Você que gosta de tomar um bom copo de leite pela manhã ou à noite, já pensou para onde vai a caixinha que por um bom tempo guardou este valioso alimento tão consumido no mundo? Se engana quem acha que a história das embalagens longa vida termina no lixo da cozinha. Se descartadas adequadamente e destinadas à reciclagem, elas se transformam em matéria prima para fabricação de vários outros produtos. Com tantos benefícios, esta é uma boa prática para ser estimulada no Dia Nacional da Reciclagem, celebrado em 05 de junho.
“No processo de reciclagem, as embalagens longa vida, têm sua composição segregada, com isso os principais materiais dos quais são feitas (celulose, plástico e alumínio) são usados para a fabricação de muitos produtos”, explica Roberto Domingos Júnior, diretor da Copel Recicláveis, empresa parceira da Marajoara Laticínios em ações de reciclagem e sustentabilidade.
Ele explica que a celulose, que é tirada dessa embalagem durante a reciclagem, vira um novo papel. O plástico e o alumínio também são usados para a composição de vários produtos, como por exemplo, capas de livros, de cadernos e revestimentos para pisos. “Mas a destinação mais usual no Brasil tem sido para a fabricação de telhas ecológicas. Essas telhas, feitas com o plástico e o alumínio retirados das caixinhas, têm ganhado um grande espaço no mercado de materiais de construção, pois elas, além de mais baratas do que as telhas convencionais de argila, têm uma grande propriedade de isolamento térmico, por causa do alumínio, que rebate a luz solar”, explica o executivo da área ambiental.
Mas, infelizmente, uma grande parte dessas embalagens de longa vida que são consumidas no Brasil ainda acaba no lixo. Roberto estima que por ano de 8 bilhões a 10 bilhões de caixinhas longa vida sejam inseridas no mercado brasileiro. “Desse total, cerca de 40% a 60% são reciclados. Esse percentual poderia ser maior, se houvesse mais campanhas de conscientização para engajar a população a reverter essas embalagens para o mercado da reciclagem e para que não parem em lixões, aterros e no meio ambiente”, explica.
Descarte fácil
Porém, com um pouco de consciência e algumas dicas simples, essas caixinhas usadas para conservar os alimentos têm uma longa vida útil. De acordo com Roberto, o descarte adequado das embalagens longa vida pelo consumidor final é simples e não tem muito segredo. “Essencialmente é preciso esvaziar bem a caixa para não ficar resíduos de alimentos, que irão trazer um mau odor e atrair vetores contaminantes (moscas e outros insetos). Portanto, se recomenda passar um pouco de água, não precisa ser muito, para eliminar melhor esses resíduos, que ficam dentro da embalagem. Também se aconselha desmontá-las ou compactá-las para não ocupar muito espaço. Mas, o mais importante é separar essas caixinhas para que elas sejam destinadas à coleta seletiva da sua cidade”.
Já a tampinha deve ser descartada à parte. Feita de polipropileno, ela é reciclada para ser usada como matéria prima de outras tampas de embalagens ou para fazer outros produtos feitos de plásticos derivados do polipropileno como baldes, bacias ou vasos plásticos. “Em Goiânia e em várias outras cidades existem projetos que oferecem pontos de coletas para essas tampas de embalagens”, lembra Roberto.
A caixa longa vida ou cartonada é composta basicamente por celulose, plástico e alumínio, e esses elementos, quando descartados na natureza, levam décadas para serem decompostos. “Podemos estar falando de 20, 30 ou até 100 anos para que se decomponham totalmente. Daí a importância de se ter a destinação correta dessas embalagens, porque se não essas substâncias irão poluir o meio ambiente por décadas”, frisa o diretor da Copel.
Segurança
De acordo com Antônio Júnior, gerente industrial da Marajoara Laticínios, a inserção das embalagens longa vida ou cartonadas na indústria alimentícia representou um salto importante para o setor, já que com elas é possível conservar diversos tipos alimentos por vários meses, o que facilita o armazenamento e a distribuição.
No caso do leite, com o devido tratamento térmico e de esterilização feito pelo método UHT (do inglês ultra high temperature), ao ser envasado nas embalagens longa vida, ele pode durar até seis meses com a caixinha vedada, e fora de refrigeração. “A embalagem cartonada é asséptica, conta com seis camadas de proteção, evitando que qualquer contaminação externa entre no produto”, esclarece o gerente industrial da Marajoara, que gasta, em média, três milhões de embalagens longa vida por mês para envasar seus produtos.