que o consumidor brasileiro também recebe”.
Com o apoio da Connan, uma das principais indústrias de nutrição animal do Brasil e a Fazenda Mundo Novo, propriedade localizada em Uberaba (MG) e especializada em seleção da raça Nelore Lemgruber, Letícia e o atleta Medeiros se engajaram em um projeto que pretende reforçar a qualidade da carne brasileira, as boas práticas na pecuária de corte a importância da ingestão de proteína animal para os seres humanos.