Recentemente, o apresentador Fausto Silva, o Faustão, esclareceu em entrevista que tem realizado sessões de diálise duas vezes por semana no hospital. Ele recebeu alta no fim de abril após ter realizado um transplante de rim 47 dias antes. Seis meses antes, ele já havia realizado um transplante de coração por conta de um quadro de insuficiência cardíaca. O nefrologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Eduardo Tibali, explica que o transplante de rim traz diversos benefícios para os pacientes, uma vez que traz melhoras para a qualidade de vida e permite a pessoa retomar a vida a um ritmo praticamente idêntico ao normal. Ainda assim, é preciso ter cuidados.
“Apesar de voltarem ao ritmo normal, ainda é exigido que o paciente faça consultas regulares ao nefrologista para reavaliação da função do enxerto e ajuste dos medicamentos imunossupressores”, ressalta ele.
O médico explica que a hemodiálise é um método que consiste na “filtragem” das impurezas do sangue, na regulação de eletrólitos, controle do pH sanguíneo e normalização da quantidade de líquidos do corpo. O procedimento acontece com a circulação do sangue por um sistema fechado a partir de um acesso venoso (cateter ou fístula), passando pelo filtro de hemodiálise.
“Geralmente, os pacientes precisam ir 3 vezes por semana ao centro de diálise, mas isso pode variar. Não há um número mínimo e máximo de sessões de hemodiálise para os pacientes. A estratégia é individualizada para cada caso, havendo vários fatores para considerar, como por exemplo a existência de diurese residual (quantidade de urina produzida)”, avalia.
O especialista explica que não é possível afirmar por quanto tempo o paciente precisará continuar a realizar a diálise. “No caso de um transplante renal com doador falecido, é bastante frequente realizar algumas sessões de hemodiálise até que exista boa função do enxerto. Caso o rim transplantado não recupere a sua função, a hemodiálise será mantida por tempo indeterminado”, destaca.
Para além das sessões, o paciente também deve manter o uso diário de imunossupressores, além dos medicamentos para suas doenças pré-existentes (remédios de pressão, diabetes, entre outras). Ainda será necessário realizar consultas frequentes e regulares com o nefrologista, que vai reavaliar os medicamentos e a função do enxerto renal. “Eventualmente poderá ocorrer alguma internação para tratamento de complicações, como rejeição”, afirma.
O paciente também é reavaliado no período de 60 a 90 dias após o transplante sobre o funcionamento do rim. Caso esse bom funcionamento não aconteça, o paciente poderá ser preparado para um novo transplante. As causas para a ausência de funcionamento do transplante de rim podem ser por rejeição, infecções, problemas vasculares, disfunções da bexiga, entre outros fatores. No caso do transplante do Faustão, sua esposa Luciana Cardoso afirmou, em junho, que a rejeição do novo órgão no apresentador foi vencida.
Um dos fatores que gerou preocupação em relação a Faustão foi a sua idade, 74 anos. Eduardo Tibali explica que em geral se adota o limite de 75 anos para o transplante de rim mas isso pode ser discutível. “As pessoas com mais de 70 anos que têm comorbidades associadas (hipertensão, diabetes, cardiopatias) têm menor chance de sucesso no transplante e maior risco de complicações clínicas e cirúrgicas. Mais uma vez, é importante ressaltar que os casos precisam ser individualizados”, finaliza.