A Tembici, líder em tecnologia para micromobilidade na América Latina, contratou uma linha de financiamento verde de R$29 milhões. A Tembici vai usar os recursos para expandir sua operação, já responsável por mais de 50 milhões de viagens por ano, especialmente na chegada a Brasília, que contará com 70 estações e 500 bikes e para investir em ainda mais tecnologia. Além disso, parte do projeto iFood Pedal, em parceria com a foodtech iFood, também será beneficiada por essa linha de crédito. Estruturado pelo Santander, o empréstimo verde condiciona o desconto nos juros à medida que a empresa comprova a melhora de indicadores ESG pré-definidos.
A startup quer alinhar sua governança ainda mais com a agenda ESG, somando-se às ações já existentes relacionadas, como a contribuição direta da bicicleta na redução de emissão de carbono e projetos sociais como o Doe 1 Viagem, que beneficia pessoas em situação de vulnerabilidade social da CUFA – Central Única de Favelas e outras organizações não governamentais. Além disso, está utilizando rodadas de captação de dívidas de longo prazo para financiar o crescimento do negócio, de forma estruturada e sustentável.
Para Leandro Fariello, CFO da Tembici, há diversas formas de acessar o mercado financeiro. “Estamos fazendo uma operação inovadora, ampliando o acesso das startups para o mercado de dívidas estruturadas verdes. O International Finance Corporation (IFC), braço de investimentos do Banco Mundial e acionista da Tembici, espera que o mercado de green bonds em países emergentes movimente mais de US$100 bilhões nos próximos três anos”, explica o executivo. “Emitimos uma dívida para investir na expansão do nosso negócio e a taxa de juros está vinculada à performance de indicadores ESG combinados com o banco garantidor. Entendemos que nosso equity tem muito valor e essa operação confirma nossas expectativas”, completa.
Os negócios em 2020
A Tembici anunciou um aporte série B em junho do ano passado, de U$S 47 milhões, dos quais R$ 16 milhões já foram investidos em tecnologia, com a expansão da equipe, ações de implantação de GPS na frota, melhorias no app, inserção de e-bikes no sistema e melhorias de processos internos que reduziram em 75% o custo com write off comparado com o resultado de 2019.
Em um comparativo de 2019 para 2020, a startup fechou com um saldo de mais de 30% no EBITDA, que se tornou positivo, e um crescimento de 300% em margem bruta. O resultado é fruto da combinação entre patrocínios e receita de usuários, em linha com a estratégia de crescimento da companhia.
Pautada na retomada de circulação gradual nas cidades e ganhos de eficiência operacional, a expectativa da Tembici para este ano é crescer 60% mais a receita em relação a 2020. Para 2021, a projeção da empresa é continuar investindo fortemente em tecnologias que resultem em melhorias para as cidades e novas parcerias, além de atingir mais de 60% de margem bruta e mais de 20% de margem EBITDA.
Práticas ESG
Em 2020, órgãos de saúde reforçaram o uso da bicicleta, que há tempos vem sendo fomentada como meio de transporte seguro, acessível e sustentável, já que o modal contribui para o afastamento social e por isso, é uma opção para quem precisa sair de casa.
Os projetos de compartilhamento de bicicletas proporcionam diversos benefícios, tanto para o meio ambiente quanto para a qualidade de vida da cidade e de quem pedala.
Há três meses, a startup anunciou nova funcionalidade no app: agora os usuários que pedalam as bikes compartilhadas recebem informações sobre a quantidade de CO2 economizados ao finalizarem suas viagens, além do resumo de tempo e calorias gastas. As informações ficam registradas na conta do usuário no app e suas conquistas e contribuições com o meio ambiente poderão ser compartilhadas nas redes sociais. Somente em 2020, a Tembici registrou mais de 4 mil toneladas de CO2 economizados com pedaladas, que se fossem emitidos, seria necessário o plantio de aproximadamente 30 mil árvores.
Como parte da meta ESG, a Tembici, em parceria com a Associação Transporte Ativo, organização da sociedade civil voltada para qualidade de vida através da utilização de meios de transportes à propulsão humana, criou o “Vai Longe”, programa de aceleração de projetos que vai promover e estimular o uso da bicicleta nas cidades.
A inclusão de grande parte da população na micromobilidade é fruto de uma política de preços inferior a outros modais para deslocamentos semelhantes em distância, tanto na comparação com os ônibus municipais quanto com aplicativos de transporte individual – sendo que com as bicicletas, o tempo de deslocamento chega a ser até 50% inferior a esses outros modais.