O retinoblastoma é um tumor ocular considerado raro, ainda que seja o mais comum do tipo entre crianças. O Ministério da Saúde estima que ele represente cerca de 4% dos cânceres infantis, tendo maior incidência até os 5 anos de idade ou em lactentes, chegando a uma média de 400 casos por ano no Brasil.
Esse câncer infantil ficou mais conhecido quando os jornalistas Tiago Laifert e Daiana Garbin descobriram em 2022 que sua filha, Lua, aos 8 meses, portava a doença e iniciaram uma grande campanha de informação.
O Dia Nacional da Conscientização do Retinoblastoma, celebrado na próxima quarta-feira (18), nos lembra da importância de conhecermos detalhes sobre a doença, seu diagnóstico e tratamento.
De acordo com o oftalmologista Henrique Rocha, presidente da Sociedade Goiana de Oftalmologia (SGO), o retinoblastoma é frequentemente detectado por sinais como leucocoria, um reflexo branco na pupila que aparece em fotos com flash. “O reflexo branco é o sintoma mais notável do retinoblastoma”, comenta. Ele ressalta que é crucial que pais e responsáveis fiquem atentos a esse sinal e busquem orientação médica imediatamente.
A doença pode ser hereditária ou surgir esporadicamente. “Cerca de 25% dos casos são bilaterais e sempre têm uma base genética”, explica o médico. “Nos outros casos, onde o tumor afeta apenas um olho, 15% também têm uma origem hereditária, enquanto os restantes são esporádicos, muitas vezes com mutações que ocorrem somente na retina.”
Importância do diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce é essencial para o sucesso do tratamento. “Utilizamos uma combinação de exames, como oftalmoscopia, ultrassonografia e ressonância magnética, para confirmar a presença do tumor e avaliar sua extensão. A oftalmoscopia é especialmente importante, pois permite visualizar diretamente as características do tumor na retina”, detalha Henrique.
O tratamento do retinoblastoma depende do estágio e da gravidade da doença. “Para tumores iniciais ou menos avançados, preferimos tratamentos conservadores como fotocoagulação, crioterapia e radioterapia”, afirma o médico. “Em casos mais avançados, onde o tumor compromete significativamente a visão, pode ser necessário realizar uma enucleação, que é a remoção do olho afetado.”
Henrique também destaca a importância do Teste do Reflexo Vermelho, ou Teste do Olhinho, realizado logo após o nascimento. “Este exame simples é uma ferramenta vital para detectar problemas oculares precocemente. A detecção precoce permite iniciar o tratamento o mais rápido possível, o que é fundamental para aumentar as chances de cura”, ressalta.
Taxa de Cura
Com tratamento adequado, a taxa de cura do retinoblastoma é superior a 90%, especialmente quando a doença é identificada nos estágios iniciais. “A nossa meta é sempre preservar a visão do paciente, mas em casos avançados, o tratamento pode focar na remoção do tumor e, se necessário, do olho afetado”, diz o oftalmologista.
O acompanhamento contínuo é crucial para a detecção de possíveis recidivas. “Mesmo após o tratamento, é importante monitorar regularmente a saúde ocular da criança. O acompanhamento rigoroso ajuda a garantir que qualquer sinal de recidiva seja detectado o mais cedo possível”, destaca Henrique.