A época de festas está iniciando. Sempre que chegam o Natal e o Ano Novo, há a expectativa de celebrações repletas de banquetes pra comemorar o fim de um ciclo e o início de outro. No entanto, para os pacientes que estão em tratamento, há a preocupação de como festejar, sem interferir nos procedimentos. Pensando nisso, a Dra. Jaqueline Corsi, nutricionista da Lótus Nefrologia, renomado grupo de clínicas de nefrologia premium especializado em hemodiafiltração (HDF), explica como os pacientes renais crônicos em tratamento podem aproveitar as festas sem prejudicar o processo que já passou. Confira a entrevista completa!
Pensando na complexidade do tratamento e nos cuidados nutricionais desse público, a mudança de rotina e alimentos típicos dessa época podem interferir no tratamento do paciente. Considerando desde a quantidade de líquido ingerida até ingredientes típicos que podem causar alterações de exames.
O grande desafio é a sequência de eventos em um curto período, em que se acumulam confraternizações, amigo-secreto, Natal, virada de ano, somados o fato de que sempre há variedade e fartura em relação às comidas. A mudança de rotina, somada às opções de alimentos e bebidas, pode ser um fator de preocupação e que cause impacto na saúde, se não houver moderação.
É recomendado organizar a alimentação como um todo, quanto à rotina para não ficar muitas horas sem comer e ao mesmo tempo não haver episódios de exagero na quantidade de ingestão de alimentos. Aqui, vale uma regrinha muito prática que é mencionada no Guia alimentar da População Brasileira: “Descascar mais e desembalar menos”. Ou seja, preferir alimentos in natura ou comer processamento e evitar os alimentos ultraprocessados que têm acréscimo de substância que impactam na saúde como um todo, por exemplo, açúcar, sódio, gordura, edulcorantes, entre outros.
Gosto da ideia de consumir receitas típicas, porque aparecem só nessa época do ano, mas vale a orientação do consumo com moderação. No meu ponto de vista, consumir os alimentos típicos dessa época não é um motivo para excluir os alimentos ditos como saudáveis, como saladas, frutas, legumes, verduras, grãos ou manter o equilíbrio entre as principais fontes de macronutrientes: carboidrato, proteína e gorduras.
Algumas trocas valem a pena. Por exemplo, optar pelas frutas in natura ao invés das frutas secas ou em calda. Evitar itens fritos e preferir assados, como a tradicional rabanada. Para o preparo de peru, chester, pernil o ideal é comprar a versão sem tempero e fazer o próprio tempero com ingredientes naturais para evitar o excesso do consumo de sódio, potássio e fósforo, facilmente encontrados nesses produtos. As famílias que não dispensam farofa acrescentada ao peru, é interessante produzi-la do que consumir uma versão pronta com sódio. Aos fãs de peixe, sugiro o consumo de peixes brancos que possuem menos teor de fósforo.
Sim, há algumas estratégias que podem amenizar o impacto da alimentação para quem convive com a insuficiência renal como:
Sim, tenho dois exemplos práticos:
Para uma pessoa saudável as bebidas alcoólicas sobrecarregam a função renal e afetam outros órgãos, o que impacta na saúde como um todo. As bebidas açucaradas (sucos industrializados e refrigerantes), podem ser substituídas por suco natural, água saborizada, chá gelado, por exemplo. Pensando a longo prazo, o açúcar em excesso pode contribuir para o surgimento da obesidade, doenças cardiovasculares, hipertensão e diabetes. E claro, a hidratação diária é fundamental nesse período, considerando a rotina das festas e o clima no verão, quando as temperaturas tendem a ficar mais elevadas.
Aos pacientes em tratamento conservador, a hidratação é fundamental. Aconselho optar por água, água de coco, porque sucos, bebidas isotônicas ou bebidas industrializadas podem contribuir com a alteração de exames. Já aos pacientes em diálise é válida a mesma orientação, seguindo a restrição hídrica prescrita para não ocorrer impacto no tratamento!
Os principais nutrientes que impactam no tratamento e exames laboratoriais dos pacientes em tratamento são:
Sempre destaco a proibição do consumo da carambola, pois ela tem uma substância tóxica chamada “camboxina” que pode se acumular no corpo e causar uma mal-estar. Além disso, o consumo de embutidos, que são fontes de sódio, potássio e fósforo, bem como o de nozes, castanhas, sementes e chocolate, por serem fontes de potássio e fósforo, devem ser consumidos com moderação, podendo, se possível, preferir a opção sem acréscimo de sal. Frutas secas, como ameixa, damasco e uvas passas também merecem uma atenção para evitar exageros, já que são utilizadas em diferentes preparações e petiscos.