No espetáculo, o corpo é formado pelo todo (luz, corpo físico e extensores), e propõem-se receptores e emissores de posturas e detalhamentos, texturas e isolamentos. O trabalho, então, é feito por conexões e elementos mínimos encontrados no próprio curso da experiência.
Misturando um confronto sensorial com elementos que não estão necessariamente visíveis aos olhos, o espetáculo de dança propõe uma reflexão com vestígios de ações. Uma coreografia tecida por cadeias de movimentos compostos por um trio de bailarinos, num espaço cênico, com pouca luz – ora escuro, ora sombreado – e com quase nada que sugira imagens, apenas alguns objetos denominados extensores.
Os três artistas apresentam espectros de movimentos, impulsionados por uma composição espacial que deixa rastros no curso das ações, até se reduzirem e estreitarem na escuridão do fundo da cena. A partir daí iniciam uma série de despejos sobre a plateia, num confronto formado por silhuetas, contornos e vultos que se aproximam e se distanciam em alternâncias e comentários expressivos.
“No campo das observações sobre o olhar, consideramos que a consciência do mundo em que vivemos é parte fundamental para as possibilidades a serem apresentadas. Consciência do lugar físico, da geografia que percorremos para comunicarmos ansiedades, vontades, hábitos, saberes, ideias e tantas outras coisas que compõem a existência. Aqui, enxergar ou ver, são cargas de possibilidades concretas para expressarmos de maneira a acender o olhar para um humor trágico”, diz o diretor João Saldanha.
Esse humor é composto pela intensidade das zonas claras (de luz), das áreas sombreadas (onde as ações sugerem um pensamento menos esclarecido) e, na contraposição das regiões escuras (blackouts que nos fazem entrar para outras sensibilidades como a audição e o olfato) e trazer para as regiões de atenção em espera, atitudes que provoquem um estado de curiosidade na dança que será produzida.
Sinopse
“O lugar mais escuro é embaixo da luz”, conta com a participação criativa e dançante de Elton Sacramento, Laura Samy e Maria Alice Poppe. Esse trabalho percorre a cena pelas escolhas e pelo olhar sensível de cada dançarino, por suas proporções, distâncias e atenções tecidas no mover. Uma via de acesso que permite perceber humor e inquietude numa comunicação cênica firmada por informações momentâneas do olhar. Enxergar é sempre uma ação agitada que nesse campo de atenções, torna-se parte de uma consciência física e instintiva, percorrida por anseios, ritmos e hábitos.
Um trio, um prisma, ações de despejo, ações de esgarçamento, danças pessoais, danças em esboços, danças ficcionais, extensores.
Ficha Técnica
Encenação e direção – João Saldanha
Criação – Elton Sacramento, João Saldanha, Laura Samy e Maria Alice Poppe
Dançam – Elton Sacramento, Laura Samy e Maria Alice Poppe
Trilha incidental – Sacha Amback
Operação de som – Thiago Tafuri
Costureira – Lucia Lima
Objeto Prisma – Custódio
Cocar – Marcela Saldanha
Produção – Corpo Rastreado
Serviço
O Lugar Mais Escuro é Embaixo da Luz (dança)
Temporada: de 3 a 12 de setembro de 2019, terça a quinta-feira, às 21h
Local: Espaço Expositivo (2º Andar)
Capacidade: 90 pessoas Duração: 75 minutos | Classificação: 14 anos
Ingresso: R$ 25 (inteira), R$ 12,50 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor de escola pública com comprovante) e R$ 7,50 (trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculados no Sesc e dependentes/Credencial Plena)
Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195
Bilheteria: Terça a sábado das 10h às 21h. Domingos e feriados das 10 às 18h
Tel.: 11 3095.9400
Estacionamento com manobrista: Terça a sexta, das 7h às 21h30; Sábado, das 10h às 21h30; domingo e feriado, das 10h às 18h30. Taxas / veículos e motos: para atividades no Teatro Paulo Autran, preço único: R$ 12 (credencial plena do Sesc) e R$ 18 (não credenciados). Transporte Público: Metrô Faria Lima – 500m / Estação Pinheiros – 800m