Sucesso de público e crítica, a comédia besteirol O Mistério de Irma Vapretorna a sua terceira temporada, interrompida por conta da pandemia do Covid 19, no Teatro Sérgio Cardoso, equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerido pela Amigos da Arte, após turnê que passou por duas vezes pela capital paulista, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre e Uberlândia. A temporada tem como protagonistas a dupla Luis Miranda e Mateus Solano na montagem adaptada e dirigida pelo encenador Jorge Farjalla a partir do texto de Charles Ludlam. Em São Paulo, a peça é apresentada pelo Consórcio Nacional Volkswagen e conta com o patrocínio da Rede D’Or. A produção e realização são da Bricabraque Produções e Palco7 Produções.
A trama original se passa em um lugar remoto da Inglaterra e conta a história de Lady Enid, a nova esposa do excêntrico Lord Edgar. Ela tem que se adaptar a viver em uma mansão mal-assombrada pelo fantasma da primeira esposa de seu marido, Irma Vap – lugar onde o filho do casal foi morto por um lobisomem.
Na casa, há uma governanta que assume a posição de rival da recém-chegada. Para retomar o amor de seu marido, Lady Enid come o pão que o diabo amassou e pratica peripécias divertidas. Em cena, dois atores interpretam os vários personagens, entre humanos e assombrações.
O texto foi montado pela primeira vez em 1984 em um pequeno teatro em Greenwich Village, em Nova York, nos Estados Unidos, pela companhia Ridiculous Theatrical Company, do próprio Charles Ludlam. Ele fez uma paródia dos clássicos e inspirou-se em um gênero da Inglaterra Vitoriana chamado “penny dreadful” (que pode ser traduzido como terror a tostão) para criar um novo tipo de comédias, o melodrama vitoriano.
Diferente da história original, a versão é situada em um trem fantasma de um parque de diversões macabro. “Usamos como referência os filmes de terror, como Pague para Entrar, Reze para Sair, de Tobe Hooper; Rebecca, de Alfred Hitchcock, e a estética dos anos 80. Mergulhamos também no universo do videoclipe de Thriller, de Michael Jackson, que foi dirigido pelo cineasta John Landis, uma referência do que é um filme de horror. Além disso, a obra também tem várias citações de Shakespeare, principalmente de Hamlet. Desfragmentamos todas as camadas do texto para ver o que estava por trás dele e ressignificar a obra”, conta o diretor e encenador Jorge Farjalla.
A primeira e icônica montagem brasileira do texto, com direção da saudosa atriz Marília Pêra e atuação de Ney Latorraca e Marco Nanini, estreou em 1986 e ficou em cartaz durante 11 anos consecutivos, o que garantiu ao texto o registro no livro Guiness World Records. A peça ficou marcada na história do teatro por uma espécie de gincana de troca de figurinos por Nanini e Latorraca.
O espetáculo, ainda segundo o diretor, tem a proposta de expor aos olhos do público essa troca de roupas e enfatizar ainda mais o texto e o trabalho do ator. “Nós teatralizamos a troca de roupas. Eu quero mostrar para o espectador o teatro como uma grande ilusão e o ator como um grande mago, que pode criar tudo na frente do público e fazê-lo acreditar naquela situação. Quero que a plateia sinta o trabalho do ator e como eles vão dividir esses personagens em um jogo de espelhos. O próprio texto de Ludlam sugere o jogo teatral e tentamos enfatizar ao máximo a questão dos atores como um duplo”, comenta.
Essa encenação ousada só é possível graças ao talento de Luis Miranda e Mateus Solano. “Os dois são de uma genialidade, uma elegância artística. “Eles têm juntos uma energia maravilhosa. Estou muito grato por tê-los comigo e por partilhar algo tão sagrado para mim, que é o fazer teatral”, acrescenta.
Elementos cênicos de Irma Vap
O cenário de Marco Lima é um trem fantasma, com o carrinho utilizado de forma manual, artesanal e mecânica. Tudo construído com madeira, ferro e materiais simples. As luzes do cenário piscam e as portas abrem e fecham. Na montagem, os quatro atores “vodus contrarregras” fazem a movimentação do cenário. Todo palco está aberto, mostrando a caixa cênica, sem bambolinas, sem rotundas, revelando o maquinário do teatro e não escondendo nada. “O cenário foi inspirado no filme de terror dos anos 80, Pague para Entrar, Reze para Sair. É todo teatralizado”, detalha Marco Lima.
O figurino de Karen Brusttolin é todo feito à mão, por uma equipe composta por sapateiro, chapeleiro, costureira, bordadeira, designer de adereços e envelhecimento. O tecido utilizado foi o jeans, para dar um ar contemporâneo. São sete trocas de roupa, referências e universos diferentes que transitam desde a era medieval até David Bowie. “Temos trocas de roupas muito rápidas. O diretor optou por revelar essas mudanças ao público. Pensei que este figurino deveria ser feito em camadas, criei a roupa “base” como bonecos de vodu. Depois disso fui lapidando cada roupa pensando nas necessidades de cada ator, para que essas trocas pudessem acontecer com fluidez”, conta Karen.
A iluminação de César Pivetti é quase uma personagem. São vários efeitos, 300 movimentos de luz. “Procurei usar algumas tonalidades que remetessem ao clima de trem fantasma e escolhi dois tons de lavanda. Posicionei as máquinas de fumaça, criando um pântano. Com os refletores de chão e com toda a possibilidade de cenografia, conseguimos criar essa região pantanosa”, comenta César.
A trilha musical é quase cinematográfica, pontua as cenas e as ações dos atores. As escolhas foram feitas em cima da opção do diretor de ambientar a peça no trem fantasma. A referência, como já citada no release, foi o cinema de terror das décadas de 70/80. “Não é tão comum usar a música no teatro desta maneira. Eu bebi bastante a fonte do filme Pague para Entrar, Reze para Sair, por sugestão do Farjalla. Apesar do clima de terror, o humor está tanto na caricatura de cenário, figurino, atuação dos atores, quanto na música. Então essa caricatura do terror, da tensão, do suspense, traz consigo o humor, porque fica às vezes tão bizarro, que torna a coisa engraçada”, finaliza o diretor musical Gilson Fukushima.
Prêmios
Prêmio Shell / Finalista em três categorias: Ator – Luis Miranda, Figurino – Karen Brustollin e Iluminação – César Pivetti. Os resultados serão anunciados em março de 2020. Prêmio do Humor 2020 / Finalista em duas categorias: Direção – Jorge Farjalla e Performance – Luis Miranda. Os resultados serão anunciados em março de 2020. Prêmio Guia da Folha / Finalista na categoria Melhor Estreia de Teatro 2019 / Prêmio Bibi Ferreira / Vencedor em cinco categorias: Direção – Jorge Farjalla, Atores – Mateus Solano e Luis Miranda, Cenografia – Marco Lima e Desenho de Luz – Cesar Pivetti. Finalista na categoria Melhor Espetáculo. Prêmio Aplauso Brasil / Finalista nas categorias Melhor Direção, Melhor Figurino e Melhor Ator – Mateus Solano.Prêmio Cenyn / Finalista nas categorias Melhor Cenário, Melhor Direção de Arte, Melhor Iluminação, Melhores Efeitos Sonoros, Melhor Sonoplastia, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem e Melhor Adereço.
Sobre Jorge Farjalla
Criador da Cia. Guerreiro, sua pesquisa em teatro é ligada ao universo de Antonin Artaud, Bertolt Brecht e Constantin Stanislaviski, tendo como ápice suas montagens sobre as obras míticas de Nelson Rodrigues: Álbum de Família, Anjo Negro, Senhora dos Afogados e Dorotéia. Idealizou a Escola de Teatro da sua Cia. inaugurada em 2010, no Rio de Janeiro, onde ofereceu oficinas e cursos de Teatro, Cinema e TV. Dirigiu e atuou no projeto sobre a obra de Dante Alighieri: A Divina Comédia, encenando Dante´s Inferno e Dante´s Purgatório. Dirigiu Vou Deixar o Amor Pra Outra Vida, de Rodrigo Monteiro que foi encenado em apartamentos residenciais no bairro de Copacabana.
Em 2016, dirigiu Dorotéia de Nelson Rodrigues, em comemoração aos 60 anos de carreira de Rosamaria Murtinho, com Leticia Spiller e grande elenco. No mesmo ano, dirigiu Antes do Café, de Eugene O´Niell, aclamado pela crítica como um dos espetáculos mais dramáticos do ano. Dirigiu Antônia Fontenelle no monólogo #Sincericídio.
Em 2018, dirigiu Senhora dos Afogados, de Nelson Rodrigues, com Alexia Dechamps, João Vitti, Rafael Vitti, Leticia Birkheuer e grande elenco, no Teatro Porto Seguro, em São Paulo, sendo indicado ao Prêmio Shell de Melhor Figurino com sua assinatura. Ainda no primeiro semestre, dirigiu, Vou Deixar de Ser Feliz Por Medo de Ficar Triste? de Yuri Ribeiro com Paula Burlamaqui, Vitor Thiré e grande elenco no Teatro das Artes no Rio de Janeiro, sendo indicado como Melhor Diretor ao Prêmio Botequim Cultural, foi o grande vencedor do Prêmio FITA 2018 como Melhor Diretor, Melhor Figurinista e Melhor Espetáculo.
Sobre Luis Miranda
Em 2014, Luis Miranda fez sua estreia em telenovelas, atuando como a protetora e elegante transexualDorothy Benson em Geração Brasil, depois de diversos papéis cômicos no cinema e teatro. Participou da nova versão da Escolinha do Professor Raimundo como Tião Bonitinho. De 2015 a 2018, atuou junto a Lázaro Ramos e Tais Araújo da série Mister Brau. Atualmente integra o elenco fixo do programa Zorra na TV Globo. Participou das séries Geração Brasil, Homens de Bem, Batendo Ponto, As Cariocas, A Grande Família, Ó Paí, Ó, Alice, Faça Sua História, Carandiru e Sob Nova Direção.
No cinema atuou em filmes como De Pernas Pro ar, Clilada.com, Onde Está a Felicidade, O Diário de Tati, Meu Nome não é Johnny, Bicho de Sete Cabeças e Domésticas. No Teatro, protagonizou o solo 7 Conto – A Comédia (2006 – atual) e participou das peças Terça Insana (2002-2014) e 5 X Comédia (2018).
Sobre Mateus Solano
Mateus Solano tornou-se conhecido ao interpretar na televisão o personagem Ronaldo Bôscoli na minissérie Maysa – Quando Fala o Coração (2009), os gêmeos Miguel e Jorge na novela Viver a Vida (2009), o políticoMundinho Falcão no remake de Gabriela (2012), o antagonista Félix Khoury na novela Amor à Vida (2013), Zé Bonitinho no remake da série Escolinha do Professor Raimundo (2015) e o vilão Rubião em na novelaLiberdade, Liberdade (2016). Ele também fez participações em séries como Sob Nova Direção, Faça Sua História e Casos e Acasos.
Solano ainda fez o filme Linha de Passe (2008) e atuou na série para celular Mateus, o Balconista (2008), atualmente em exibição no canal pago Woohoo. Participou, em 2011, de Morde & Assopra, de Walcyr Carrasco, como o cientista Ícaro. Fez, no mesmo ano, uma participação especial na série A Mulher Invisível. No ano seguinte, participou de um episódio de As Brasileiras. Em 2017, o ator viveu o personagem Eric da novela Pega Pega.
No teatro, iniciou sua carreia com o espetáculo O Homem que era Sábado (2003), com texto e direção de Pedro Brício. Também atuou em Tudo é Permitido (2005), Não Existem Níveis Seguros para Consumo destas Substâncias (2006), O Perfeito Cozinheiro das Almas desse Mundo (2007), Últimos Remorsos Antes do Esquecimento (2007), 2 para Viagem (2008), Lobo n º 1 – A estepe (2008), Hamlet (2009), Do Tamanho do Mundo (2013-2014) e Selfie (2014-2017).
Sobre a Amigos da Arte
A Amigos da Arte, Organização Social de Cultura responsável pela gestão dos teatros Sérgio Cardoso e de Araras, trabalha em parceria com o Governo do Estado de São Paulo e iniciativa privada desde 2004. Música, literatura, dança, teatro, circo e atividades de artes integradas fazem parte da atuação da Amigos da Arte, que tem como objetivo difundir a produção cultural por meio de festivais, programas continuados e da gestão de equipamentos culturais públicos. Em seus mais de 15 anos, a entidade desenvolveu 58 mil ações que atingem mais de 25 milhões de pessoas.
Sobre o Teatro Sérgio Cardoso
Localizado no boêmio bairro paulistano do Bixiga, o Teatro Sérgio Cardoso foi inaugurado em 13 de outubro de 1980, com uma homenagem ao ator. Na ocasião, foi encenado um espetáculo com roteiro dele próprio, intitulado “Sérgio Cardoso em Prosa e Verso”. No elenco, a ex-esposa Nydia Licia, Umberto Magnani, Emílio di Biasi e Rubens de Falco, sob a direção de Gianni Rato. A peça “Rasga Coração”, de Oduvaldo Viana Filho, protagonizada pelo ator Raul Cortez e dirigida por José Renato, cumpriu a primeira temporada do teatro. Em 2020, o TSC cumpriu 40 anos de atividades, tendo recebido temporadas importantes de todas as linguagens artísticas e em novos formatos de transmissão, se consolidando como um dos espaços cênicos mais representativos da cidade de SP.
Ficha Técnica
Texto: Charles Ludlam. . Direção, Encenação e Dramaturgia: Jorge Farjalla. Elenco: Luis Miranda, Mateus Solano, Biagio Pecorelli, Fagundes Emanuel, Gus Casabona, Thomas Marcondes. Traducão: Simone Zucato. Assistente de Direção: Raphaela Tafuri. Direção de Produção: Priscila Prade e Marco Griesi. Produção Executiva: Maristela Marino. . Direção Musical: Gilson Fukushima. Cenografia: Marco Lima. Iluminação: Cesar Pivetti. Figurinos: Karen Brustolin. Fotografia: Priscila Prade. Mídia Digital: Rodrigo Souza. Comunicação Visual: Kelson Spalato e Murilo Lima. Assessoria de Imprensa: Motisuki PR . Realização: Bricabraque Produções e Palco7 Produções.
Serviço
O Mistério de Irma Vap
Local: Teatro Sérgio Cardoso (Rua Rui Barbosa 153 – Bela Vista – SP)
Temporada: até 6 de março de 2022
Quintas, sextas e sábados, 20:30h. Domingos, 17h
Duração: 100 minutos.
Ingressos:
Quintas, Sextas, sábados, às 20h30 e domingos, às 17h – Plateia central – R$ 150,00 (inteira) e R$ 75,00 (meia). Plateia lateral – R$ 120,00 (inteira) e R$ 60,00 (meia). Balcão I – R$ 90,00 (inteira) e R$ 45,00 (meia).
***Destaque para as duas primeiras semanas de peça, do dia 27 de janeiro a 10 de fevereiro, os ingressos referentes ao valor inteiro saem pela metade do preço***
Compras pelo sitehttps://site.bileto.sympla.com.br/teatrosergiocardoso/
Teatro Sérgio Cardoso
Bilheteria – Horário de funcionamento: Terça e quarta-feira das 14h às 19h; de quinta a domingo, das 14h até o início do espetáculo. Abertura da casa: 1 hora antes de cada espetáculo.
● Não serão permitidos alimentos, câmeras fotográficas, e filmadoras no interior da sala.
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